Cavalo de miriti Valdeli Costa Alves | PA Para mais informações do autor, ver p. 155.
Muitos meninos já brincaram tirando da natureza matéria-prima fértil para aguçar a imaginação. A riqueza infinita de brinquedos que brotam dos mais inusitados e simples materiais lapidados pela imaginação não pode ser mensurada pelo sistema de avaliação convencional, mas sabemos o quanto é fundamental para a constituição simbólica e subjetiva das crianças. Quem diria que uma palmeira de miriti poderia virar cavalo? Na imaginação, nosso maior patrimônio, tudo é possível! Valdeli, ao ver um cavalo de miriti no Museu do Folclore Edison Carneiro, lembrou-se de sua infância brincando de cavalo e, ao mesmo tempo, vislumbrou uma possibilidade de usar seu talento de construtor de brinquedos para que muitas crianças possam viajar montadas no que a terra oferece. Valdeli sempre usou com criatividade o miriti, material do qual eram feitas as paredes de sua casa. Quando criança, fazia barcos e jangadas com miriti, mas seu sonho mesmo era ser DJ e ter aparelhagem de som, então usava o próprio miriti para fazer seus aparelhos e se tornar um profissional no faz de conta. Da intimidade com a matéria desde a infância, hoje Valdeli tira seu sustento. Tem uma grande demanda de trabalho criativo para transformar o talo da folha do miriti, que mede cerca de 3 metros e meio, em diferentes brinquedos. Para fazer o cavalinho, separa um pedaço do talo com cerca de 5 cm de diâmetro e outro pedaço deste mesmo talo para esculpir a cabeça, encaixada com cola branca, silicone ou cola de isopor, esta com maior aderência para o tipo de material conhecido como “isopor amazônico”.
Corremos o mundo por muitas léguas
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