Crianças, adolescentes, jovens e direitos fundamentais: aproximações aos dados da realidade social

Page 152

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

A convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes, muito mais do que um direito formal, é essencial para seu desenvolvimento, para a construção de sua identidade e de pertencimento. Para resguardá-la, mães, pais, famílias e/ou responsáveis precisam gozar de condições dignas de vida, já que as relações afetivas, parentais ou comunitárias são construções sociais cotidianas que demandam o atendimento das necessidades básicas dos indivíduos e demais proteções sociais inerentes à vida e às relações humanas. Tal consideração faz-se pertinente, pois, para avaliar como se dá esse direito na vida de crianças e adolescentes, é imprescindível compreender o lugar geográfico, social e racial que ocupam, que varia a depender das relações de gênero, das condições de saúde, de trabalho e de renda de seus/suas responsáveis. Embora haja muito o que se aperfeiçoar, não se pode negar os avanços construídos no controle e vigilância sobre o acolhimento institucional na cidade de São Paulo, a partir da municipalização dos serviços. Os indicadores gerais da cidade quanto ao tempo de permanência das crianças e adolescentes nos SAICAS revelam que elas não são mais “Crianças Invisíveis”, como, por exemplo, insiste aferir o Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM) e também a deputada estadual de São Paulo, Janaína Paschoal, ambos propondo, em instâncias diferentes, mudança na lei para acelerar e facilitar a adoção, sem nem ao menos se ancorarem em dados estatísticos que representem a realidade. Ao longo da pesquisa, porém, identificou-se um silenciamento sobre as histórias e trajetórias das famílias cujos filhos/as são afastados/as do seu convívio pela medida protetiva de acolhimento ou mesmo genitores/as que são destituídos/as do poder familiar, apagamento que é revelador de um contexto de negação e violação de direitos. Não há “espaço” no banco de dados para registrar quem são as famílias dessas crianças e adolescentes. Ao observar, por exemplo, os motivos de acolhimento (ver Tabela 3.3), aparecem como maior prevalência para o afastamento do convívio familiar: negligência ou maustratos; alcoolismo e/ou drogadição de mães, pais ou responsáveis; conflito familiar e situação de rua. Tais motivos elencados como determinantes do acolhimento são indicadores de todo um contexto de desproteção social que atravessa a vida de crianças, adolescentes e de suas famílias, que precisa ser desvendado. Diante desse cenário, cabe perguntar: com o que as famílias podem contar? Quem são essas famílias cujas vidas são judicializadas? Apesar dos avanços legais, observou-se com a pesquisa que a judicialização das expressões da questão social continua ocorrendo para pessoas de determinada raça, gênero, classe social e território 149


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

13min
pages 209-216

FONTES DE DADOS ESTATÍSTICOS

1min
page 208

REFERÊNCIAS

4min
pages 205-207

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

1min
page 204

5.3.4 Crianças e adolescentes trabalhando no narcotráfico

9min
pages 199-203

adolescentes

4min
pages 197-198

5.3.2 Números silenciados e o trabalho infantil

10min
pages 192-196

5.3.1.2 Inserção no Trabalho Protegido – Adolescentes com Deficiência

2min
page 191

5.2 METODOLOGIA

2min
page 186

INTEGRAL – DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS

2min
page 187

Informalidade

4min
pages 188-189

5.3.1.1 Adolescentes em programa jovem aprendiz

1min
page 190

REFERÊNCIAS

1min
page 182

4.3.12 Quantidade de museus

2min
page 176

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

4min
pages 180-181

CEUs

3min
page 177

4.3.9 Total de centros culturais, espaços culturais e casas de cultura

2min
page 174

Censo 2017

33min
page 169

Censo 2020

5min
pages 170-171

4.3.4 Total de matrículas em escolas estaduais profissionalizantes

2min
page 168

REFERÊNCIAS

4min
pages 156-158

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

8min
pages 152-155

ALIJADOS/AS DESSE DIREITO

4min
pages 150-151

4.2 METODOLOGIA

2min
page 163

FONTES DE DADOS ESTATÍSTICOS

4min
pages 159-160

3.5.4 Crianças e adolescentes adotados/as

8min
pages 147-149

4.1 INTRODUÇÃO

3min
pages 161-162

COMUNITÁRIA

11min
pages 130-134

DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS

1min
page 129

3.1 INTRODUÇÃO

3min
pages 124-125

FONTES DE DADOS ESTATÍSTICOS

6min
pages 120-123

3.2 METODOLOGIA

7min
pages 126-128

REFERÊNCIAS

3min
pages 118-119

2.3.5 A violência doméstica contra crianças e adolescentes

19min
pages 109-115

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

3min
pages 116-117

2.3.4 Crianças e adolescentes em situação de Rua

5min
pages 106-108

de medida socioeducativa em meio fechado

9min
pages 102-105

2.2 METODOLOGIA

4min
pages 91-92

DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS

2min
page 93

de medida socioeducativa em meio aberto

11min
pages 97-101

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

6min
pages 81-83

REFERÊNCIAS

4min
pages 84-86

2.1 INTRODUÇÃO

3min
pages 89-90

1.3.8 Saneamento básico

3min
page 80

1.3.7 Serviços de saúde da rede municipal

2min
page 79

1.3.6 Covid-19

6min
pages 77-78

1.3.5 Mortalidade de crianças e adolescentes por causas externas

2min
page 76

1.3.4 Óbitos infantis e fetais por causas evitáveis

2min
page 75

1.3.3 Mortalidade neonatal e baixo peso ao nascer

2min
page 74

1.2 METODOLOGIA

6min
pages 68-70

1.1 INTRODUÇÃO

3min
pages 66-67

1.3.2 Pré-natal

2min
page 73

REFERÊNCIAS

4min
pages 60-62

Presenças e Ausências

35min
pages 44-53

REALIDADE SOCIAL

26min
pages 25-33

1 INTRODUÇÃO

12min
pages 21-24

cidade de São Paulo e nos distritos delimitados

2min
page 43

PESQUISA

7min
pages 40-42

2.1 Indagações, objetivos, metodologia e recursos da pesquisa

12min
pages 34-39

PREFÁCIO

5min
pages 17-20

4 NO MEIO DO CAMINHO A PANDEMIA

4min
pages 58-59
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