Thais Matarazzo
Guilhermina Funileiro Como era linda, meu Deus! Não tinha da neve a cor, Mas no moreno semblante Brilhavam raios de amor. A cativa, Luiz Gama
T
ia Lina era risonha. Antes da chegada das freiras da congregação de Chambéry para trabalharem na administração das repartições hospitalares da Irmandade da Santa Casa, em 1872, era Lina e a enfermeira Júlia Espada quem recepcionavam as crianças que eram deitadas na Roda dos Expostos, instalada em julho de 1825. Com carinho dava os primeiros cuidados, ela não teve filhos, por isso, exercia a sua maternidade com os bebês e as crianças enjeitadas. Junto com o capelão do hospital, visitava diariamente os doentes internados nas enfermarias masculina e feminina, que viviam superlotadas. A cada paciente levava uma palavra de conforto. Acostumou-se a conviver com a morte. No início era terrível olhar para os falecidos, com o tempo aprendeu a lidar com a situação e prepará-los para o enterro e a passagem para a ancestralidade. No pescoço usava um rosário de contas de lágrimas de Nossa Senhora e um colar de contas brancas, uma herança 27