Thais Matarazzo
Por
uma paixão
Se Deus transforma em sua lei tão pura A dor das almas que o Ideal tortura Na demência feliz de pobres loucos... Súplica, Auta de Souza
F
ortunata foi ama de leite e criadeira de Felicíssimo Floriano, filho de um clã paulista abastado, filho varão de Belíssima do Espírito Santo e de Felipe Floriano. Habitavam a maior parte do ano uma ampla chácara na freguesia da Penha de França. Também possuíam um sobrado na freguesia da Sé. O garotinho cresceu entre brincadeiras e carinhos dos pais. Era mimado e caprichoso ao máximo. Tratava mal toda a gente, dizia-se superior e mais inteligente. Com Fortunata ele media as suas atitudes, ela impunha respeito. Era uma mulher dura, trazia no peito a eterna tristeza de ter o seu bebê retirado dos seus braços e ser vendido. Felicíssimo tinha o hábito de começar uma coisa e nunca terminar. A preguiça tomava conta do seu ser, sempre tinha alguém para mandar que trabalhasse para si. Fortunata chamava o amo para à realidade, ele precisava usar o “tutano”. Ele respondia que era rico e nasceu para mandar, os que tinham juízo o obedeciam, senão... chibata!
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