Crianças, adolescentes, jovens e direitos fundamentais: aproximações aos dados da realidade social

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preconizados pelo ECA em sua integralidade, com destaque ao eixo Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade – o que será objeto de maior aproximação e análise quando da execução da etapa seguinte da pesquisa, que envolverá diálogo com sujeitos que integram o SGDCA e com sujeitos que habitam os territórios delimitados. 2.3.2 ADOLESCENTES A QUEM SE ATRIBUI AUTORIA DE ATO INFRACIONAL – EM CUMPRIMENTO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA EM MEIO ABERTO

Nos últimos anos, a discussão sobre o controle sociopenal dos/as adolescentes adquiriu visibilidade na mídia e na sociedade civil, a partir de Propostas de Emendas à Constituição (PECs)43 que, em síntese, propõem a redução da maioridade penal em determinados atos infracionais. A temática aflorou um posicionamento do senso comum, que demonstrou uma demanda social pela ampliação da punição na resolução dos conflitos. Essa exigência por um recrudescimento penal é fruto de um cenário ultraneoliberal que exacerba a lógica punitiva. Na relação capital e trabalho, deve-se considerar que a temática da criminalização de adolescentes está diretamente imbricada com as desigualdades sociais. Desigualdades estas que são frutos das relações de exploração e dominação no sistema capitalista, que podem ser ilustradas pela dificuldade de inserção no mercado de trabalho formal, pela ausência/escassez de acesso e permanência na educação de qualidade, moradia digna e serviços de saúde. No atual contexto do país, marcado pelo desmonte de políticas públicas e pelo acirramento das expressões da questão social, endurecer as leis penais significa aumentar a criminalização dos/as pobres, sobretudo da população negra, haja vista a seletividade penal e o racismo presente nas instituições. Destaca-se, também, que na dialética das relações sociais, o Estado e suas instituições apresentam um caráter contraditório, ora como garantidores de direitos, ora como violadores de direitos. No tocante aos/às adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, Silva (2005) retrata sua atuação como sendo um processo entre a “proteção” e a “punição”. Ao longo das décadas no Brasil, as legislações referentes aos/às adolescentes a quem se atribui autoria de ato infracional passaram por transformações. Como exemplo, podem-se citar os Códigos de Menores de 1927 e de 1979, os quais já eram legislações específicas dirigidas à criança e ao/à adolescente, não obstante o caráter de criminalização por motivos sociais. Destaca-se que a última PEC sobre o tema da redução da maioridade penal a ser discutida na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) foi a PEC 115/2015 em 2019, e que já havia sido aprovada pela Câmara de Deputados em 2015. Essa PEC altera a redação do art. 228 da Constituição Federal e possibilita o julgamento como adultos/as de adolescentes em casos de crimes hediondos, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte (AGÊNCIA SENADO, 2019).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

13min
pages 209-216

FONTES DE DADOS ESTATÍSTICOS

1min
page 208

REFERÊNCIAS

4min
pages 205-207

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

1min
page 204

5.3.4 Crianças e adolescentes trabalhando no narcotráfico

9min
pages 199-203

adolescentes

4min
pages 197-198

5.3.2 Números silenciados e o trabalho infantil

10min
pages 192-196

5.3.1.2 Inserção no Trabalho Protegido – Adolescentes com Deficiência

2min
page 191

5.2 METODOLOGIA

2min
page 186

INTEGRAL – DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS

2min
page 187

Informalidade

4min
pages 188-189

5.3.1.1 Adolescentes em programa jovem aprendiz

1min
page 190

REFERÊNCIAS

1min
page 182

4.3.12 Quantidade de museus

2min
page 176

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

4min
pages 180-181

CEUs

3min
page 177

4.3.9 Total de centros culturais, espaços culturais e casas de cultura

2min
page 174

Censo 2017

33min
page 169

Censo 2020

5min
pages 170-171

4.3.4 Total de matrículas em escolas estaduais profissionalizantes

2min
page 168

REFERÊNCIAS

4min
pages 156-158

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

8min
pages 152-155

ALIJADOS/AS DESSE DIREITO

4min
pages 150-151

4.2 METODOLOGIA

2min
page 163

FONTES DE DADOS ESTATÍSTICOS

4min
pages 159-160

3.5.4 Crianças e adolescentes adotados/as

8min
pages 147-149

4.1 INTRODUÇÃO

3min
pages 161-162

COMUNITÁRIA

11min
pages 130-134

DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS

1min
page 129

3.1 INTRODUÇÃO

3min
pages 124-125

FONTES DE DADOS ESTATÍSTICOS

6min
pages 120-123

3.2 METODOLOGIA

7min
pages 126-128

REFERÊNCIAS

3min
pages 118-119

2.3.5 A violência doméstica contra crianças e adolescentes

19min
pages 109-115

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

3min
pages 116-117

2.3.4 Crianças e adolescentes em situação de Rua

5min
pages 106-108

de medida socioeducativa em meio fechado

9min
pages 102-105

2.2 METODOLOGIA

4min
pages 91-92

DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS

2min
page 93

de medida socioeducativa em meio aberto

11min
pages 97-101

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

6min
pages 81-83

REFERÊNCIAS

4min
pages 84-86

2.1 INTRODUÇÃO

3min
pages 89-90

1.3.8 Saneamento básico

3min
page 80

1.3.7 Serviços de saúde da rede municipal

2min
page 79

1.3.6 Covid-19

6min
pages 77-78

1.3.5 Mortalidade de crianças e adolescentes por causas externas

2min
page 76

1.3.4 Óbitos infantis e fetais por causas evitáveis

2min
page 75

1.3.3 Mortalidade neonatal e baixo peso ao nascer

2min
page 74

1.2 METODOLOGIA

6min
pages 68-70

1.1 INTRODUÇÃO

3min
pages 66-67

1.3.2 Pré-natal

2min
page 73

REFERÊNCIAS

4min
pages 60-62

Presenças e Ausências

35min
pages 44-53

REALIDADE SOCIAL

26min
pages 25-33

1 INTRODUÇÃO

12min
pages 21-24

cidade de São Paulo e nos distritos delimitados

2min
page 43

PESQUISA

7min
pages 40-42

2.1 Indagações, objetivos, metodologia e recursos da pesquisa

12min
pages 34-39

PREFÁCIO

5min
pages 17-20

4 NO MEIO DO CAMINHO A PANDEMIA

4min
pages 58-59
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