I Concurso Internacional Cultive 2° LUGAR Malanje - Angola- reside na Italia. Fez estudos de filosofia e teologia no Seminário de Luanda. É autor de várias publicações: As asas da esperança - Le ali della speranza; Mille giorni in Angola; L’uomo mistero; Oceano de amor - Oceano d’amore; Lui e Telma; O eu do meu eu - Il mio canto di pietra. Em 2000 venceu o prêmio Internacional de poesia Sulle orme di Ada Negri - pela associaçãp poesia La vita de Lodi Milão).
Álvaro S. F.Antonio MÃE ÁFRICA
contemplando inerte a passagem do teu próprio cadáver
Sinto no teu rosto o ruído estrondoso do serpentear de um fio gélido de lágrima órfã Mas os astros sussurram-me aos ouvidos ao ver-te tropeçar sobre os teus próprios passos oh dizendo que hão-de parturir rosas douradas mãe África para colorir os teus sorrisos oh mãe África A primavera abrirá as suas entranhas Sinto-me entalar a voz do sangue para oferecer-te um pedaço de céu oh mãe África ao ver-te calcorrear às apalpadelas Dos ventres das estrelas brotarão rios infinitos de luzes pelas sendas tortuosas de um advir balbuciante e os teus desertos converter-se-ão em oásis que ignora as letras do teu nome oh mãe África Os teus muros Vejo os chacais tirarem à sorte erguer-se-ão das cinzas ao som de uma nova canção as tuas vestes oh mãe África Os teus montes caminharão de mãos dadas rumo à felios abutres contenderem-se a última fibra da tua alma cidade verde Os teus rios abraçados festejarão juntos e os teus rugidos aprisionados e da sepultura das divisões nas gaiolas das tuas ambições desmedidas dos ódios fazem-te tremer de frio florescerá uma nova poesia oh mãe África Vejo os teus muros arrasados os teus anos amputados a tua poesia despida os teus sonhos despenados os seios das tuas rochas esvaziados Vejo-te choramingar e lamber as tuas chagas com saudades das cebolas do Egipto sentada à beira do rio seco da esperança consumado pela ferocidade dos teus ventos desavindos
Ouvir-se-ão nas estrelas os teus sorrisos Os ventos inclinar-se-ão à tua passagem e a fina flor dos teus anos será a ambição da lua E então.... os grilos exaltar-te-ão às alturas das estrelas os ventos entoar-te-ão canções ao som do tambor e os planetas cobiçar-te-ão a cor da pele oh mãe África!
Revue Cultive - Genève
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