Thais Matarazzo
Desastre
de
São João
“Nunca se esquecem as lições aprendidas na dor.” Provérbio africano
A
s festas religiosas eram uma das principais diversões e atividades sociais dos paulistanos no século 19. Nos folguedos de São João é tradição o uso de fogos de artifícios. Alegria para uns e tristeza para outros. O uso de fogos sempre causou mortes por acidentes. As crianças gostavam de soltar foguetes e bombinhas, principalmente os garotos. Na noite de 20 de junho de 1855, no Largo da Sé, comemorou-se o São João animadamente. O largo ficou iluminado com lampiões e tochas. O sr. Passos Goulart, comerciante destacado, era devoto do santo. Comprava rojões, foguetes e bombinhas para serem lançados após a missa e a procissão. O seu filho Adolfo tinha nove anos e implorou ao pai para dar-lhe um foguete. Adolfo tinha como pajem o moleque Damião, seu escravo. Ele sabia do perigo dos fogos de artifício e avisou o sr. Passos sobre o caso acontecido com o negro Totonho um ano antes, perdeu uma das mãos por motivo de queimadura. O senhor não deu ouvidos e ordenou que ele cuidasse de Adolfo “com os dois olhos bem abertos”.
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