hoje? De menina tímida a adolescente insegura até chegar na mulher madura e confiante, percorri muitos caminhos, sempre me inspirando em grandes mulheres, sejam estas conhecidas ou anônimas. Meu grande exemplo foi minha mãe que, para poder se casar com o homem que queria, teve de enfrentar o pai. Minha mãe sempre foi guerreira, saiu do interior da Bahia para casar e viver na capital, onde teve de enfrentar os próprios medos e criar os filhos, cuidar da casa e do marido. Além de minha mãe, escritoras como Carolina Maria de Jesus e mulheres que vivem no anonimato, mas que tiveram de superar obstáculos para sobreviver são minha fonte de inspiração. Sempre quis ser uma mulher independente, estudar e trabalhar, vencer pelos meus méritos. Por isso os estudos sempre foram a minha meta e assim me graduei em Letras, cursei mestrado e doutorado, me tornei professora e formei muitas gerações.
RITA QUEIROZ Natural de Salvador-Bahia. Ela é professora universitária, escritora, poeta. Autora de 5 livros de poemas e 1 de contos para o público adulto e 5 livros para o público infantojuvenil. Organizadora de 9 coletâneas. Participação em mais de 100 antologias/coletâneas, bem como em revistas literárias nacionais e internacionais. Ela é acadêmica nas seguintes academias: AVAL, AILB, AIML, AALIBB, AILAP, NAISLA e ACILBRAS). Rita Queiroz apresentou o livro Grimalda no 1° Salão Internacional do Livro e da Cultura de Genebra Cultive que aconteceu em maio 2021. Rita Queiroz é a grande ganhadora do prêmio Focus Brasil na categoria poesia.
ENTREVISTA PROGRAMA AS VALKYRIES RITA QUEIROZ
Fale da infância, da adolescência, da mulher esposa e mãe, da mulher artista, da sua ideologia e objetivos. Tive uma infância feliz, cercada pelo amor de meus pais, que não tinham muitos recursos financeiros, mas que nunca deixaram faltar o básico, principalmente a educação, coisa que eles não tiveram. Sempre gostei de estudar e meus pais me incentivaram a seguir. Fui casada duas vezes, mas não tive filhos. As artes estão presentes em minha vida a partir da escola. Foram as professoras do primário que me levaram pela primeira vez a um museu, o Solar do Unhão, em Salvador. Até hoje trago na memória o que vi naquele dia. Foi na escola também onde tive contato com a literatura, conhecendo escritores como Jorge Amado e Érico Veríssimo, por exemplo, além das obras clássicas da literatura brasileira assinadas por Machado de Assis e José de Alencar. Minha ideologia sempre esteve voltada para o empoderamento feminino, mesmo quando essa palavra ainda não era tão usada no nosso vocabulário. Sempre pensei nisso, desde a infância. Me incomodava muito ver mulheres que se submetiam aos homens, por qualquer motivo. Não admitia o fato de os pais proibirem as filhas de estudar. Meu objetivo é levar conhecimento, partilhar o que sei.
Você é uma guerreira? Sim. Toda mulher é uma guerreira, porque ser mulher é Você sempre foi como hoje? lutar todos os dias contra todo tipo de preconceito e abuso. Em pleno século XXI, no Brasil e em outros países, Não. Na infância e adolescência fui muito tímida. Come- ainda há um machismo que mata, que ultraja, que agride. cei a mudar quando ingressei na universidade e fui me soltando aos poucos. Depois, como professora, a timidez A vida foi fácil e sempre foi um mar de rosas? foi embora de vez. Não, a vida não foi fácil, mas tive a sorte de ter um pai Que caminhos percorreu, até chegar na mulher que é 46
Revue Cultive - Genève
com a cabeça à frente de seu tempo, mesmo sem ter es-