Bonecas Abayomi Lena Martins (Waldilena Serra Martins) | RJ
A boneca Abayomi, que hoje é uma marca registrada, tem sua origem nas mãos de Lena Martins, maranhense que mora no Rio de Janeiro há 55 anos. Alimentada pela experiência, como artesã, das tradicionais bonecas bruxinhas de pano e de bonecas de palha de milho sem cola e sem costura, criou em 1987 um jeito particular de fazer bonecas negras de pano, sem usar linha, agulha, tampouco cola, utilizando uma técnica apurada de nós e amarrações para estruturar e dar acabamento às bonecas feitas com sobras de retalhos de panos e malhas, sem nenhuma estrutura de arame ou madeira. Logo outras mulheres se juntaram a ela, aprendendo a técnica das bonecas de retalhos superpostos, nós e amarrações e, no ano seguinte, estava constituída a Associação Abayomi. A palavra Abayomi é um nome próprio da língua Iorubá. Muitas crianças africanas quando nascem recebem este nome, que significa encontro precioso: abay = encontro e omi = precioso, também traduzido como “meu presente”, “meu momento”. A escolha intencional em fazer exclusivamente bonecas de pano negras, com acabamento estético impecável, tem a ver com o passado de militância da autora no Movimento das Mulheres Negras, que procurava na arte popular um instrumento de valorização da identidade afro-brasileira. “Fazer bonecas Abayomi é minha militância poética”, diz Lena. Suas bonecas, que variam de 2 cm a 1,50 m, representam figuras do cotidiano, personagens de circo, da mitologia, orixás, manifestações folclóricas e culturais, ganhando até verbete de enciclopédia e temática de teses de mestrado:
Mundo miniatura da realidade
22 — 23