NÚMERO 49 MARÇO E ABRIL 2023 6€
AS GESTORAS COM
A GAMA MAIS CONSISTENTE EM PORTUGAL EM 2023
DEPOIS DE VÁRIOS ANOS EM QUE A CONSISTÊNCIA NÃO FOI A CARACTERÍSTICA
MAIS MARCANTE, E DE UM DOS ANOS MAIS INCONSISTENTES - SENÃO O MAIS INCONSISTENTE - NA HISTÓRIA, MOSTRAMOS AS GESTORAS QUE SOBRESSAEM PELA POSITIVA NO RATING FUNDSPEOPLE 2023 NO NOSSO PAÍS.
ENTREVISTAS
JONATHAN DUENSING, AMUNDI
DMITRY SOLOMAKHIN, FIDELITY
NEGÓCIO
BLACKROCK VS. VANGUARD: DUAS VISÕES DO MESMO MUNDO
LEGAL
NOVO RGA: O QUE MUDA NAS
SOCIEDADES DE PEQUENA DIMENSÃO
OUT OF OFFICE DUAS OBRAS DE SALMAN RUSHDIE O SONHO DE VISITAR A ISLÂNDIA
Reforce a estabilidade da sua carteiracom infraestruturas
O DWS oferece acesso aos ativos que moldarão o nosso futuro

O crescimento populacional e a urbanização, o aumento da mobilidade, a transição energética e a segurança de abastecimento são alguns dos fatores que favorecem o investimento em infraestruturas. Além disso, os lucros são geralmente menos dependentes dos ciclos económicos e de mercado, de modo que as flutuações nos preços desse tipo de ativo costumam ser menores do que as de qualquer índice comparável.
Aproveite mais de 30 anos de experiência em estratégias de infraestruturas DWS e reduza o risco geral do seu portefólio.
Investimentos comportam riscos.
Descubra mais
EDI TO RIAL V
FANTASMAS DO PASSADO, MAS ESPERANÇA NO FUTURO
oltámos a 2008? Deus nos livre, pode dizer-se. Mas as sirenes soaram, quando a 12 de março se percebeu a fuga de depósitos que decorria no norte-americano Silicon Valley Bank. Três dias depois, o Credit Suisse dava mostras de que os problemas antigos eram fantasmas bem vivos, e tudo culminou, como sabem, na sua compra por parte do UBS. Long story short, é este o resumo do último mês. O medo adensou-se, mas não assim tanto, porque a Fed subiu taxas, mas também não assim tanto... e aqui continuamos, céticos espetadores de um filme experimental chamado Como baixar a inflação sem dar cabo da economia.
PROBLEMAS ANTIGOS
QUE ESPREITAM
E NOS LEMBRAM
O PASSADO, NÃO SÃO O FOCO DESTA
MAIS RECENTE
EDIÇÃO. OLHAMOS, SIM, PARA TEMAS CONTÍGUOS A ESTES, FOCANDO-NOS
NA COMUNIDADE FUNDSPEOPLE.
Esta segunda edição do ano de 2023 da revista FundsPeople não vos traz grandes reflexões sobre estes temas. Desculpem a sinceridade. Ou, melhor dizendo, traz reflexões muito contíguas a estes temas. Isso sim.
A propósito do que vos contarei adiante, lembrei-me o quão complexo é o tema da esperança. Jon Fosse é um escritor norueguês, que se debruça sobre esta temática, e um dos seus livros foi recentemente adaptado ao teatro, aqui em Portugal. Foi assim é o nome da peça em que José Raposo assume um monólogo pungente sobre a sua condição de idoso a definhar, sozinho, agarrado a uma cama, sem perspetivas de muito mais vida pela frente. Como seria de esperar, as memórias do que não fez assim tão bem na vida regressam, mas há um ponto transformador: continua a ter esperança. Mesmo que não seja uma esperança em si próprio, tem esperança nalguma coisa. Por isso, todas as noites continua a rezar, embora não saiba bem o motivo para o fazer.
O mundo continua de pernas para o ar, há déjà-vus constantes de 2008 que nos arrepiam a espinha, mas a esperança continua cá. Não poderia haver tema mais ligado à esperança do que o ESG. Esta é mais uma edição da revista em que este tema toma conta de algumas secções, mas com propriedade, diria. Analisamos a saída da Vanguard da Net Zero Asset Managers, olhamos para a versão atualizada do Regulamento SFDR e as suas implicações no investimento de impacto, verificamos quantos fundos artigo 8º e 9º da SFDR existem em Portugal com Rating FundsPeople, e tentamos ainda perceber como se pode pensar o investimento ESG de forma sistémica, dentro do investimento ativo e passivo. Ao fim ao cabo: melhorar o que já existe, repensar e ser crente que os processos podem ser ainda melhores do que são atualmente. Ter esperança. Ter esperança que um tema como este evoluirá, muitas e muitas vezes. Do mesmo modo, avançamos também para uma outra reflexão sobre o futuro. Como é que se prepara a banca privada para conectar com as novas gerações?
Por fim, aguçar-lhe a curiosidade para o tema que abre esta edição: as gestoras com a gama mais consistente em Portugal. São perto de 90 as gestoras que conseguem apresentar, no ano passado, fundos que demonstrem consistência. 2022 foi um ano difícil, mas seguramente que o trabalho das gestoras foi feito a pensar no futuro... e com esperança de que melhores dias viriam. No fim de contas, é como diz Jon Fosse: tenho alguma esperança/ sim/em mim é que não tenho/ sperança nenhuma/isso é certo.

IN DI CE


Pacote
TENDÊNCIAS

24
As




Investir no combate às alterações climáticas exige inteligência
As alterações climáticas constituem um dos maiores desafios que se deparam à nossa sociedade. Por esse mundo fora, porém, existem empresas dinâmicas que estão a enfrentar o desafio com abordagens inovadoras, criando oportunidades multissetoriais para investidores que queiram fazer parte da solução.
Para mais informações digitalize o nosso código QR

O seu capital poderá estar em risco.

JOÃO PRATAS
Presidente, APFIPP
Pacote Mais
Habitação: que papel para os Organismos de Investimento Imobiliário?
43
CO LABO RA DO RES
CONTRIBUTOS DO MÊS
49 I MARÇO E ABRIL 2023
46
PATRICIA FRANCO GIRALT
Diretora de Planeamento Patrimonial, Creand WM
A Banca privada perante o desafio de preparar a renovação geracional
86
INAIÁ SELISTRE E MARCELA CHACÓN
Departamento de Research & Business Intelligence, TTR Data

Ponto de ruptura no mercado de private equity?
94
LARA VIADA
Sócia, Creas
SFDR: mobilizará mais capital em direção a um impacto significativo?
98
GEMA MONTOYA

Responsável de Iberia & Latam, FNZ
Um ecossistema aberto e flexível em Wealth Management










104
MIGUEL RESENDE ELVAS
Advogado no Departamento Jurídico, CMVM
Robot-advisors: para lá das aparentes vantagens
106
RAQUEL AZEVEDO
E JOÃO DIAS LOPES
SARA ASSEICEIRO
Sócios e Associada sénior da área de Bancário e Financeiro e Mercado de Capitais, PLMJ
Novo RGA: o que muda nas sociedades gestoras de pequena dimensão
Nota de redação
• Primer Decil Consultores y Editores S.L. informa-o que os seus dados de carácter pessoal, obtidos na sua condição de subscritor da revista FundsPeople fazem parte do ficheiro 397084/2010 inscrito na Agência Espanhola de Proteção de Dados, sendo os mesmos apenas utilizados para os fins de envio desta revista e outras informações sobre produtos e/ ou atividades da entidade e/ou daquelas com as quais sejam celebrados acordos, assim como produtos e/ou atividades
de patrocinadores e/ou colaboradores da revista e/ou da entidade, incluindo-se o envio de comunicações comerciais através de meios de comunicação à distância, efetuando, de igual modo, resumos estatísticos e/ou históricos. O leitor tem reconhecidos os direitos de acesso, retificação, cancelamento e oposição dos seus dados pessoais mediante comunicação individual que deverá enviar para o seguinte endereço de correio electrónico: protecciondatos@fundspeople.com
• FundsPeople é uma revista dirigida exclusivamente a profissionais do sector financeiro e, em particular, a
LUÍS SANCHO
Responsável de Investimento, BBVA AM Portugal
Duas inesquecíveis obras de Salman Rushdie
PEDRO CARITA
Consultor de investimentos, Golden Wealth Management
O sonho de visitar a Islândia
entidades consideradas como contrapartes elegíveis ou investidores profissionais, ao abrigo da legislação aplicável. A informação sobre instituições de investimento coletivo ou outros instrumentos financeiros, constante da FundsPeople é apresentada unicamente com fins informativos e ilustrativos e nunca deve ser interpretada como uma oferta de venda ou uma recomendação de investimento. A informaçao não constitui uma descrição completa das instituições de investimento coletivo ou de outros instrumentos financeiros, mercados, ou desenvolvimentos a que se faz referência.
ALLIANZ CYBER SECURITY A CIBERSEGURANÇA É UMA

NOVA PRIORIDADE



7,8 biliões de pessoas no mundo cada vez mais conectadas. Nos últimos anos, a digitalização cresceu a uma velocidade inesperada, tornando-se uma megatendência.
Do trabalho ao tempo livre: estamos “sempre ligados”. A transformação digital facilita nossa vida, mas nos torna mais vulneráveis a possíveis ataques cibernéticos.
A forte expansão do cibercrime aumenta a demanda por proteção de organizações, empresas e indivíduos.
O Allianz Cyber Security investe em empresas ativas na defesa contra crimes cibernéticos: recuperação de desastres, treinamento de usuários finais, segurança cibernética são apenas alguns exemplos. Da ameaça à oportunidade: uma importante temática de investimento em crescimento.
Possibilidade de transferência da equipa de investimento para a Voya IM nas próximas semanas, sem alterar a composição da equipa, a filosofia de investimento ou o processo de investimento. A Allianz Global Investors e a Voya IM anunciaram a sua intenção de firmar uma parceria estratégica de longo prazo.


*Allianz Cyber Security foi classificado como um Artigo 8 sob SFDR: EU Sustainable Finance Disclosure Regulation. Informação exacta no momento da publicação. Os investidores devem ter em conta todas as características e/ou objectivos do fundo tal como descritos no seu prospecto e no KIID (regulatory.allianzgi.com). O investimento no Fundo envolve riscos. Os investimentos no Fundo e o rendimento obtido poderão oscilar para cima e para baixo, dependendo dos valores ou previsões existentes no momento do investimento e, portanto, poderá não recuperar o seu investimento na íntegra. O Allianz Cyber Security é um subfundo da Allianz Global Investors Fund SICAV, uma sociedade de investimento aberta de capital variável constituída de acordo com a legislação luxemburguesa. O valor das unidades de participação/ações, que pertencem às Categorias de Unidades de Participação/Ações do Subfundo denominadas na divisa base, poderá estar sujeito a volatilidade bastante elevada. É possível que a volatilidade de outras Categorias de Unidades de Participação/Ações seja diferente. O desempenho anterior não garante resultados futuros. Os investimentos em uma moeda diferente da do país onde reside o investidor, podem estar sujeitos a flutuações cambiais, ascendentes ou descendentes. O presente documento tem efeitos meramente informativos e não constitui uma proposta ou um convite a realizar uma oferta, a celebrar um contrato, a comprar ou vender quaisquer valores mobiliários. Os produtos ou valores mobiliários aqui descritos poderão não estar disponíveis para venda em todas as jurisdições ou para certas categorias de investidores. Esta informação tem apenas como fim a sua divulgação, de acordo com a legislação aplicável, e não está disponível para residentes e/ou cidadãos dos Estados Unidos. As oportunidades de investimento aqui descritas não têm em conta objetivos de investimento específicos, a situação financeira, o conhecimento, a experiência ou necessidades específicas de qualquer indivíduo em particular e não oferecem garantias. A sociedade gestora pode decidir pôr termo às formas previstas para a comercialização dos seus organismos de investimento coletivo, nos termos do os regulamentos de desnotificação aplicáveis. Os pontos de vista e opiniões expressas neste documento refletem o entendimento da sociedade gestora na data da publicação e estão sujeitos a alterações a qualquer momento e sem aviso prévio. Os dados facultados neste documento provêm de várias fontes e são considerados corretos e fiáveis na data da publicação. Prevalecerão os termos de qualquer oferta ou contrato subjacente que tenha sido ou venha a ser celebrado. Para obter uma cópia gratuita do prospecto, documentos de constituição, cotações diárias, informações fundamentais destinadas aos investidores e últimos relatórios financeiros anuais e semestrais, entre em contacto com a entidade gestora Allianz Global Investors GmbH no país onde o fundo está sediado (Luxemburgo), ou com a entidade emitente no endereço abaixo indicado ou em regulatory.allianzgi.com. Por favor leia atentamente estes documentos antes de investir, os quais são obrigatórios. Este material promocional foi elaborado pela Allianz Global Investors GmbH, www.allianzgi.com, uma sociedade de investimento de responsabilidade limitada, constituída na Alemanha, com sede em Bockenheimer Landstrasse 42-44, 60323 Frankfurt/M, com número de registo no tribunal local de Frankfurt/M, HRB 9340, autorizada pelo Bundesanstalt für Finanzdienstleistungsaufsicht (www.bafin.de). O resumo dos direitos dos investidores está disponível em inglês, francês, alemão, italiano e espanhol em https://regulatory.allianzgi.com/en/investors-rights. Não é permitida a duplicação, publicação ou transmissão do conteúdo deste documento, independentemente da forma de transmissão considerada. Março 2022. Admaster 2098485.


“Esta é uma comunicação promocional. Consulte o prospeto do OICVM e o documento de informações fundamentais destinadas aos investidores antes de tomar quaisquer decisões de investimento finais.”

DI RE TÓ RIO
CEO GONZALO FERNÁNDEZ gonzalof@fundspeople.com
EDITORIAL
MARGARIDA PINTO, editor Portugal margarida.pinto@fundspeople.com
NATIONAL
CATARINA VINAGRE, reporter catarina.vinagre@fundspeople.com
ANA GARCEZ , reporter ana.garcez@fundspeople.com
INTERNATIONAL
GRETA BISELLO, reporter greta.bisello@fundspeople.com
FILIPPO LUINI, reporter filippo.luini@fundspeople.com
OSCAR RODRÍGUEZ, reporter orodriguez@fundspeople.com
REGINA RIVERA, reporter regina.webb@fundspeople.com
ANALYSIS
MIGUEL RÊGO, global head of Analysis miguel.rego@fundspeople.com
DIOGO VERDE, fund analyst diogo.verde@fundspeople.com
SOLUTIONS & INNOVATION
CATARINA VINAGRE, manager Data Content Solutions catarina.vinagre@fundspeople.com
MARIA FOLQUE, head of Sustainability mfolque@fundspeople.com
LAURA REY, co-head of Learning Irey@fundspeople.com
DATA
RAQUEL ALONSO, head of Data raquel.alonso@fundspeople.com
SALES
ÍÑIGO IMBERT, head of Sales iimbert@fundspeople.com
BEATRIZ DÍEZ-BARTUREN, senior sales beatrizdiez@fundspeople.com
JORGE ROMERO, senior sales jorge@fundspeople.com
TALENT & ORGANIZATIONAL DEVELOPMENT
JAVIER BLANCO, head of Talent, Organization & Change. javier.blanco@fundspeople.com
ALICIA FRAGIO, Business & Financial Controller alicia.fragio@fundspeople.com
FINANCE, OPERATIONS & STRATEGY
SANTIAGO FRANCO, head of Finance, Operations & Strategy santiago.franco@fundspeople.com
GONZALO RIAÑO, gonzalo.riano@fundspeople.com
CONSULTANT ANTONIO SALIDO, CEO, NUVIX CONSULTING SL DESIGN
ANTONIO CAPA & RODRIGO PÉREZ, KEMBEKE ESTUDIO PHOTOGRAPHY
VITOR DUARTE
MÁXIMO GARCÍA (HEAD OF PHOTOGRAPHY) OJIPLÁTICO
TRANSLATIONS
ANA GARCEZ
CRISTINA JAOUEN, FULLY INVESTED TRANSLATION, EDITED BY por © Primer Decil Consultores y Editores S.L. Todos los derechos reservados
SUBSCRIPTIONS: fundspeople.com/pt/registo/ LEGAL DEPOSIT M-48220-2008
MADRID BRANCH
Paseo de la Castellana, 91, Planta 2. Madrid, 28046 info@fundspeople.com
LISBON BRANCH
Espaço Amoreiras . Rua D. João V, 24, 1.03, E.261250-091 Lisboa. portugal@fundspeople.com
MILAN BRANCH
Piazza Vetra, 17, 20123, Milano. italia@fundspeople.com
ADVERTISING publicidad@fundspeople.com
Período de recolha de dados: de 27/02/2023 a 28/03/2023, em fundspeople. com/pt/




EMPRESAS
PROFISSIONAIS
ESTABILIDADE ATRAVÉS DE CARTEIRAS DE OBRIGAÇÕES COM MATURIDADE FIXA
As carteiras de maturidade fixa visam gerar um rendimento regular e previsível para os investidores através de uma carteira diversificada com um vencimento definido. Combinam, assim, tanto as características de uma obrigação individual como dos fundos. A visibilidade de retorno é elevada em comparação com um fundo tradicional de obrigações aberto, mas, tal como numa obrigação, a sensibilidade do preço aos movimentos das taxas de juro cai ao longo do tempo, o que facilita a gestão do risco.



PRODUTOS
O acesso a um universo de investimento globalmente diversificado, com foco em emissões investment grade, reduz o risco de emitente. As yields das obrigações de empresas de elevada qualidade, melhoraram significativamente para níveis que não se verificavam há mais de uma década. Este facto promoveu um aumento do leque de oportunidades para os investidores, sendo que nós favorecemos o segmento mais elevado do espectro de qualidade em empresas não cíclicas com balanços robustos, dado o elevado risco de recessão.




O setor bancário vai estar provavelmente sob pressão nos próximos meses, na sequência dos acontecimentos recentes, sendo necessária mais intervenção regulatória para conter as saídas de capitais, mas as valorizações da dívida bancária sénior dos grandes bancos mostram-se cada vez mais atrativas. O risco idiossincrático ainda existe no mercado de high grade, pelo que é fundamental ser-se seletivo.




CARTEIRA DO SMART CONSENSUS EM 2023 NOVOS FUNDOS, MESMAS TENDÊNCIAS
As tendências evidentes na alocação média da nova seleção de fundos multiativos que vamos acompanhar em 2023 não fogem muito ao consenso de 2022: as obrigações voltam em força!
FUNDOS QUE COMPÕEM A CARTEIRA DE CONSENSO
CATEGORIA
BL Global Flexible EUR
BNY Mellon Global Real Return Fund (EUR)
DWS Concept Kaldemorgen
Flossbach von Storch Multiple Opportunities II
M&G (Lux) Dynamic Allocation Fund
Flexible Allocation
Flexible Allocation
Flexible Allocation
Flexible Allocation
Flexible Allocation
Acatis Value Event Fonds Moderate Allocation

Allianz Income and Growth
Goldman Sachs Global Multi-Asset Income Portfolio
Janus Henderson Balanced Fund
JPMorgan IF Global Income Fund
A carteira Smart Consensus é composta por fundos das categorias Mistos Moderados e Mistos Flexíveis que em 2023 cumpriam pelo menos um dos três critérios para ser classificado com Rating FundsPeople nos três países analisados (Portugal, Espanha e Itália). O resultado é um carteira composta por 10 fundos multiativos com o mesmo peso, cinco deles moderados e cinco flexíveis. Fonte: FundsPeople e Morningstar Direct.
Acada ano atualizamos o conjunto de 10 fundos multiativos que compõem a carteira de Smart Consensus. É um conjunto de 10 fundos de investimento cuja alocação média vamos acompanhar ao longo do ano para identificar tendências de alocação. A ideia é ilustrar as decisões que os gestores vão tomando como resposta às condições económicas e de mercado. A cada revista, um conjunto de gestores providencia o seu outlook e detalhes dos movimentos mais recentes nas carteiras. Isto permite-nos observar o quão diversa é a forma de cada um abordar o mercado e perceber a um nível mais micro os movimentos e posições que se diluem nas médias da alocação.
Como é nossa regra, é do universo de fundos com Rating FundsPeople 2023 que elegemos este cabaz de fundos. Os critérios são simples. Por um lado, estratégias flexíveis, com larga amplitude para expressar as visões de mercado. São cinco os fundos neste mix que encaixam na categoria de alocação flexível. Por outro lado, fundos com um viés para um posicionamento longo, com menos recurso a posições sintéticas. Queremos com isto que os dados dos fundos no mix mostrem uma alocação mais próxima da realidade, sem as distorções que as posições em derivados impõem no momento de interpretar as decisões de alocação do consenso. Não argumentamos que são fundos melhor ou piores, de forma alguma. Apenas argumentamos que
DISTRIBUIÇÃO POR ATIVOS
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA COMPONENTE DE AÇÕES
ALOCAÇÃO DA COMPONENTE DE OBRIGAÇÕES
OS CRITÉRIOS QUE CADA UM
DOS FUNDOS CUMPRE EM CADA PAÍS PARA SE ENCONTRAREM
DESTACADOS PODEM SER CONSULTADOS NA FERRAMENTA DE PESQUISA DE FUNDOS NO WEBSITE
DA FUNDSPEOPLE
são fundos mais legíveis através dos dados que nos estão disponíveis.
Os fundos de alocação flexível são, assim, complementados com cinco fundos de alocação moderada. Todos classificados com o Rating FundsPeople 2023, como referido, sendo que este ano nenhum acumula os três pilares do Rating. Os critérios que cada um dos fundos cumpre em cada país para se encontrarem destacados podem ser consultados na ferramenta de pesquisa de fundos no website da FundsPeople

VOLTAM AS OBRIGAÇÕES
Como a própria introdução deste artigo já desvenda, a grande tendência que fica evidente nos números é o crescimento do peso das obrigações na média das carteiras. Em sentido oposto, seguem as ações e a liquidez. Apesar de apenas quatro dos 10 fundos se repetirem face ao ano passado, este movimento não é afetado.
É bastante evidente quando falamos de obrigações soberanas, mas até em emissões corporativas começámos a ver um inverter da segunda derivada, a partir de meados do ano passado.
Na distribuição geográfica das ações em carteira, fica clara a preferência pelo mercado norte-americano, com mais de metade do peso, seguido das ações europeias. Não são tão marcados os movimentos de alocação, como vemos entre as diferentes tipologias de obrigações, mas menos emergentes e mais América do Norte são um facto ao longo dos dois anos considerados.
Como esta fotografia vai evoluir é uma incógnita. A cada mês, novas perspetivas dos gestores responsáveis por estas estratégias de investimento serão partilhados e alguma luz traremos sobre a incerteza. Se o ano passado foi um ano interessante para quem acompanha o mundo dos investimentos, 2023 promete não ficar atrás.
AÇÕES EUROPEIAS
Dizem que a necessidade aguça o engenho e, de facto, a Europa agiu com rapidez para reduzir a sua dependência do gás russo. Face a acentuados aumentos dos preços, as famílias baixaram os termóstatos para consumir menor energia e as empresas mantêm a produção queimando menos gás. Por outro lado, a sorte tem estado do lado da Europa sob a forma de um inverno suave. Para abordar os desafios de abastecimento, a Alemanha construiu os seus primeiros cinco terminais de gás natural liquefeito (GNL) e, pela primeira vez, o gás da Noruega está a fluir para a Polónia . No contexto de remissão de uma crise imediata, os preços do gás desceram, provocando uma diminuição da inflação e um aumento da confiança empresarial (duas boas notícias para as ações).
A inflação europeia foi o resultado de restrições de abastecimento relacionadas com a pandemia e exacerbada pelos efeitos da guerra na Ucrânia. Prevemos uma moderação da inflação dos preços de consumo até 3%-4% no fim do ano, o que irá favorecer a economia europeia.
DESCUBRA OS FUNDOS COM RATING
Num mercado como o nosso, com mais de 3.500 fundos registados para comercialização, o grande desafio é filtrar todo este universo para encontrar as peças que encaixam nas carteiras. Para ajudar, a FundsPeople divulga os fundos com Rating FundsPeople 2023. São 604 produtos que se destacam por um ou vários dos seguintes três critérios:
Destacados pelos Analistas. Fundos que acumulam um mínimo de cinco votos no questionário anual realizado em Portugal, Espanha e Itália, dirigido aos analistas e selecionadores de fundos, sobre os produtos que, na sua opinião, sobressaem pelas suas características únicas. Existem 24 fundos que conseguem o Rating por esta via.
Ativos nas mãos de investidores espanhóis. São os fundos mais vendidos no mercado. Incluem-se os produtos com mais de 10 milhões de euros distribuídos no mercado português. Aos produtos locais exigem-se 50 milhões de euros em ativos e também captações
líquidas a três anos superiores ou iguais a um quarto dos AuM no fecho do ano: 350 fundos alcançam esta classificação. Consistentes. A equipa de Análise da FundsPeople, desenvolveu um modelo de seleção próprio para destacar os produtos mais consistentes em cada categoria, a partir da base de dados da Morningstar Direct, com referência ao final do último ano.
São analisados os fundos registados em qualquer país da zona euro, com uma antiguidade mínima de três anos e um mínimo de 10 milhões de euros de AuM à data de referência da análise. De cada fundo é selecionada uma classe, a mais representativa segundo um conjunto de critérios. Esta classe selecionada será
comparada com os restantes fundos da sua categoria através de dois scorecards. No primeiro, são considerados critérios de rentabilidade e volatilidade acumulada a 3 e 5 anos, e no segundo, dados individuais dos últimos cinco anos civis. Em ambos os casos, a rentabilidade e a volatilidade têm um peso de 65% e 35%, respetivamente. Do modelo resultam os fundos que melhor se situam em ambos os scorecards, sendo que apenas aos fundos registados em Portugal é atribuído Rating FundsPeople. Há 294 fundos que cumprem os critérios.
Apenas quatro fundos conquistam, em simultâneo, os três pilares do Rating FundsPeople 2023. A esses fundos é atribuída menção especial de FundsPeople+.
São produtos que contam com o destaque dos analistas, sobressaem pela sua consistência ou se distinguem pelo volume de investimento de investidores portugueses.
OS FUNDOS INTERNACIONAIS BLOCKBUSTERS EM PORTUGAL
Para ser considerado um fundo blockbuster, os produtos internacionais devem alcançar os 10 milhões de euros de património distribuído no mercado português. Fonte: gestoras e diferentes entidades distribuidoras.
BGF EUROPEAN VALUE FUND
ROBECOSAM SMART ENERGY EQUITIES
T. ROWE PRICE US SMALLER COMPANIES EQ FD
WELLINGTON
T. ROWE PRICE US BLUE CHIP EQUITY FUND
ALLIANZ EUROPE EQUITY GROWTH
ALLIANZ EUROLAND EQUITY GROWTH
JPM ASIA PACIFIC EQUITY FUND
BGF WORLD HEALTHSCIENCE FUND
JANUS HENDERSON GLOBAL TECH&INNO FD
LEGG MASON RY US SMALL CAP OPP FD
T. ROWE PRICE JAPANESE EQUITY FUND
THREADNEEDLE (LUX) EUROPEAN SMALLER COM
WELLINGTON EMERGING MARKETS RESEARCH EQ
GS EMERGING MARKETS EQUITY PORTFOLIO
BGF SUSTAINABLE ENERGY FUND
JPM US SELECT EQUITY FUND
BGF EUROPEAN SPECIAL SITUATIONS FUND
ROBECO BP GLOBAL PREMIUM EQUITIES
THREADNEEDLE (LUX) AMERICAN SMALLER COM
ALLIANZ CHINA A SHARES
BGF WORLD MINING FUND
01 AÇÕES
LEGG MASON CLEARBRIDGE INFRAS VAL FD
THREADNEEDLE (LUX) UK EQUITIES
FRANKLIN TECHNOLOGY FUND
ALLIANZ GLOBAL ARTIFICIAL INTELLIGENCE
JANUS HENDERSON ABSRET FD
AB SELECT ABSOLUTE ALPHA
CANDRIAM SUSTAINABLE EQ EM MKTS
FRANKLIN US OPPORTUNITIES FUND
GOLDMAN SACHS GLOBAL CORE® EQUITY PTF
T. ROWE PRICE US EQUITY FUND
JPM GLOBAL NATURAL RESOURCES FUND
WELLINGTON GLOBAL QUALITY GROWTH FUND
BSF EUROPEAN OPPORTUNITIES EXTENSION FD
JPM EUROPE EQUITY PLUS FUND
ROBECO BP US PREMIUM EQUITIES
BGF WORLD TECHNOLOGY FUND
DWS INVEST ESG EQUITY INCOME
JPM JAPAN EQUITY FUND
JPM GLOBAL DIVIDEND FUND
BGF ASIAN GROWTH LEADERS FUND
JPM US SELECT EQUITY PLUS FUND
GS US CORE® EQUITY PORTFOLIO
BGF US BASIC VALUE FUND
JPM GLOBAL FOCUS FUND
JPM PACIFIC EQUITY FUND
JPM GLOBAL INCOME FUND
DWS CONCEPT KALDEMORGEN
NN (L) ALTERNATIVE BETA
UBS (LUX) SF YIELD SUST (EUR)
UBS (LUX) SF BALANCED SUST (EUR)
ALLIANZ INCOME AND GROWTH
BSF EUROPEAN ABSOLUTE RETURN FUND
JPM GLOBAL MACRO OPPORTUNITIES FUND
BGF GLOBAL MULTI-ASSET INCOME FUND
JANUS HENDERSON BALANCED FUND
BARCLAYS MULTIMANAGER PORTFOLIO 3
LUMYNA-MW TOPS (MARKET NEUTRAL) UCITS FD
ACATIS VALUE EVENT FONDS
ALLIANZ STRATEGY 15
BGF ESG MULTI-ASSET FUND
BSF AMERICAS DIVERSIFIED EQ ABS RET FD
NN (L) FIRST CLASS MULTI ASSET
BSF MANAGED INDEX PORTFOLIOS MODERATE
BGF CONTINENTAL EUROPEAN FLEXIBLE FUND
BGF US FLEXIBLE EQUITY FUND
BGF WORLD ENERGY FUND
JPM EMERGING MARKETS EQUITY FUND
DWS INVEST GLOBAL INFRASTRUCTURE
JPM GLOBAL HEALTHCARE FUND
THREADNEEDLE (LUX) EUROPEAN SELECT
BNP PARIBAS CLIMATE IMPACT
DWS INVEST CROCI JAPAN
DWS INVEST TOP DIVIDEND
EDRF BIG DATA
JPM AMERICA EQUITY FUND
JPM US SMALLER COMPANIES FUND
JPM US TECHNOLOGY FUND
TEMPLETON ASIAN GROWTH FUND
UBS (LUX) EQUITY FUND EURP OPP SST (EUR)
BGF US GROWTH FUND
FRANKLIN INDIA FUND
INVESCO GLOBAL CONSUMER TRENDS FUND
JPM US EQUITY ALL CAP FUND
MAN GLG JAPAN COREALPHA EQUITY
DWS INVEST ARTIFICIAL INTELLIGENCE
INVESCO JAPANESE EQUITY ADVANTAGE FUND
INVESCO PAN EUROPEAN EQUITY FUND
JANUS HENDERSON HORIZON GLBL PTY EQS FD
ROBECO NEW WORLD FINANCIAL
UBS (LUX) SF EQUITY SUST (EUR)
GS EUROPE CORE® EQUITY PORTFOLIO
BGF WORLD FINANCIALS FUND
BNP PARIBAS ENERGY TRANSITION
FUNDSMITH EQUITY FUND
LUMYNA-MW TOPS UCITS FUND
ODDO BHF AVENIR EUROPE
ROBECOSAM SUSTAINABLE WATER EQUITIES
ZURICH CARBON NEUTRAL WORLD EQUITY
AB INTERNATIONAL HEALTH CARE
ALGER AMERICAN ASSET GROWTH FUND
ALGER SMALL CAP FOCUS FUND
ABRDN EUROPEAN SUSTAINABLE EQ FD
ABRDN JAPANESE SUSTAINABLE EQ FD
ABRDN EUROPEAN SMALLER COMPANIES
AMUNDI FDS EUROPEAN EQUITY VALUE
BBVA GLOBAL BEST IDEAS
BROWN ADVISORY US EQUITY GROWTH
50 100
50 100
CAPITAL GROUP NEW PERSPECTIVE FUND (LUX)
CARMIGNAC PF LONG-SHORT EUROPEAN EQ
ELEVA ELEVA ABS RET EURP
ELEVA ELEVA EUROPEAN SEL
FIDELITY AMERICA FUND
FF-ASIA PACIFIC OPPORTUNITIES FUND
FIDELITY CHINA CONSUMER FUND
FIDELITY EUROPEAN DYNAMIC GROWTH FUND
FF- GLOBAL DIVIDEND FUND
FIDELITY GLOBAL FINANCIAL SERVICES FUND
FIDELITY GLOBAL TECHNOLOGY FUND
FIDELITY JAPAN VALUE FUND
FIDELITY SUSTAINABLE CONSUMER BRANDS
FIDELITY SUSTAINABLE GLOBAL HEALTH CARE
GAM STAR CONTINENTAL EUROPEAN EQUITY
GUINNESS SUSTAINABLE ENERGY
JUPITER EUROPEAN GROWTH
LAZARD SMALL CAPS EURO SRI
MFS MERIDIAN EUROPEAN RESEARCH FUND
MFS MERIDIAN EUROPEAN VALUE FUND
MIRAE ASSET ASIA GREAT CONSUMER EQ FD
MIROVA EURO SUSTAINABLE EQUITY FUND
MS INVF GLOBAL BRANDS FUND
MS INVF GLOBAL OPPORTUNITY FUND
MS INVF GLOBAL PROPERTY FUND
MS INVF US ADVANTAGE FUND
HARRIS ASSOCIATES GLOBAL EQUITY FUND
NORDEA 1 - GLOBAL CLIMATE AND ENVIR FD
NORDEA 1 - GLOBAL STABLE EQUITY FUND
PICTET - GLOBAL ENVIRONMENTAL OPPS
PICTET TR - ATLAS
PICTET TR - MANDARIN
PICTET-CLEAN ENERGY TRANSITION
PICTET-GLOBAL MEGATREND SELECTION
PICTET-NUTRITION
PICTET-PREMIUM BRANDS
PICTET-ROBOTICS
PICTET-SECURITY
PICTET-SMARTCITY
PICTET-WATER
TELLWORTH UK DYNAMIC ABSOLUTE RETURN
SCHRODER ISF EURO EQUITY
SCHRODER ISF GLOBAL EQUITY ALPHA
SCHRODER ISF GREATER CHINA
SCHRODER ISF US LARGE CAP
VONTOBEL MTX SUSTAINABLE EMERG MKTS LDRS
50 100
INVESCO PAN EUROPEAN HIGH INCOME FUND
BGF GLOBAL ALLOCATION FUND
JPM MULTI-MANAGER ALTERNATIVES FUND
UBS (LUX) SF GROWTH SUST (EUR)
FRANKLIN K2 ALTERNATIVE STRATEGIES FUND
ALLIANZ DYNAMIC MULTI ASSET STRAT SRI 15
ALLIANZ DYNAMIC MULTI ASSET STRAT SRI 50
BSF GLOBAL EVENT DRIVEN FUND
MAN AHL TREND ALTERNATIVE
UBS (LUX) SF YIELD SUST(USD)
JPM GLOBAL BALANCED FUND
DWS FIXED MATURITY GLB BDSDYN+ 2024 II
JPM GLOBAL MACRO FUND
ODDO BHF POLARIS MODERATE
BARCLAYS MULTIMANAGER PORTFOLIO 2
BARCLAYS MULTIMANAGER PORTFOLIO 4
ABRDN DIVERSIFIED INCOME FUND
AMUNDI FDS GLOBAL MULTI-ASSET CNSRV
BBVA DIF MULTI-ASSET DEFENSIVE EUR FUND
BBVA DIF MULTI-ASSET MODERATE EUR FUND
BNY MELLON GLOBAL REAL RETURN FD (EUR)
CAPITAL GROUP GLOBAL ALLOCATION FD (LUX)
CARMIGNAC PF PATRIMOINE EUROPE
FIDELITY GLOBAL MULTI ASSET INCOME FUND
FVS MULTIPLE OPPORTUNITIES II
GAM STAR GLOBAL RATES
JUPITER MERIAN GLOBAL EQUITY ABSOLUTERET
M&G (LUX) DYNAMIC ALLOCATION FUND
M&G (LUX) INCOME ALLOCATION FUND
M&G (LUX) OPTIMAL INCOME FD
MFS MERIDIAN GLOBAL TOTAL RETURN FUND
NORDEA 1 - ALPHA 15 MA FUND
NORDEA 1 - STABLE RETURN FUND
PICTET-MULTI ASSET GLOBAL OPPORTUNITIES
PIMCO GIS DYNAMIC MULTI-ASSET FUND
RUFFER TOTAL RETURN INTERNATIONAL Fundos com mais de 100 milhões de euros nas mãos de clientes portugueses.
OS FUNDOS INTERNACIONAIS BLOCKBUSTERS EM PORTUGAL
Para ser considerado um blockbuster, os produtos internacionais devem alcançar os 10 milhões de euros de património distribuído no mercado português. Fonte: gestoras e diferentes entidades distribuidoras.
JPM US AGGREGATE BOND FUND
BLUEBAY INVESTMENT GRADE EURO GOVT BD FD
JPM EU GOVERNMENT BOND FUND
MUZINICH ENHANCEDYIELD SHORT-TERM FUND
BLUEBAY INVESTMENT GRADE BOND FUND
NN (L) GREEN BOND
NN (L) EURO CREDIT
BGF EURO CORPORATE BOND FUND
JANUS HENDERSON HORIZON EURO CORP BD FD
BGF EMERGING MARKETS LOCAL CCY BD FD
BNP PARIBAS SUSTAINABLE ENHANCED BD 12M
BNP PARIBAS EURO GOVERNMENT BD
BGF EURO SHORT DURATION BOND FUND
T. ROWE PRICE EMERGING LOCAL MKTS BD FD
FRANKLIN EURO SHORT DURATION BOND FUND
JPM GLOBAL CORPORATE BOND FUND
NN (L) US CREDIT INVESCO EURO CORPORATE BOND FUND
LEGG MASON BW GLOBAL INCOME OPTIMISER FD
JANUS HENDERSON HORIZON EURO HY BD FD
GS EMERGING MARKETS DEBT PORTFOLIO
BGF EUROPEAN HIGH YIELD BOND FUND
FRANKLIN STRATEGIC INCOME FUND
BLACKROCK SUSTAINABLE FIXED INC STRATS
JPM US SHORT DURATION BOND FUND
CANDRIAM SUSTAINABLE BOND GLBL HI YLD
LEGG MASON WA MACRO OPPORTUNITIES BD FD
MUZINICH EUROPEYIELD FUND
BGF CHINA BOND FUND
BLUEBAY INVESTMENT GRADE EURO AGGT BD FD
WELLINGTON GLOBAL BOND FUND
BGF GLOBAL HIGH YIELD BOND FUND
JPM INCOME FUND
T. ROWE PRICE US AGGT BD
WELLINGTON EMERGING LOCAL DEBT ADV BETA
DWS INVEST SHORT DURATION INCOME
ROBECOSAM EURO SDG CREDITS
BGF EURO BOND FUND
BGF US DOLLAR BOND FUND
JPM GLOBAL GOVERNMENT BOND FUND
INVESTIR NOS MERCADOS EMERGENTES
Os mercados emergentes (ME) cada vez mais representam uma parte significativa de uma carteira de investimentos globais diversificada, mas investir num ME não está isento de risco. Os investidores devem
JPM US BOND FUND
BGF SUSTAINABLE GLOBAL BOND INCOME FUND
BGF US DOLLAR HIGH YIELD BOND FUND
ROBECO FINANCIAL INSTITUTIONS BONDS
TEMPLETON GLOBAL HIGH YIELD FUND
BLUEBAY FINANCIAL CAPITAL BOND FUND
BGF GLOBAL CORPORATE BOND FUND
EDRF BOND ALLOCATION
TEMPLETON GLOBAL TOTAL RETURN FUND
CAIXABANK GLOBAL EURO SHORT DURATION
CANDRIAM SUSTAINABLE BOND EURO CORP
FRANKLIN GULF WEALTH BOND FUND
LEGG MASON WA STRUCTURED OPPS FD
ROBECO ALL STRATEGY EURO BONDS
TEMPLETON GLOBAL BOND FUND
ABRDN EURO CORP SUST BD FD
ABRDN EURO CORPORATE BOND
ABRDN FRONTIER MARKETS BOND FD
AEGON EUROPEAN ABS FUND
AEGON STRATEGIC GLOBAL BOND FUND
AMUNDI FDS EMERGING MARKETS BOND
AMUNDI FDS PIONEER STRATEGIC INCOME
AMUNDI FDS PIONEER US BOND
AXAIMFIIS US SHORT DURATION HIGH YIELD
AXAWF EURO CREDIT SHORT DURATION
AXAWF EURO INFLATION PLUS
AXAWF GLOBAL INFLATION SHORT DUR BDS
AXAWF US HIGH YIELD BONDS
BNY MELLON EMERGING MARKETS CORP DBT FD
BNY MELLON GLOBAL CREDIT FUND
CARMIGNAC PF GLOBAL BOND
CARMIGNAC PORTFOLIO FLEXIBLE BOND
CARMIGNAC SÉCURITÉ
EURIZON BOND AGGREGATE RMB
EURIZON BOND JPY LTE
FIDELITY EURO CORPORATE BOND FUND
FIDELITY EURO SHORT TERM BOND FUND
FVS BOND OPPORTUNITIES
GAM MULTIBOND LOCAL EMERGING BOND
GAM STAR MBS TOTAL RETURN
compreender as nuances de cada região, considerar um panorama macroeconómico mais vasto e adoptar uma abordagem seletiva e com uma boa gestão do risco. Em 2022, os ME tiveram um desempenho inferior, após 10 anos de superar os mercados desenvolvidos. O risco político foi um fator claro na mente dos investidores, mas a guerra ucraniana mudou sem dúvida a forma como os investidores globais consideram a alocação de ativos. 2023 deverá ser muito diferente: a reabertura da China impulsionará o crescimento económico em todos os ME.
A China deixou a política COVID zero, e o governo garantiu pela primeira vez o acesso completo para investigar as

JUPITER DYNAMIC BOND
JUPITER STRATEGIC ABSOLUTERET BD
LA FRANÇAISE SUB DEBT
LOOMIS SAYLES SHORT TERM EM MKTS BD FD
M&G (LUX) GLB FL RT HY FD
MFS MERIDIAN EMERGING MARKETS DEBT FUND
MS INVF EURO CORPORATE BD - DUR HGD FD
MS INVF EURO CORPORATE BOND FUND
NEUBERGER BERMAN SHORT DUR EM MKT DBT FD
NORDEA 1 - EUROPEAN COVERED BOND FUND
NORDEA 1 - EUROPEAN COVERED BOND OP
NORDEA 1 - EUROPEAN FINANCIAL DEBT FUND
NORDEA 1 - EUROPEAN HIGH YIELD BOND FUND
NORDEA 1 - LOW DURATION EUR COV BND FUND
PICTET-EUR SHORT TERM HIGH YIELD
PICTET-SHORT TERM EMERGING CORPORATE BDS
PICTET-USD GOVERNMENT BONDS
PIMCO EUROPEAN SHORT-TERM OPPORTS
PIMCO GIS EURO INCOME BOND FUND
PIMCO GIS GLOBAL HIGH YIELD BOND FUND
PIMCO GIS GLOBAL INVESTMENT GRD CRDT FD
PIMCO GIS INCOME FUND
PIMCO GIS LOW AVERAGE DURATION FUND
PIMCO GIS TOTAL RETURN BOND FUND
PIMCO GIS US HIGH YIELD BOND FUND
PIMCO GIS US INVESTMENT GRADE CORP BD FD
SCHRODER GAIA CAT BOND
SCHRODER ISF EURO CREDIT CONVICTION
SCHRODER ISF EURO GOVERNMENT BOND
SCHRODER ISF EURO HIGH YIELD
SCHRODER ISF EURO SHORT TERM BOND
SCHRODER ISF GLOBAL CORPORATE BOND
SCHRODER ISF GLOBAL CREDIT INCOME
TIKEHAU SHORT DURATION FUND
UBAM GLOBAL HIGH YIELD SOLUTION
VONTOBEL EMERGING MARKETS DEBT
VONTOBEL EURO CORPORATE BOND
VONTOBEL TWENTYFOUR STRATEGIC INCOME FD
empresas chinesas. Esperamos que esta seja a única grande economia onde o crescimento económico está a acelerar em 2023.
Para os investidores que querem cumprir um objetivo de sustentabilidade, uma das preocupações é o baixo nível das normas ESG neste mercado. Mas a avaliação ESG é ainda mais importante quando se investe em ME. Após um 2022 difícil, os ME representam uma oportunidade para os investidores nos mercados de ações e de dívida através da diversificação e potencial de crescimento. Os desafios políticos e económicos não desapareceram, pelo que é necessário um foco ativo e seletivo para aumentar o retorno e reduzir o risco.
PACOTE MAIS HABITAÇÃO QUE PAPEL PARA OS ORGANISMOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO?
O Governo apresentou, em fevereiro, o pacote de medidas Mais Habitação, que procura responder aos problemas e constrangimentos que se verificam no acesso à Habitação.
Essas medidas visam o aumento dos imóveis de habitação e, sobretudo, o fomento do mercado de arrendamento habitacional, procurando, pela maior oferta de imóveis habitacionais, diminuir a pressão no preço das casas, seja na aquisição, seja no arrendamento.
Contudo, admite-se que, em termos gerais, possa ter-se verificado, numa primeira impressão, um impacto negativo na confiança dos investidores, para quem a estabilidade jurídica e fiscal é fundamental nas tomadas de decisão, sobretudo no mercado imobiliário, onde o prazo de investimento é mais longo.
É, pois, neste contexto que, do debate acalorado a que se tem assistido, parecem sobressair, essencialmente, os aspetos mais negativos da proposta:
a) Arrendamento forçado de imóveis devolutos, que diversos especialistas defendem ser inconstitucional;
b) O fim dos Vistos Gold, que ignora o papel destes investidores estrangeiros na recuperação económica do país e o que podem desempenhar no problema

FUNDOS DE OBRIGAÇÕES
FUNDOS DE AÇÕES
da habitação, por exemplo, se o investimento for direcionado para construção/ reabilitação de imóveis destinados ao arrendamento habitacional; e
c) Alterações substanciais ao Regime do Alojamento Local, ignorando o seu papel na reabilitação dos centros históricos das cidades, anteriormente degradados e com reduzidas condições de habitabilidade e, mais ainda, na revitalização do turismo, que tem sido um dos principais motores de desenvolvimento económico do país.
Ainda assim, o pacote inclui algumas medidas que poderão contribuir para os objetivos desejados:
a) Simplificação dos processos de licenciamento (a morosidade dos processos é um dos grandes obstáculos com que os promotores imobiliários se debatem, para aprovar os seus projetos);
b) Implementação de um regime fiscal mais favorável para os rendimentos prediais, que será de isenção total no caso do arrendamento acessível;
c) O regime do arrendamento para subarrendamento e a garantia do Estado de pagamento das rendas vencidas após o
termo do prazo de oposição, nos casos de resolução do contrato para fins habitacionais por mora do arrendatário.
Estas iniciativas mitigam o risco de incumprimento dos inquilinos, pelo que poderão ter um efeito positivo na disponibilização de imóveis no mercado de arrendamento habitacional.
O PAPEL DOS OII
Ainda na perspetiva daquilo que parecem ser deficiências de relevo significativo neste programa, importa salientar o foco quase exclusivo na solução pública do problema e a total irrelevância dos Organismos de Investimento Imobiliário (OII) como instrumentos válidos para ajudar na solução.
O programa Mais Habitação foca-se, quase exclusivamente, na habitação pública ou de custos controlados e no mercado de arrendamento acessível.
Compreende-se a maior preocupação do governo por estes segmentos, mas tal limitação reduz o interesse dos potenciais investidores/proprietários, dado o menor rendimento proporcionado, pelo que se deveria ponderar o alar-
gamento dos incentivos a outras formas de arrendamento habitacional.
Outro aspeto que não se compreende é a omissão de qualquer referência ao papel que os OII poderão desempenhar na resolução do problema.
É certo que os OII, embora detentores de um vasto património imobiliário (quase 14 mil milhões de euros), apenas afetam uma parte reduzida a imóveis habitacionais. E destes, a maioria destina-se à venda, pelo que só uma parcela marginal se encontra arrendada ou disponível para arrendamento.
Tal não significa que os OII e seus gestores não equacionem investir em arrendamento habitacional. Mas atendendo ao objetivo de defesa do interesse dos seus Participantes, ao maior risco percecionado neste investimento (pela proteção acrescida que é concedida aos inquilinos, em prejuízo dos senhorios), e sem um nível de retorno esperado que justifique esse risco, os gestores de OII tendem a preferir o segmento não habitacional.
Assim, os OII só poderão ter uma maior exposição ao mercado de
arrendamento habitacional e contribuir positivamente para a solução dos problemas na habitação, captando aplicações dos aforradores e direcionando-as para esse mercado, se for garantida, à partida, uma relação retorno/risco esperados que permita gerar o interesse dos investidores. Insista-se no seguinte: estes investidores podem ser em largo número, pequenos investidores que devem ter os seus direitos enquanto senhorios (indiretos) também acautelados.
AS GESTORAS EM FEVEREIRO DE 2023
de euros.
Atente-se no regime (extinto) dos FIIAH. Embora este possa ter ficado aquém do esperado/desejado, os FIIAH chegaram a deter quase 1.000 milhões de euros de imóveis habitacionais espalhados por Portugal inteiro, tendo os imóveis arrendados superado os 500 milhões de euros. Ou seja, com os incentivos adequados, os OII podem ser um instrumento efetivo para a resolução do problema.
Não só a proposta do governo ignora os OII, como ainda os prejudica face
ao investimento direto. Por exemplo, a menor tributação prevista para os rendimentos prediais não aproveita aos participantes de OII, que manterão a atual taxa de tributação (28%), mesmo em OII integralmente constituídos por imóveis habitacionais destinados ao arrendamento.
PARTE DA SOLUÇÃO?
Os OII são instrumentos de investimento coletivo, agregadores de disponibilidades de inúmeros aforradores/inves-
Nota: Amostra = 75,1% do total de activos da Gestão de Patrimónios (Em fevereiro de 2023).
tidores, submetidos a um quadro legal, regulatório e de supervisão exigente e, portanto, devem ser tidos em consideração, na colaboração que poderão prestar para a resolução do problema da habitação. Os gestores de OII, aliás, pretendem entrar neste mercado, cujas oportunidades analisam há vários anos. Mas, para serem parte da solução, são obrigados a apresentar interessantes possibilidades de retorno a quem neles confia as suas poupanças, o que não tem sido possível, na grande maioria dos casos.
Com efeito, os OII podem apresentar-se como instrumentos preferenciais para a criação de um regime de estímulos que vise especificamente a promoção da habitação e do arrendamento habitacional, como sucedeu com os FIIAH.
É importante, por isso, que as medidas propostas sejam ajustadas, de modo a contemplar as especificidades dos OII, para que estes possam, como também o desejam, desempenhar um papel ativo na resolução do problema da habitação.
ÁSIA: UMA REGIÃO PARA SE POSICIONAR COM VIÉS VALUE
Acreditamos que uma das regiões geográficas com maior potencial para investir em 2023 é a Ásia. É a sede geográfica de empresas líderes mundiais, apresenta previsões de crescimento superiores à média e as suas valorizações são atrativas se as compararmos com outras regiões.
Também consideramos que investir em toda a Ásia em vez de nos focarmos exclusivamente na China pode ser mais atrativo, uma vez que oferece diversificação à carteira. Na hora de investir é preciso ter em conta que os setores que se destacaram na última década não são os que tradicionalmente melhor enfrentam o cenário atual. Se nos últimos anos as claras vencedoras foram as empresas growth, nos próximos anos as grandes beneficiadas serão as empresas que melhor navegam num contexto de taxas de juro mais elevadas e de uma inflação persistente.
Por isso, acreditamos que a abordagem que mais oportunidades pode oferecer é um posicionamento barbell com viés value/cíclico, baseado na procura de ideias contrárias. Historicamente, esta é uma fórmula que deu alegrias aos investidores a longo prazo. Assim, a nossa principal estratégia de ações asiáticas tem até 55% da carteira em setores value/cíclicos e 35% em growth (para continuar a aproveitar o prémio de crescimento desta região sobre o mundo desenvolvido). Este posicionamento setorial, juntamente com uma gestão muito ativa por países, deunos até agora excelentes resultados.

Barómetro na Europa
por Catarina Vinagre
MERCADO EUROPEU DE FUNDOS ENTRA EM 2023 COM O PÉ DIREITO
O ano começou da melhor maneira para a indústria europeia de fundos de investimento. Com um crescimento de 336 mil milhões de euros face ao fecho de 2022, voltou a ultrapassar a barreira dos 12 biliões de euros.
Oprimeiro mês do ano começou com algum desassossego um pouco por todo o mundo. No Brasil, os apoiantes de Jair Bolsonaro invadiram os três edifícios mais importantes do poder, em protesto contra o novo presidente Lula da Silva. Os receios das possíveis consequências fizeram agitar os mercados. Na China, a abordagem COVID zero foi substituída por uma reabertura descontrolada que sobrecarregou o sistema de saúde. Também a queda dos PMI chineses e a urgência do gigante asiático em reativar a economia causaram preocupação.
Quanto aos bancos centrais, por um lado, nos EUA, os dados macroeconómicos publicados em janeiro reforçaram a tese dos mercados de que a Fed teria de ser mais acomodatícia em 2023. Isto materializou-se em fevereiro na primeira reunião de 2023 quando a Fed arrefeceu o ritmo de aumento de taxas com uma subida de apenas 25 pontos base. Por outro lado, na Europa foi mantida a rota de uma política monetária mais restritiva e o ritmo tornou-se mais agressivo com uma subida de taxas de 50 pontos base por parte do BCE.
Porém, o mercado europeu de fundos não vacilou e encontrar espaço
DISTRIBUIÇÃO DO PATRIMÓNIO NA EUROPA EM FEVEREIRO
A REABERTURA DA CHINA
DISTRIBUIÇÃO DAS CAPTAÇÕES LÍQUIDAS NA EUROPA EM JANEIRO E FEVEREIRO
*Os dados de internacional incluem os fundos domiciliados no Luxemburgo e na Irlanda. Os monetários dinâmicos incluem-se em outros.

A eliminação das políticas de COVID zero na China apanhou os mercados de surpresa, tanto em termos de velocidade de reabertura, como da dimensão das novas políticas para apoiar a recuperação. Os investidores estão a analisar o forte aumento da atividade económica, que está a ser mais rápida do que se esperava. Após a reabertura, revimos em alta as previsões de crescimento da China para 2023 e pensamos que o crescimento pode surpreender de forma positiva. Uma vez que a China representa 17% do PIB mundial, a sua recuperação económica terá implicações importantes para o crescimento mundial. O motor da reabertura da China será impulsionado em grande medida pelo consumo e não tanto pelo investimento, o que significa que este aumento se irá concentrar em setores sensíveis ao consumidor, como o turismo e os mercados retalhistas. Economias asiáticas como Hong Kong ou Tailândia serão os principais beneficiários.
Os preços das matériasprimas também irão receber apoio a curto prazo, o que irá beneficiar economias como a Malásia, Indonésia e Austrália. Nas nossas carteiras, após os recentes acontecimentos, temos uma visão mais positiva sobre a região e aumentamos o nosso posicionamento tanto em ações como em obrigações de mercados emergentes.
para crescer. A indústria começou o ano com uma subida de 336 mil milhões de euros face a dezembro de 2022, atingindo assim os 12,22 biliões de euros. Foi assim ultrapassada a barreira dos 12 biliões de euros, algo que não acontecia desde agosto do ano passado. Em fevereiro, voltou a cair, embora ligeiramente, passando a valer 12,20 biliões de euros.
SUBSCRIÇÕES
Olhando para as captações no segmento das ações, a iShares conseguiu arrebatar os dois primeiros lugares do pódio e ainda encaixar mais dois ETF no Top 10, perfazendo assim um total de 2.322 milhões de euros em captações em janeiro.
Em fevereiro, a spotlight focou-se na Storebrand AM, uma gestora sueca
SETORES
QUE MAIS
E MENOS CAPTAM NO
líder na região nórdica. Os seus fundos Storebrand Emerging Markets Plus e Storebrand Sverige Plus, que se focam em empresas com elevadas classificações de sustentabilidade, atingiram captações de 1.149 milhões de euros e 853 milhões de euros, respetivamente.
No que concerne as obrigações, a PIMCO esteve em desqtaque com o PIMCO GIS Income Fund. Em janeiro, alcançou captações que ascenderam aos 1.910 milhões de euros. Em fevereiro, atingiu os 1.799 milhões de euros. A partir desta edição, a FundsPeople passará a incluir nesta análise os setores que mais e menos captaram, de forma a entender melhor quais as preferências dos investidores.
Em janeiro, a procura dividiu-se entre as categorias Global Fixed In-
come e Global Equity Large Cap, embora a primeira tenha alcançado um volume de captações ligeiramente maior. Quanto aos setores que menos captaram no mês em análise, quer o setor de Cautious Allocation, quer o setor de Flexible Allocation registaram saídas que ultrapassaram os 1.600 milhões de euros.
Por fim, em fevereiro, a procura continuou dividida entre Global Fixed Income e Global Equity Large Cap, embora também o setor Global Emerging Markets Equity tenha despertado o interesse dos investidores. Estes três setores superaram os 7.000 milhões de euros em captações. O claro derrotado do mês foi o setor de UK Equity Large Cap que registou resgates na ordem dos 2.219 milhões de euros.
Don’t worry. Stay covered.

Dificuldades em encontrar retornos no espaço obrigacionista este ano? Procura uma solução que ofereça tranquilidade, baixo risco de default e potencial em gerar alfa?
Nordea Covered Bonds.
O seu investimento obrigacionista fora do comum.
Nordea 1 - European Covered Bond Opportunities Fund
Material publicitário destinado somente para investidores qualificados de acordo com a definição da MiFID. Os fundo mencionados fazem parte da Nordea 1, SICAV, uma sociedade de investimento de capital variável sediada em Luxemburgo (Société d’Investissement à Capital Variable), legalmente constituída conforme as leis de Luxemburgo e com a Diretiva2009/65/EC do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de Julho de 2009. Este documento é material publicitário e não divulga todas as informações pertinentes relativas aos subfundos apresentados. Qualquer decisão de investimento nos subfundos deve ser feita com base no Prospecto em vigor e no Documento de informação fundamental (KID), que estão disponíveis, juntamente com os relatórios anual corrente e semi-anual do sub-fundo, por via electrónica em inglês e na língua local do mercado onde o mencionado OICVM está autorizado para distribuição, e poder ser solicitado, sem ônus, junto a Nordea Investment Funds S.A., 562, rue de Neudorf, PO Box 782, L-2017 Luxemburgo, representantes locais, agentes de informação, ou nossos distribuidores. Nosso Agente Pagador em Portugal é BEST - Banco Electrónico de Serviço Total, S.A., devidamente constituído sob as leis de Portugal e registado na CMVM como intermediário financeiro. Os documentos mencionados estão também disponíveis em português no site www.bancobest.pt. Publicado pela Nordea Investment Funds S.A., sita em 562, rue de Neudorf, P.O. Box 782, L-2017 Luxembourg, que é autorizada pela Comission de Surveillance du Secteur Financier (CSSF). O presente documento não poderá ser reproduzido ou divulgado sem autorização prévia, tal como não poderá ser cedido a investidores privados. Este documento contém informações destinadas apenas a investidores profissionais e consultores financeiros e não se destina para divulgação pública.
AS GESTORAS COM A GAMA MAIS CONSISTENTE EM PORTUGAL EM 2023
Depois de vários anos em que a consistência não foi a característica mais marcante, e de um dos anos mais inconsistentes - senão o mais inconsistente - na história, mostramos as gestoras que sobressaem pela positiva no Rating FundsPeople 2023 no nosso país.

Vemos cada ano que passa como um ano inconsistente face aos anteriores. Por exemplo, em 2016 o Brexit seria a grande inconsistência que iria impactar os mercados. Em 2018, a inconsistência estaria em torno da relação comercial entre os Estados Unidos e a China, enquanto que em 2020 uma grande inconsistência secular teve consequências inesperadas nos mer -
cados: a pandemia de COVID-19. Contudo, todas estas inconsistências não foram tão impactantes, pela negativa, para a performance de fundos de investimento, como o cocktail de inflação, crescimento e baixo desemprego que nos trouxe ao momento atual. Muito poucas carteiras ficaram imunes e a consistência de retorno e risco, como medida pelo modelo que compõe uma das pernas do Rating FundsPeople , foi bastante afeta -
QUASE 90 GESTORAS SE DESTACAM EM PORTUGAL
POR TEREM FUNDOS
CONSISTENTES SOB A SUA ALÇADA
ENTIDADES GESTORAS COM GAMA DISPONÍVEL MAIS AMPLA (35 FUNDOS OU MAIS)
Fonte: Elaboração própria com dados da Morningstar Direct. É considerado como total de fundos o números de fundos registados no país que cumprem os critérios de histórico, dimensão e categoria para fazer parte do universo considerado no cálculo do pilar de consistência do Rating FundsPeople. As entidades gestoras são repartidas pelo número de fundos com os critérios necessários que compõe a oferta registada no país.
ENTIDADES GESTORAS COM GAMA DISPONÍVEL DE DIMENSÃO INTERMÉDIA (MAIS DO QUE 10 FUNDOS E MENOS DE 35)
Fonte: Elaboração própria com dados da Morningstar Direct. É considerado como total de fundos o números de fundos registados no país que cumprem os critérios de histórico, dimensão e categoria para fazer parte do universo considerado no cálculo do pilar de consistência do Rating FundsPeople. As entidades gestoras são repartidas pelo número de fundos com os critérios necessários que compõe a oferta registada no país.
da. Contudo, alguns ajustes que se puseram em prática em 2023 permitiram contornar parte desse impacto, como se poderá ler mais adiante.
MAIORES GESTORAS
Repartimos as entidades por dimensão da sua oferta registada no país com estes critérios. Uma gestora com uma oferta integral ou mais vasta, não deve ser avaliada pelos mesmos critérios que uma entidade mais focada, na sua oferta, e menos ainda que uma gestora boutique. Muito embora algumas entidades possam não encaixar nestas definições, é o critério mais objetivo de repartição do universo de gestoras nesta análise. E começando pelas maiores, é a M&G Investments que se destaca das demais.
A entidade gestora tem 13 dos seus 60 fundos considerados classificados com o Rating FundsPeople pela sua consistência. Além disso, é também aquela que apresenta um maior volume de ativos em produtos consistentes em relação à oferta total considerada, com 31%. Alicia García, responsável da M&G Investments para Portugal e Espanha, acredita que “o enfoque
DETALHES SOBRE A METODOLOGIA

Em 2023 a equipa de Análise da FundsPeople introduziu algumas mudanças na metodologia do pilar quantitativo do Rating FundsPeople. Se esta se mantivesse estática, muito menos fundos coincidiriam nos percentis superiores de retorno e risco. No entanto, havíamos decidido, com o alargamento da amplitude do universo considerado no cálculo para todo o universo de fundos da zona euro, que o objetivo do pilar quantitativo seria destacar 10% da oferta europeia de fundos, o que se traduz em percentagens similares no universo registado em cada país.
Posto isto, um total de 294 fundos destacam-se no universo local por serem Consistentes no Rating FundsPeople 2023, o que faz com que quase 90 gestoras se destaquem em Portugal por terem esses fundos sob a sua alçada. É nessas entidades que focamos esta análise.
Para o cálculo do ranking das entidades gestoras com a oferta mais consistente em 2023 em Portugal considerámos o número de fundos que obtêm o Rating FundsPeople 2023, por esta via, em percentagem da oferta da gestora no país que cumpre os critérios para entrar no universo de cálculo: mínimo de três anos de historial de retorno e risco, e dimensão mínima de 10 milhões de euros em ativos sob gestão a 31 de dezembro de 2022. Nunca é demais relembrar que não consideramos fundos indexados, de mercado monetário, de obrigações de ultra curto prazo, maturidade ou data objetivo.
Saiba mais sobre o cálculo da consistência no Rating FundsPeople no Insights Rating FundsPeople...
https://bit.ly/3ZmHgMS https://bit.ly/3lMd5Rp
...e consulte a oferta destas entidades com Rating FundsPeople 2023 na ferramenta de pesquisa de fundos no website da FundsPeople.


“O ENFOQUE NOS FUNDAMENTAIS POR DETRÁS DE CADA ATIVO A INCLUIR NA CARTEIRA SÃO UM CLARO DIFERENCIADOR” ALICIA GARCÍA M&G INVESTMENTS
ENTIDADES GESTORAS COM GAMA DISPONÍVEL MAIS REDUZIDA (10 FUNDOS OU MENOS)
Fonte: Elaboração própria com dados da Morningstar Direct. É considerado como total de fundos o números de fundos registados no país que cumprem os critérios de histórico, dimensão e categoria para fazer parte do universo considerado no cálculo do pilar de consistência do Rating FundsPeople. As entidades gestoras são repartidas pelo número de fundos com os critérios necessários que compõe a oferta registada no país.

nos fundamentais por detrás de cada ativo a incluir na carteira são um claro diferenciador” da oferta. Destaca também a capacidade para “manter a cabeça fria durante alguns episódios de mercado para poder discriminar entre oportunidades táticas e riscos”, uma característica importante em momentos de mercado como temos visto desde a pandemia.
DIVERSAS ESTRATÉGIAS
A entidade gestora mostra os seus bons resultados em categorias muito distintas de obrigações, desde high yield a corporativas, passando por obrigações indexadas à inflação. Em ações, destacam-se as ações globais de elevada capitalização, mas também ações do setor de infraestruturas. De notar também a presença no mix de fundos consistentes da casa, de
um fundo de ações - nas suas vertentes britânica e luxemburguesa - com o objetivo de investir em empresas que contribuem para os objetivos do Acordo de Paris.
Dois dos 13 fundos acumulam o pilar da consistência com o destaque dos analistas do sul da Europa, enquanto um fundo o acumula com o pilar blockbuster, M&G (Lux) Global Floating Rate High Yield Fund. Segundo Alicia García, em Portugal, a ampla oferta de entidade gestora encaixa bem em clientes de banca privada e gestão discricionária, aqueles que se têm revelado ser os principais clientes. Contudo, vê “cada vez mais oportunidades em clientes mais institucionais como seguradoras e fundos de pensões”.
Seguem-se à M&G, na tabela, a Janus Henderson, com 20% da sua
“TRABALHAMOS COM OS NOSSOS CLIENTES PARA PROPORCIONAR UM DESEMPENHO ÓTIMO DE INVESTIMENTO QUE SATISFAÇA OS SEUS REQUISITOS ESPECÍFICOS”
BORJA MATEO
RBC BLUEBAY AM
português, Schroders

DESTAQUE IMPORTANTE ENTRE AS ENTIDADES DE DIMENSÃO
INTERMÉDIA PARA A PORTUGUESA
GNB GESTÃO DE ATIVOS
oferta classificada como consistente, e a J.P. Morgan AM e a Columbia Threadneedle, ex aequo, com 14%.
DIMENSÃO INTERMÉDIA
Olhando para as gestoras com uma dimensão intermédia - entre 10 e 35 fundos no universo de cálculo - sobressai a RBC Bluebay. A entidade gestora, especialista em rendimento fixo, tem 10 de 27 fundos classificados com o Rating FundsPeople 2023 pela sua consistência. Isto perfaz 37% da oferta considerada. Em termos de ativos concentrados em estratégias consistentes, no entanto, não é a melhor posicionada, mas fica pelo segundo lugar. Segundo Borja Mateo, diretor de Desenvolvimento de Negócio na Península Ibérica da RBC BlueBay, a “plataforma de rendimento fixo da BlueBay incorpora o melhor do investimento alternativo e tradicional numa única plataforma, com uma equipa de especialistas de investimento com profundos recursos”. De facto, todos os fundos consistentes investem em ativos de rendimento fixo, em segmentos tão distintos como obrigações do setor financeiro, de mercados emergentes, high yield, corporativas ou soberanas. Não obstante, o profissional deixa claro que as equipas de investimento da casa fornecem o acesso, não só, a “conhecimentos especializados em rendimento fixo”, como também a “competências amplas em ações, uma
abordagem integrada de ESG, e estratégias de investimento de impacto”.
Segundo conta, a procura pelos seus fundos em Portugal é, principalmente, de cariz institucional, nomeadamente de gestores de carteiras discricionárias, fundos de fundos, e fundos de pensões. “Trabalhamos com os nossos clientes para proporcionar um desempenho ótimo de investimento que satisfaça os seus requisitos específicos”.
Descendo no ranking, destaque importante entre as entidades de dimensão intermédia para a GNB Gestão de Ativos. A entidade gestora nacional do grupo novobanco partilha com a Polar Capital o segundo lugar do ranking por número de fundos, mas lidera quando falamos de ativos concentrados em fundos consistentes.
Por fim, entre as entidades com a oferta mais reduzida, a comparação é menos informativa. Muitas das entidades que lideram fazem-no porque os poucos fundos em que se especializam e disponibilizam revelaram os seus bons resultados nos anos mais recentes. É difícil destacar algumas de entre as 30.
A consistência de resultados é, sem dúvida, um dos aspetos mais desafiantes do investimento. As condições de mercado mudam rapidamente e, principalmente, de forma imprevisível. Algumas destas gestoras, no entanto, albergam gestores e equipas de gestão que têm ultrapassado este desafio com medalha de ouro.
ALOCAÇÃO ESTRATÉGICA: UMA NOVA ORDEM?
A correlação negativa entre ações e obrigações tem permitido um efeito diversificador valorizado na construção de carteiras, mas a alocação standard 60/40 (60% em ações globais e 40% em obrigações) perdeu este efeito em 2002, 2008 e mais severamente em 2022, quando a correlação entre as duas classes se tornou positiva. Num contexto de inflação e taxas de juro altas e de crescimento baixo, será que as obrigações continuarão a amortecer situações de queda das ações?
Nesta nova ordem mundial onde os bancos centrais estão mais focados na inflação do que no crescimento, onde os governos gerem mais ativamente sua política fiscal, onde a subida dos preços pressiona o investimento em tecnologias, onde a globalização recua e a resposta às alterações climáticas tem de acelerar, o papel das obrigações na alocação estratégica não será igual. Acreditamos que as obrigações continuarão a justificar uma alocação estratégica, mas que a sua exposição real nas carteiras terá de ser gerida mais ativamente nesta nova ordem. Se a correlação com ações se mantiver positiva, as obrigações deverão ser vistas como um meio para captar rendimento mais do que para obter diversificação e é necessário incorporar outros diversificadores, nomeadamente commodities e alternativos. Se a correlação voltar a ser negativa, a diversificação continua a ser importante, mas haverá menos necessidade de a obter através de classes de ativos não impulsionadas por fatores macro.
UMA ESTRATÉGIA LONG/SHORT PARA BENEFICIAR DA DISPERSÃO NO CRÉDITO CORPORATIVO EM 2023
Gestor do Aperture Credit Opportunities Fund CIO da Aperture Investors (Generali Investments)
A Europa é o cenário ideal para as oportunidades longas dentro do segmento do crédito corporativo, dadas as expetativas na dispersão do crescimento que os complexos mercados globais apresentam na atualidade. Assim o afirma Simon Thorp, gestor do fundo Aperture Credit Opportunities Fund e CIO da Aperture Investors para o Reino Unido.
Uma aterragem suave?
Em 2022, tudo girava à volta da inflação e das subidas das taxas de juro surpreendentemente rápidas por parte dos bancos centrais que se encontravam abaixo da curva. A inflação continua a ser uma preocupação, mas em 2023 a narrativa do mercado está a orientar-se muito mais para o crescimento. Dada a tendência ascendente que temos vivido até agora, a possibilidade de uma aterragem suave em 2023 parece muito mais provável do que se esperava no segundo semestre de 2022. Se tal acontecer, explicaria a força contínua demonstrada pelas ações e pelo crédito. Mas também pode levantar questões sobre em que medida os rendimentos da dívida pública podem cair dos seus níveis atuais; daí a preocupação contínua com a inflação.
Crescimento divergente
O Aperture Credit Opportunities Fund tem fundamentalmente posições em dívida corporativa de mercados desenvolvidos; a exposição aos Estados Unidos e à Europa representam cerca de 95% da carteira.
Nos Estados Unidos, os PMI caem, mas o mercado laboral mantém-se muito ajustado e apresenta uma taxa muito baixa de pedidos de subsídio de desemprego. Os salários reais e nominais também estão a aumentar, o que sugere que a inflação irá continuar. A Reserva Federal quer evitar uma situação de estagflação ao estilo da década de 1970, pelo que os mercados esperam uma pausa na subida das taxas para meados do ano, apesar de o presidente da Reserva Federal ter avisado de que são necessários “aumento contínuos”. A nossa previsão é que a inflação continuará a acompanhar-nos durante grande parte de 2023, a níveis de 4-5%. Não acreditamos que este número seja suficientemente baixo para satisfazer a Reserva Federal, pelo que também não esperamos descidas de taxas este ano, a menos que a economia seja gravemente afetada.
A maior surpresa deste ano tem sido, provavelmente, o crescimento na Europa. O Banco Central Europeu deixou claro que está seriamente empenhado nas subidas das taxas até que a inflação volte aos 2%, algo complicado devido à força da sua economia e sindicatos. Os mercados esperavam um 2023 duro para o velho continente, mas a força do euro face a um dólar mais débil traduziu-se, até agora, num resultado positivo das ações e do crédito. A diminuição dos preços do gás provocada por um inverno suave, juntamente com a reabertura da economia chinesa, provaram ser ventos favoráveis, especialmente para as maiores empresas transformadoras europeias, cujas cadeias de abastecimento têm estado estreitamente ligadas à China desde as últimas décadas.
Riscos e oportunidades
Este cenário complexo coloca-nos num mercado onde o crédito irá prevalecer e onde haverá oportunidades para a dispersão dos spreads em diferentes áreas geográficas e setores.
Vemos valor no crédito corporativo europeu de comportamento idiossincrático, que consideramos subvalorizado e que não se juntou ao crescimento mais positivo de 2023.
Os investidores optaram por uma forte subponderação de praticamente todas as classes de ativos europeus, o que se pode tornar um impulsionador para um estreitamento favorável dos spreads. Quanto aos setores, favorecemos as companhias aéreas, que estão a beneficiar da redução dos preços da energia e da reabertura da China. Também vemos com bons olhos as ações financeiras, sobretudo os bancos, que continuam a desfrutar de grandes reservas de capital e de uma forte rentabilidade impulsionada pela subida das taxas de juro. Acreditamos que as obrigações com investment grade terão resultados superiores às de high yield, uma vez que o foco passou da inflação para o crescimento. Também prevemos uma maior dispersão entre os valores BB e B. Além da seleção de títulos de crédito individuais, temos utilizado os índices CDS para adotar posições longas no mercado europeu e vendemos a curto prazo obrigações subjacentes individuais que esperávamos que oferecessem bons retornos em relação aos índices CDS, para beneficiarmos do estreitamento dos spreads sem adquirir risco absoluto. Quanto à duração, apostamos nos Estados Unidos e, mais particularmente, em posições curtas. Consideramos que os Estados Unidos continuam firmemente ancorados no extremo final de um ciclo de crédito, com a curva das yields da dívida pública a 2 anos/10 anos imersa no seu investimento mais profundo desde a década de 1980. Em novembro de 2022, acrescentamos uma posição longa considerável em obrigações norte-americanas com investment grade, para aproveitar a sensação de que as taxas norte-americanas iriam cair no final do ano e de que a classe de ativos de investment grade tinha atingido uma situação de venda excessiva. Vendemos cerca de dois terços desta posição para garantir lucros e risco acrescentado na parte mais curta, de modo a aproveitar os retornos ainda mais elevados e um possível aumento da inclinação da curva da yield. Identificamos oportunidades nos índices de high yield norte-americanos a curto prazo, com durações de cerca de 1,8 anos e uma rentabilidade de aproximadamente 7%; um valor excelente dada a incerteza do mercado e a diversificação derivada do número de emitentes.
No que diz respeito às oportunidades curtas, vemos uma grande debilidade na dívida imobiliária subordinada, tanto na Europa como nos Estados Unidos. A história diz-nos que normalmente são necessários 12 a 18 meses para que o endurecimento da política monetária se faça notar nas economias. Na nossa opinião, os mercados de ações apresentam uma exuberância excessiva e isto acabará por repercutir no setor imobiliário. Consideramos que a dívida comercial imobiliária é a que está mais sujeita às tensões e também acrescentaríamos as empresas de capital privado, grandes beneficiárias do volume quase ilimitado de dívida barata durante a última década.
À medida que 2023 avança e os mercados se tornam mais complicados, continuaremos focados em construir uma carteira diversificada que ofereça um retorno ajustado ao risco ao longo de todo o ciclo de mercado. Entendemos que uma estratégia que combine durações longas e curtas continua a ser uma forma flexível e ágil de aceder a oportunidades de crédito líquido e de perfil muito convexo, com uma correlação mínima com a evolução dos mercados em cada momento.
Responsável de Vendas para a Península Ibérica
Contacte-nos: Almudena.MendazaSanz@generali-invest.com www.generali-investments.com

O Fundo não é um produto garantido. Os investimentos implicam riscos. É possível que não recupere a totalidade do seu investimento inicial. O investimento pode representar uma perda financeira, uma vez que não existe nenhuma garantia sobre o capital. O investimento implica riscos. O nível do indicador de risco resumido deste Fundo é de 2 numa escala de 7, o que corresponde a um risco baixo. Os principais riscos do Fundo são: Risco de taxas de juro: O subfundo pode investir em ações com uma classificação inferior ao investment grade e que apresentam um maior risco de perda do principal e de interesses do que os títulos de maior qualidade; Risco de crédito; Permutas de cobertura por incumprimento de crédito; Derivados; Risco de divisas; Risco de liquidez; Risco de exposição a curto prazo; Ações, Títulos segundo a Regra 144A e/ou Regulamento S e Risco de sustentabilidade.
Informação importante
Esta comunicação de marketing refere-se ao Aperture Investors SICAV, um fundo OICVM domiciliado no Luxemburgo conforme a Diretiva 2009/65/CE e a Parte I da Lei de 17 de dezembro de 2010 (a “Lei de 2010”) sobre organismos de investimento coletivo e sociedades de estrutura aberta de investimento de capital variável (SICAV) e ao seu Subfundo Credit Opportunities Fund, denominados conjuntamente “o Fundo”. Dirigido unicamente a investidores de Itália, França, Portugal, Áustria, Espanha e Luxemburgo, países em que o Fundo está registado para distribuição. Informação não destinada a investidores de retalho nem a cidadãos norte-americanos. A Aperture Investors UK Ltd está autorizada como sociedade gestora de investimentos no Reino Unido e está sujeita ao regulamento da Financial Conduct Authority (FCA) - 135-137 New Bond Street, London W1S 2TQ, Reino Unido – Referência da FCA britânica n.º: 846073 – LEI: 549300SYTE7FKXY57D44. A Sociedade Gestora do Fundo é a Generali Investments Luxembourg S.A., uma sociedade anónima (société anonyme) conforme a Lei luxemburguesa, com autorização como sociedade gestora de OICVM e fundos de investimento alternativos (AIFM, na sigla em inglês) no Luxemburgo, regulada pela Comissão de Supervisão do Setor Financeiro (CSSF), com código CSSF: S00000988 LEI: 222100FSOH054LBKJL62. A Generali Investments Partners S.p.A. Società di gestione del risparmio é uma empresa de gestão de ativos italiana sujeita à regulação do Banco de Itália e designada para atuar como promotora da comercialização do Fundo nos países da UE/ zona euro onde o Fundo está registado para distribuição (Via Niccolò Machiavelli 4, Trieste, 34132, Italia - C.M. n.1 5376 - LEI: 549300DDG9IDTO0X8E20). Este documento é uma publicação conjunta da Generali Investments Partners S.p.A Società di gestione del risparmio, Generali Investments Luxembourg S.A. e Aperture. Antes de tomar qualquer decisão de investimento, os investidores devem ler o Folheto Informativo e o Documento de dados fundamentais dos PRIIP (o “KID dos PRIIP”) ou o Documento de dados fundamentais para o investidor (“KIID”) do OICVM. Estes documento estão disponíveis em inglês (no caso do KID dos PRIIP e dos KIID, num idioma oficial do país de residência do investidor) e podem ser obtidos em qualquer momento e de forma gratuita em www.generali-investments.lu, onde também se pode encontrar um resumo dos direitos do investidor em inglês. O conteúdo deste documento, incluindo qualquer opinião, não constitui nenhum aconselhamento de natureza legal, fiscal ou de investimento. A Sociedade Gestora pode tomar a decisão de resolver os acordos relacionados com a comercialização do Fundo.

BLACKROCK
VS. VANGUARD
DUAS VISÕES DO MESMO MUNDO
O compromisso de incluir soluções sustentáveis na sua oferta para ajudar a reduzir a zero as emissões líquidas de gases de efeito de estufa em 2050, era o pouco que ambas as entidades tinham em comum. Com a saída da Vanguard da Net Zero Asset Managers, ambas as entidades seguem caminhos diametralmente opostos, também em matéria ESG.
Numa indústria que parece caminhar inexoravelmente para o investimento sustentável, são muito interessantes os passos atrás que estão a ser dados no setor. Aquele que mais repercussão mediática está a ter é a retirada da Vanguard da Net Zero Asset Managers (NZAM), iniciativa na qual as gestoras signatárias se comprometeram a incluir soluções sustentáveis na sua oferta para ajudar a reduzir para zero as emissões líquidas de gases de efeito de estufa em 2050.
A Vanguard é a segunda maior gestora do mundo. Segundo o ranking 2022 da consultora WTW, conta com quase 8,5 biliões de euros em ativos. Só é superada pela BlackRock, que gere 10

biliões. Ambas mantêm uma estratégia diametralmente oposta.
Com dados da Morningstar, em 2022 a Vanguard registou entradas líquidas de 11.643 milhões na Europa, situando-se como o segundo provedor de fundos cotados que mais captações registou na região. O seu grande concorrente (BlackRock) quadriplicou esse volume, 44.644 milhões de euros. No entanto, nos EUA foi a Vanguard a gestora que no ano passado ostentou a liderança no negócio de ETF, superando o seu rival numa distância em fluxos líquidos de quase 24.000 milhões. “A Vanguard tem-se saído bem na Europa, mas poderia estar muito melhor”, afirma José Zárate. Segundo o diretor associado e analista de fundos passivos da Morningstar, consegui-lo-ia se
A EVOLUÇÃO DO PESO DOS FUNDOS
a entidade fosse capaz de se adaptar às singularidades do mercado europeu, algo a que não parece estar disposta. A marcha atrás dada no âmbito da sustentabilidade exemplifica-o. “É a confirmação de que o pouco que tinha feito no ESG, fê-lo de maneira forçada, sem convicção”, assinala o especialista.
A filosofia da Vanguard é profundamente académica. Os responsáveis da entidade consideram que o mercado é tudo. Para eles, sair dessa ideia significaria realizar uma aposta de gestão ativa, o qual iria contra sua própria filosofia. O seu objetivo é oferecer o acesso ao mercado, principalmente ao cliente de retalho, que é o perfil sobre o qual a entidade tem o foco posto. E, para eles, o mercado é o índice no seu conjunto. Por essa razão, a sua gama de produto é muito reduzida.
A BlackRock, pelo contrário, tem outra visão completamente distinta. Para a gestora, o mercado é o que cliente quer que seja. Por esse motivo, a sua oferta de produto é ampla e muito capilar. Está pensada tanto para o investidor institucional, como para o de retalho, para deixar nas mãos do cliente a eleição do produto que melhor se adapte ao que realmente quer. Consequentemente, no plano do ESG, a sua estratégia pode ser dual. “O seu presidente e fundador Larry Fink pode manter um discurso em prol da sustentabilidade. Dá a sua opinião, mas a decisão final estará sempre na mão do cliente”, explica Zárate.
APOSTA ARRISCADA
Isso não quer dizer que a posição de Larry Fink suponha colocar-se de perfil. Na verdade, não está isenta de riscos: “É franca, mas fez inimigos”, opina Philip Kalus. Estes inimigos a que se refere o CEO da Accelerando Associates estão a ser feitos nos EUA, um país no qual o ESG se polarizou até níveis extremos.

Os democratas posicionaram-se a favor, enquanto que os republicanos tiveram uma posição contra, de tal modo que estes últimos pediram às gestoras que sigam o exemplo da Vanguard e se distanciem de uma iniciativa que vinculam a postulados de esquerda. Hoje, a BlackRock, tal como muitas outras grandes entidades que apostam em sustentabilidade, enfrentam uma grande pressão e também resgates em estados americanos governados pelos republicanos.
O ESG, do outro lado do Atlântico, vai a caminho de se converter num tabu. “Nas reuniões que mantemos com os nossos clientes, a sustentabi-
ENTRADAS LÍQUIDAS DAS GESTORAS DE ETF NA EUROPA
Fonte: Morningstar Direct com dados a final de 2022. Dados em milhões de euros.
ENTRADAS LÍQUIDAS DAS GESTORAS DE ETF NOS EUA
Fonte: Morningstar Direct com dados a final de 2022. Dados em milhões de euros.
“LARRY FINK [PRESIDENTE DA BLACKROCK] PODE MANTER
UM DISCURSO EM PROL DA SUSTENTABILIDADE. DÁ A SUA
OPINIÃO, MAS A DECISÃO
FINAL ESTARÁ SEMPRE NA
MÃO DO CLIENTE”
JOSÉ GARCIA ZÁRATE
MORNINGSTAR
A EVOLUÇÃO DO PESO DOS FUNDOS SUSTENTÁVEIS NOS EUA
e notas: Morningstar. Ativos em milhões de euros. Fundos sustentáveis por prospeto.
TENDÊNCIAS NEGÓCIO
lidade é um tema no qual não se toca, salvo se o cliente o desejar. Fazê-lo seria contraproducente. Dependendo de com quem se esteja sentado, corre-se o risco de que o cliente se levante da mesa”, reconhecia à FundsPeople a responsável de uma grande entidade americana.
Mas as coisas também podem ser vistas pelo prisma inverso. Segundo Hortense Bioy, diretora global de Análise e Sustentabilidade da Morningstar, “tão fácil como tem sido para os estados republicanos boicotar as gestoras pelo seu compromisso com as emissões zero, também poderá ser para alguns investidores retirar os ativos daquelas entidades que renunciem ao seu compromisso nesta matéria”.
A DIFERENÇA EUROPEIA
Isto é algo que poderá deixar de se sentir, especialmente na Europa. A idiossincrasia do mercado europeu é muito distinta da do americano. Segundo dados da Morningstar, no Velho Continente 20% dos ativos em fundos estão em produtos ESG. É uma percentagem que tem vindo a aumentar com o passar dos anos. Nos EUA, por outro lado, essa quota não cresce. Está estancada em 1%. É um dado que mostra claramente que o grau de penetração (e interesse) pelo investimento sustentável não é o mesmo de um e de outro lado do Atlântico.
Na Europa, o negócio é gerado principalmente pelos grandes fundos de pensões e seguradoras, que aplicam
um filtro ESG cada vez mais exaustivo. “A Vanguard considera que o que vale para os EUA, vale para o resto do mundo. Têm uma política de rotação interna pela qual os altos cargos são enviados a partir dos EUA e se instalam em Londres durante um tempo, geralmente brevemente, para logo voltarem aos EUA, sem que por fim exista uma estratégia bem definida para abordar o negócio europeu”, aponta Zárate.
Agora, a grande pergunta é se a Vanguard perderá património na Europa devido à sua decisão. Philip Kalus está convencido de que a gestora vai ter muitas dificuldades para continuar a ganhar ativos de investidores europeus, particularmente clientes institucionais. “A pressão virá primeiro por parte dos fundos de pensões. Também por parte de algumas contas de muito elevado património, sem subestimar a potencial oposição que se poderá encontrar por parte das grandes redes”, augura. A favor, segundo Kalus, está que a Vanguard nunca se vendeu nem foi percecionada por parte dos seus clientes como uma entidade especialista em sustentabilidade.

Veremos o que acontece nos anos vindouros, mas o que parece claro é que, dado a sua relevância e grande tamanho, a decisão da entidade de sair da NZAM vai oferecer oportunidades a outras gestoras, em particular as especialistas europeias em ESG e impacto sem negócio nos EUA. “Espero uma redistribuição séria dos fluxos para fundos este ano”, vaticina Kalus.
OPORTUNIDADES NA EUROPA COM ÊNFASE SUSTENTÁVEL
Parece que o panorama económico na Europa não é tão desencorajador como o mercado esperava há uns meses. Apesar da incerteza e de ainda existirem riscos em cima da mesa, os investidores estão a regressar às ações após as vendas massivas em 2022.
No entanto, ainda é cedo para fazer fortes apostas neste contexto. Acreditamos, por isso, que é importante ter uma carteira core equilibrada que aproveite as atrativas valorizações a médio prazo, olhando para empresas com crescimento consistente em termos de margens e vendas. Neste cenário, a AXA IM dispõe do fundo AXA WF Framlington Sustainable Europe, um produto todo-o-terreno centrado em empresas de grande capitalização, com crescimento de qualidade e que empregam uma abordagem sustentável(*), com um foco especifico nas alterações climáticas, certificado pelo selo francês (label ISR) de investimento responsável (é Artigo 8º SFDR), e com uma carteira concentrada que consegue alfa, num quadro de monitorização de risco, de forma consistente desde o seu lançamento.
ZERO, TAMBÉM PODERÁ SER PARA ALGUNS
INVESTIDORES RETIRAR OS ATIVOS DAQUELAS
ENTIDADES QUE RENUNCIEM AO SEU COMPROMISSO”
HORTENSE BIOY MORNINGSTAR
* Os dados ESG baseiam-se em metodologias ESG fundamentadas em dados terceiros e, em ocasiões, desenvolvidas internamente. São subjetivos e podem variar. A ausência de definições harmonizadas pode fazer com que os critérios ESG sejam heterogéneos. As estratégias que integram critérios ESG e aquelas que integram critérios de desenvolvimento sustentável podem utilizar dados ESG que parecem semelhantes, mas o seu método de cálculo pode ser diferente.

“TÃO FÁCIL COMO TEM SIDO PARA OS ESTADOS REPUBLICANOS BOICOTAR AS GESTORAS
PELO SEU COMPROMISSO COM AS EMISSÕES
CPR Invest - Hydrogen, uma oportunidade para criar valor investindo em todo o ecossistema do hidrogénio:
um mercado inovador com grande potencial;
Estima-se que irá cobrir cerca de 17% de todas as necessidades energéticas até 2050**;
Poderá ajudar a reduzir as emissões globais de gases com efeito de estufa. amundi.pt
*Fonte: IPE “Top 500 Asset Managers” publicado em Junho 2022 com dados de Dezembro de 2021.
**ETC (Energy Transition Commission), “Making the Hydrogen Economy Possible”, Abril 2021.


































INFORMAÇÃO IMPORTANTE
Comunicação publicitária aos investidores profi ssionais. Documento promocional não dirigido aos cidadãos ou residentes dos Estados Unidos da América ou a qualquer «pessoa dos EUA», tal como definido na “US Securities Act de 1933”. A compra de participações deve basear-se nos últimos Prospectos, KIID, estatutos, relatórios anuais e semestrais arquivados junto da CMVM. Consulte gratuitamente a documentação legal em Amundi Iberia SGIIC, SAU, ou em www.amundi.com. Antes de subscrever, certifique-se de que é permitido pelos regulamentos em vigor e verifique as suas implicações financeiras. Deve considerar se os riscos associados são apropriados para potenciais investidores, que devem compreender o conteúdo do documento. O investimento envolve riscos; os acionistas podem perder a totalidade ou parte do capital inicialmente investido. Nem o capital nem os retornos são garantidos; e o desempenho passado não é uma garantia nem indicativo de resultados futuros. Consulte o seu conselheiro financeiro. Este é um documento simplificado, não contratual, promocional. Não constitui uma recomendação, solicitação, oferta ou conselho de investimento. CPR Invest – Hydrogen é um subfundo da CPR Invest SICAV, gerido pela CPR Asset Management, uma empresa do Grupo Amundi. A CPR Asset Management é autorizada em França e regulamentada pela entidade reguladora francesa Autorité des Marchés Financiers (AMF). Subfundo autorizado no Luxemburgo e supervisionado pela Commission de Surveillance du Secteur Financier (CSSF). Em Portugal , a CPR Invest UCI estrangeira está registada na CMVM. Março de 2023. |

Hidrógenio Um grande passo para os seus investimentos e para a transição energética.
SÃO 69% OS FUNDOS COM RATING FUNDSPEOPLE 2023 EM PORTUGAL QUE SE CLASSIFICAM COMO ARTIGO
A entrada em vigor da regulamentação SFDR nível II veio destacar a dificuldade em classificar fundos sustentáveis.
8º OU 9º A
o todo, 603 fundos de investimento obtiveram Rating FundsPeople 2023 em Portugal. Destes, 418, ou 69%, estão classificados como artigo 8º ou 9º, ao abrigo do SFDR, o Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis, cujo nível I entrou em vigor em março de 2021, enquanto o nível II entrou em vigor em 2023.
Destes 418 produtos, 389 enquadram-se no artigo 8º e apenas 29, ou 4,81% da amostra, no artigo 9º. As en-
tidades gestoras com mais fundos de investimento artigo 8º a obter Rating FundsPeople 2023 são a J.P. Morgan AM (33), a Fidelity International (19), a BlackRock (18), a Schroders (14), a RBC Bluebay e a DWS, com 11. Em termos de artigo 9º, a Candriam lidera o grupo de empresas com mais fundos com Rating FundsPeople, com cinco, seguido pela Pictet AM com quatro e a BNP Paribas AM, Natixis IM, NN IP, Wellington Management e Robeco com dois cada.
Dos quatro fundos que receberam a classificação FundsPeople+ em Portugal este ano, três enquadram-se no Artigo 8º ou 9º. Esta classificação da FundsPeople distingue os fundos que cumprem simultaneamente os três critérios da classificação: serem destacados pelos selecionadores e analistas de fundos, terem atingido um certo volume de distribuição e serem consistentes em termos de retorno e risco.
Destes três produtos, dois (Nordea 1 - European Covered Bond Opportu-


nities Fund e Amundi Funds - Global Multi-Asset Conservative) são classificados como artigo 8º e apenas um, o Nordea 1 Global Climate and Environment Fund, como artigo 9º.
Em termos de gestão nacional, as entidades gestoras com mais fundos que promovem ou têm um objetivo de sustentabilidade e que obtiveram o Rating FundsPeople são a Caixa Gestão de Ativos, com oito, seguida da IM Gestão de Ativos, com seis fundos, e da Santander Asset Management, com cinco.
MENOS SUSTENTÁVEL?
Se esta análise tivesse sido feita em 2022, talvez os resultados tivessem apresentado uma maior proporção de estratégias artigo 9º, mas com a SFDR nível II, os requisitos para um fundo de investimento alcançar esta classificação são muito mais numerosos e rigorosos.
Para Clemence Humeau, diretor da Coordenação de Sustentabilidade e Governance da AXA IM, a razão pela qual a classificação de muitos veículos artigo 9º foi corrigida para artigo 8º tem que ver “com a introdução do SFDR Nível II em janeiro de 2023, pois as carteiras artigo 9º devem agora investir exclusivamente em ativos que se qualificam como investimentos sustentáveis, com a única exceção da liquidez e ativos utilizados para coberturas”.
O problema, segundo Clemence Humeau, é que “a noção de investimento sustentável ainda está sujeita a várias interpretações, e a definição dada pelo regulador europeu através do artigo 2 (17) levou os intervenientes no mercado a desenvolver diferentes abordagens para preencher as lacunas metodológicas que existem para classificar os investimentos
GESTORAS COM RATING FUNDSPEOPLE 2023 COM MAIS FUNDOS CLASSIFICADOS
ARTIGO 8º
ARTIGO 9º
TENDÊNCIAS ESTRATÉGIAS
DOS QUATRO FUNDOS QUE RECEBERAM A CLASSIFICAÇÃO FUNDSPEOPLE+
ESTÁ SUJEITA A VÁRIAS INTERPRETAÇÕES”
CLEMENCE HUMEAU AXA IM

CHINA ESTÁ DE VOLTA: TRÊS FATORES QUE IMPULSIONAM ESTE MERCADO
“PRECISAMOS DE TORNAR A REGULAMENTAÇÃO MAIS COMPREENSÍVEL PARA TODOS E PRECISAMOS DE A TORNAR AINDA MAIS RIGOROSA, PARA SERMOS AINDA MAIS PRECISOS”
STIEN UELAND DNB AM
como sustentáveis”. A possibilidade de não poder cumprir todos os requisitos levou a AXA IM “a tomar medidas antes da implementação do SFDR nível II, revendo a classificação das carteiras e informando os clientes em setembro de 2022. Como resultado, 47 fundos inicialmente classificados como artigo 9º foram reclassificados como artigo 8º (a partir de fevereiro de 2023)”, explica.

Stian Ueland, gestor do DNB Renewable Energy, acredita que “a regulamentação ultrapassou os dados e processos disponíveis. Portanto, es -

peramos para perceber como o tema evoluirá no futuro”. A indústria ainda se questiona se é possível que um fundo de ações seja classificado como artigo 9º, no entanto, o ponto mais relevante é perceber o que é um investimento sustentável, segundo a nova regulamentação. Clemence Humeau salienta que a AXA IM, adaptada ao nível II da SFDR, considera que “um emitente é um investimento sustentável (portanto, elegível para os fundos de artigo 9º) se contribuir positivamente para pelo menos um dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, sem afetar materialmente qualquer outro. Esta contribuição pode ser conduzida através dos produtos e serviços do emitente ou através das suas operações. Acrescenta que “um emitente cuja via de descarbonização esteja alinhada com os objetivos do Acordo de Paris, com um objetivo cientificamente validado pela iniciativa Science Based Targets (SBTi)” é também considerado um investimento sustentável. Quanto à interpretação, Stien Ueland acredita que “precisamos de tornar a regulamentação mais compreensível para todos e precisamos de a tornar ainda mais rigorosa, para sermos ainda mais precisos”.
O crescimento na China voltou a acelerar e os mercados globais reagiram com entusiasmo. Os ventos estão a mudar e na UBS AM acreditamos que 2023 será marcado pelo retorno à liderança do gigante asiático. Além do grande potencial a longo prazo deste mercado, observamos uma série de fatores que reforçam as razões para investir neste mercado. Em primeiro lugar, muitos dos objetivos de longo prazo estabelecidos recentemente pelo governo de Xi Jinping estão relacionados com tecnologia e inovação e acreditamos que vão ser catalisadores de mudanças positivas para a economia chinesa. Em segundo lugar, uma rápida recuperação do mercado imobiliário e políticas que favorecem o sector da internet e das plataformas virtuais deverão impulsionar o mercado. E, em terceiro lugar, as novas políticas para melhorar a comunicação e aumentar a confiança dos investidores favorecem um melhor entorno para o mercado acionista chinês. Tudo isso nos leva a afirmar que a China continua um terreno fértil para os investidores explorarem oportunidades atrativas de investimento de longo prazo. Dada a complexidade e diversidade deste mercado, a UBS AM continua a acreditar que a melhor forma de ter exposição a esta região é através de uma gestão ativa por uma equipa local, com uma vasta experiência e um conhecimento profundo das singularidades e dinâmicas deste mercado.
“A NOÇÃO DE INVESTIMENTO SUSTENTÁVEL AINDA
Nem tudo são ameaças, existem oportunidades
tiago forte vaz, cfa
Head of Intermediaries

Brazil, Portugal, Uruguay & Argentina
Este ano parece tudo menos monótono, estamos a terminar o primeiro trimestre de 2023 e já tivemos um pouco de tudo. Da euforia de Janeiro com um tom mais optimista para os activos de maior risco e a apresentarem fortes subidas, a um Fevereiro mais comedido a pôr um pouco de água na fervura para entrarmos em Março com
uma nova crise de confiança no sector bancário nos eUa e a terminar com uma aquisição forçada e de peso no mercado bancário suíço. Enquanto os mercados mostram um comportamento bipolar, os bancos centrais seguem o ciclo de subida de taxas de juro, que se espera que termine este ano, mas as certezas que tínhamos em relação ao pico das taxas tem vindo a mudar, aumentando a incerteza. Quando se navega à vista e sem uma perspectiva de longo prazo, períodos como estes são vividos com especial stress, por isso, nestas alturas devemos colocar as coisas em perspetivas e relativizar. Nem tudo o que reluz é ouro, mas também nem tudo são ameaças! Existem também oportunidades.
Recursos disponíveis
Excesso de poupanças do consumidor chinês como percentagem do rendimento disponível*
Na Pictet aM temos para os mercados emergentes uma visão bastante constructiva, e essa pode bem ser uma das oportunidades para quem tem um perspectiva de mais médio longo prazo. A reabertura da China e da sua economia, tem o poder de reactivar um dos maiores motores de crescimento da economia global, com especial impacto nos mercados emergentes. Todos vimos o efeito que a reabertura das economias ocidentais teve no pós coviD, e não há razões para pensar que na China não será assim também. Se juntarmos o facto de também acreditarmos que o dólar americano continua sobre valorizado, principalmente em relação às moedas emergentes, temos uma combinação que bem pode trazer uma atratividade aos mercados emergentes que há muito não víamos.
ComuniCação de marketing
Este material é destinado apenas a investidores profissionais. Não se destina à distribuição a qualquer pessoa ou entidade que seja cidadão ou residente de qualquer localidade, estado, país ou outra jurisdição onde tal distribuição, publicação ou utilização seja contrária à lei ou regulamento. Todos os investimentos envolvem riscos, incluindo o risco de perda do capital inicial investido. As informações e dados apresentados neste documento não devem ser considerados como uma oferta ou solicitação de compra, venda ou subscrição de títulos ou instrumentos financeiros ou serviços.
Isto não significa porém, que acreditemos que esta oportunidade vem sem riscos, e por isso defendemos que esta deve ser uma exposição via gestão activa. Devemos manter a capacidade de gerir a exposição ao mercado de forma dinâmica. O papel da gestão de activos não é evitar risco, mas sim geri-los, e aproveitar os benefícios da sua exposição. Este ano pode ser um interessante ponto de entrada para quem souber colocar as coisas em perspectiva.
“Nem tudo o que reluz é ouro, mas também Nem tudo são ameaças!”*Excesso de poupanças acumuladas vs. tendência de 6 anos. Fonte: Pictet Asset Management, CEIC, Refinitiv. Dados para o período de 01/01/2020 a 31/12/2022. por Regina R. Webb / Catarina Vinagre


#10YEARCHALLENGE NA INDÚSTRIA DA GESTÃO DE ATIVOS
Entrámos na máquina do tempo para analisar como evoluíram as recomendações de fundos das gestoras internacionais nos últimos 10 anos.
Agora as montras estão mais globais, ainda que algumas empresas se destaquem pela sua lealdade a uma estratégia.
Desde o final de 2012 que todos os anos a FundsPeople pergunta às gestoras internacionais quais são os fundos de investimento em que os seus clientes devem apostar no ano seguinte. Há 11 anos que uma seleção de gestoras estrangeiras de primeira linha partilham os nomes nos quais se vão focar em obrigações, ações e alternativos. Ao entrar na máquina do tempo para olhar para trás, podemos analisar como evoluíram as tendências e como, através destas recomendações, podemos ter uma ideia do sentimento dos investidores e da previsão macroeconómica que prevaleceu naqueles anos.
Uma das grandes mudanças que se podem observar é que as apostas das gestoras internacionais estão mais globais. Até 2016, a maioria dos fundos recomendados pelas entidades estrangeiras eram fundos de ações europeias, em particular os produtos pertencentes às categorias Eurozone Large-Cap Equity e Europe Large-Cap Blend Equity.
Contudo, a partir de 2017, as ações globais começaram a ganhar terreno. Em 2020, por exemplo, oito dos 19 fundos selecionados pelos representantes das casas internacionais pertenciam à categoria Global Large-Cap Growth Equity.
Um bom exemplo disso é que na série de artigos que publicámos em 2022, a mais recente, apenas dois dos 20 fundos de ações selecionados são europeus. Para 2023, a maioria das gestoras propôs fundos de ações globais. Especialmente Large-Cap (com equilíbrio entre Blend, Growth e Value), mas também foram mencionadas algumas ideias relacionadas com a geração de rendimentos para aproveitar o bom momento dos dividendos e o retorno das rentabilidades positivas.
EVOLUÇÃO
É difícil determinar exatamente o que marcou esse pivô nas propostas das gestoras. Pode ser uma mistura do crescimento das gamas de empresas internacionais, com uma oferta cada vez mais ampla de ideias, e um menor viés
local na procura do próprio investidor nacional.
Porém, enquanto o peso das ações europeias diminuiu na lista das melhores ideias das gestoras internacionais, os fundos temáticos ganharam terreno.
É uma tendência difícil de quantificar, uma vez que não é feita uma categorização clara por parte da Morningstar.
Mas se nos basearmos nos fundos destacados que se enquadram numa categoria de Sector Equity, vemos
um pequeno boom a partir de 2019. O pico foi nas recomendações de 2022, com seis fundos de ações em 20. Algo compreensível considerando a boa rentabilidade deste tipo de produtos no rally após a correção sofrida durante a pandemia. A categoria que mais se tem repetido nos últimos anos é a Sector Equity Ecology impulsionada quer pela procura por temas ESG, quer pela
própria regulamentação. No entanto, muitos produtos de Sector Equity Technology e Sector Equity Healthcare também foram propostos.
Nas obrigações, de um modo geral, também é possível ver essa predileção por estratégias com viés euro (com categorias como EUR Corporate Bond, EUR Corporate Bond - Short Term, EUR High Yield Bond). Porém, de
modo geral, não houve uma aposta tão clara. Nem em 2013, nem atualmente. As propostas têm sido tradicionalmente globais e flexíveis.
AS APOSTAS DAS GESTORAS
Além de uma montra mais global, as recomendações das gestoras também se diversificaram mais. Ou seja, nos últimos anos é mais difícil ver que
ALTERNATIVOS
“O DWS INVEST TOP DIVIDEND, PARA NÓS, VAI SER SEMPRE UMA RECOMENDAÇÃO VÁLIDA
ESPECIALMENTE NUM
CONTEXTO COMO O QUE
NOS ENCONTRAMOS, COM PICOS DE VOLATIDADE E INFLAÇÃO
ESTRUTURALMENTE
ELEVADA”
MARIANO ARENILLAS
DWS
“A EXPERIÊNCIA
ACUMULADA, COMBINADA COM FERRAMENTAS
PROPRIETÁRIAS, PERMITEM AO BGF GLOBAL EVENT
DRIVEN FUND ESTAR


NA VANGUARDA DO INVESTIMENTO EVENT
DRIVEN, BEM COMO
MANTER UMA ACENTUADA
VANTAGEM COMPETITIVA”
ANDRE THEMUDO
BLACKROCK
uma categoria predomina sobre outra. No entanto, partindo desta análise, também é interessante ver a lealdade de algumas gestoras para com os seus fundos-bandeira.
A mais fiel a um produto é a DWS com o seu DWS Top Dividend. Foi a sua aposta em ações em seis das nove votações em que participou. O fundo conta este ano com Rating Funds-
Fonte das tabelas: elaboração própria a partir do inquérito anual a uma seleção de gestoras internacionais publicada na web da FundsPeople. Ao longo dos 11 anos participaram 27 gestoras distinas. A pergunta relacionada com os produtos alternativos começou em 2017. Descartaram-se da análise os fundos mistos devido à homogeneidade da categoria Morningstar Allocation a que pertencem os fundos de investimento destacados por estas entidades todos os anos. As categorias indicadas são aquelas em que os respetivos fundos encaixam atualmente.
TENDÊNCIAS ESTRATÉGIAS
“O INVESCO PHYSICAL GOLD ETC É UMA APOSTA
SÓLIDA JÁ QUE O OURO HISTORICAMENTE OFERECE UMA FORTE COBERTURA EM TEMPOS DE INCERTEZA E VOLATILIDADE DO MERCADO”
ÍÑIGO ESCUDERO INVESCO
People. Segundo explica Mariano Arenillas, responsável pela DWS na Península Ibérica, investir em empresas de qualidade com dividendos atrativos, sustentáveis e crescentes é uma boa estratégia para qualquer investidor de longo prazo. “Uma combinação inteligente de ações com dividend yield e growth não só representa uma interessante fonte de retornos, como também nos ajudará, a longo prazo, a otimizar o perfil risco-retorno de uma carteira de ações, uma vez que a volatilidade do fundo é inferior ao dos mercados e tende a atenuar as quedas”, comentam. Na categoria de obrigações, a J.P. Morgan AM deve ser destacada. A gestora americana escolheu o JPM Global Bond Opportunities Fund em cinco dos 10 anos em que participou no inquérito. “O JPM Global Bond Opportunities é um fundo de obrigações globais de gestão flexível (unconstrained), cuja carteira é composta pelas nossas melhores ideias de fixed income, por isso, é sempre uma das nossas principais apostas para cobrir a componente de obrigações das carteiras dos nossos
“NA CARTEIRA DO JPM GLOBAL BOND OPPORTUNITIES ESTÃO AS NOSSAS MELHORES IDEIAS DE OBRIGAÇÕES, POR ISSO, É SEMPRE UMA DAS NOSSAS APOSTAS”
JAVIER DORADO
J.P. MORGAN AM
ETF DA FIDELITY: ATIVO OU PASSIVO?


Nós vemos os ETF da Fidelity como estando situados entre os extremos de gestão ativa e passiva pura, o que lhes permite proporcionar alguns benefícios associados aos fundos ativos, juntamente com as vantagens de custo e de transparência das soluções passivas. Para alcançar isto, empregam um de dois processos de investimento: acompanhamento personalizado do índice passivo ou construção ativa sistemática.
clientes”, argumenta Javier Dorado, diretor-geral para Portugal e Espanha.

Do lado dos alternativos, é necessário colocar no mesmo patamar a BlackRock e a Invesco. Ambas optaram quatro de sete vezes pelos fundos BGF Global Event Driven Fund e Invesco Physical Gold ETC, respetivamente. Do lado da BlackRock, André Themudo, responsável de negócio para Portugal, afirma que “o mandato amplo e oportunístico do fundo permite enviesar de forma dinâmica o seu posicionamento para capitalizar o que acreditam ser a melhor oportunidade de retorno ajustada ao risco, o que se traduz numa estratégia todo-o-terreno”. Íñigo Escudero, diretor da Invesco para a Península Ibérica, América Latina, EUA Offshore e Israel, por outro lado, aponta três razões para esta escolha: baixa correlação com os ativos tradicionais, o que pode ajudar a diversificar; sólida cobertura em tempos de incerteza e volatilidade; e competitividade, já que se trata de um produto com mais 15 mil milhões de ativos sob gestão e conta com 14 anos de track record.
As gamas Fidelity Quality Income e Thematic ETF são trackers passivos personalizados que procuram reproduzir o desempenho dos índices proprietários da Fidelity, que são criados utilizando as visões prospetivas e ativas das nossas equipas de investigação especializada. Utilizam processos de seleção de ações e de construção de portefólio baseados em regras para proporcionar exposição a empresas com características específicas.
Por outro lado, as gamas ativas Fidelity Sustainable Research Enhanced Equity e Sustainable Multifactor Fixed Income ETF são construídas sistematicamente. Isto significa tomar um índice de referência (como o MSCI World Index) que define o universo de investimento, e aplicar processos sistemáticos de investimento ativo e construção de portefólio que potenciam os sinais resultantes da investigação proprietária da Fidelity para formar carteiras e geri-las continuamente. Estes ETF empregam os seus processos ativos visando superar os seus respetivos índices de referência.
PRIVADA A BANCA
ENFRENTA O DESAFIO DA PREPARAÇÃO PARA A RENOVAÇÃO GERACIONAL
Um serviço mais digital, rapidez nos processos, novas formas de se relacionarem, alternativas mais além dos ativos tradicionais… Estas são algumas das exigências das novas gerações que serão o futuro sustento das entidades de banca privada. O desafio é grande. Superá-lo com sucesso irá exigir formação, uma revisão do portefólio de produtos, uma abordagem mais ampla de planeamento global do património ou a integração de talento jovem nas próprias redes.

Abanca privada está preparada para se conectar com as novas gerações de clientes? Esta é, sem dúvida, uma das grandes perguntas que as entidades deste segmento de negócio devem fazer na hora de definir os principais eixos da sua rota para o futuro.
Para encontrar uma resposta ótima a este dilema apresentado às empresas de banca privada com estruturas tradi-
cionais, é preciso analisar bem os pontos chave para ganhar a confiança dos clientes que irão sustentar o futuro da entidade. Trata-se de entender os parâmetros em que se movem as gerações que cresceram em contextos completamente diferentes, sujeitas a outros estímulos e acostumadas a coabitar num mundo totalmente hiperconectado.
Essa mudança geracional transforma o cliente tradicional num mais tecnológico que exige um serviço
de banca e investimento digitalizado, o que não evita, mas reforça a necessidade de continuar a ter um profissional de confiança para o aconselhar. Mas as gerações mais jovens também exigem rapidez nos processos, comodidade no acesso às suas plataformas digitais e novas formas de se relacionarem com as entidades.
Quando falamos de potenciais clientes de banca privada, em primeiro lugar, é preciso ter em conta que não se tratam de perfis uniformes. Podemos encontrar-nos com clientes tradicionais que herdaram um património ou uma empresa familiar com o compromisso de realizar a melhor gestão possível e, por outro, com outro tipo de clientes que respondem a empresários jovens, ligados muitas vezes à área tecnológica, cujo património é fruto dos incipientes sucessos profissionais.
Este último perfil de clientes exige uma ótima gestão de um património que lhes chegou muito rapidamente, do ponto de vista fiscal e patrimonial, em determinadas circunstâncias, tais como o momento de vender a sua empresa ou realizar investimentos em grande escala. Em suma, com casos muito diferentes dos casos das famílias com visão de futuro que preparam com antecipação a sucessão.
MAIS EXIGENTES
Em geral, a banca privada depara-se com novas gerações mais informadas e exigentes, num ambiente de maior concorrência. As entidades devem, assim, apostar na formação dos seus profissionais para terem banqueiros que respondem a essas maiores expetativas.
Além disso, devem trabalhar para entender como as preferências dos seus clientes estão a mudar, com soluções que têm de ser adaptadas às mudanças gerais na cultura de investimento, num cenário em que a volatilidade e a incerteza parecem ser fenómenos estruturais com os quais teremos de viver muito tempo.
Longe do que se possa pensar, as novas gerações não adotam um perfil mais arriscado do que o dos seus pais na hora de tomar decisões de investimento, mas é certo que procuram alternativas mais além dos ativos tradicionais, que podem ser insuficientes para construir carteiras com um binómio risco-retorno ajustado. Desta forma, outra das chaves é aumentar o portefólio de produtos que colocam à disposição dos seus clientes, com uma oferta diversificada centrada no empreendedorismo e na economia real, apostando no private equity ou no venture capital.
É importante salientar a importância de se conectar com gerações que dispõem de uma quantidade ilimitada de estímulos e de uma vasta gama de opções para desfrutar do seu tempo livre fora do trabalho. Isto leva-os a procurar empresas que ofereçam soluções integrais que lhes permitam concentrar-se na sua vida profissional e pessoal. Como pode a banca privada encontrar resposta para as suas necessidades? Consolidando o salto de qualidade e a diferenciação através de aconselhamento e oferecendo um serviço que não esteja focado apenas no investimento, mas alargando-o ao planeamento global do património, incluindo aspetos fiscais ou regulamentares, e à gestão de riscos.
GERAÇÕES NÃO
O segredo para atrair e fidelizar esse novo cliente é colocar todas as capacidades do banco à sua disposição, incluindo serviços complementares no âmbito do planeamento patrimonial que podem ligar diferentes gerações de clientes e ajudar nesta renovação geracional quando se trata de realizar da melhor forma todo o processo de transferência do património familiar.
PERSONALIZAR SERVIÇO
No entanto, é importante não esquecer que o negócio da banca privada será sempre um negócio de pessoas para pessoas, pelo que as entidades nunca devem esquecer que o tratamento personalizado será sempre um elemento diferenciador fundamental para oferecer o melhor serviço a qualquer perfil de cliente.
No caso dos perfis mais jovens é fundamental compreender as suas preferências, as suas emoções, os seus comportamentos e valores. Sem este profundo conhecimento do cliente será impossível simpatizar com ele e isto impedirá a criação de uma relação de confiança, essencial para estabelecer relações de longo prazo.
Continua a ser necessário criar uma cultura de pertença como valor
tangencial? Qualquer estudo sobre tendências reflete como as novas gerações demonstram a escassa lealdade às marcas, pelo que é necessário gerar essa cultura de pertença através de uma oferta de qualidade e de um serviço com uma abordagem integral que permita acompanhar o cliente em todo o processo.
Aqui volta ser absolutamente fundamental que as entidades levem a sério a formação dos seus clientes. Organizar encontros e eventos que envolvam toda a família. Em suma, que as novas gerações estabeleçam, desde muito jovens, esse vínculo com a entidade que os ajude a gerir e a fazer crescer o seu património.
Por último, outra via fundamental a explorar para fidelizar esse novo perfil de cliente é a integração de talento jovem dentro das próprias redes de banqueiros e gestores. O facto de conhecerem os valores da casa desde muito cedo e, ao mesmo tempo, partilharem os interesses e preferências dessas novas gerações permitirá alcançar a máxima sintonia entre entidade e cliente, o que resultará na sua lealdade e abrirá a porta à manutenção e crescimento do negócio da entidade.

ATENDER AOS RISCOS É ENTENDER O INVESTIMENTO
O relatório anual sobre riscos do World Economic Forum reconhece uma policrise relacionada com o custo de vida, a polarização social e política, o abastecimento de alimentos e energia, um crescimento contido e o aumento do confronto geopolítico. Embora, a curto prazo, à atual crise se juntem os habituais riscos relacionados com o clima, o aumento do custo de vida e os conflitos geoeconómicos, os principais riscos a mais longo prazo continuam a ser liderados pelos riscos relacionados com a natureza e, principalmente, com as alterações climáticas e os seus efeitos.
Não há volta atrás na transição energética, e ainda mais face à procura ideal da independência energética de outras regiões. O interesse no investimento sustentável nunca foi tão grande. Poderíamos dizer que, devido ao medo das alterações climáticas, a sociedade está, hoje em dia, mais consciente do que nunca, motivada pelos impactos que são cada vez mais materiais, algo que continuará a ocorrer com as restantes externalidades que ainda não foram integradas. Esperamos que, em 2023, as estratégias de investimento sustentável continuem a crescer proporcionalmente aos ativos sob gestão, uma vez que os investidores procuram refúgio dos múltiplos riscos existentes e continuam a procurar lucros com um objetivo concreto.
ROBOTADVISORS PARA LÁ DAS APARENTES VANTAGENS
As vantagens dos robot-advisors aplicados ao sistema financeiro são inúmeras e já conhecidas. Contudo, há riscos que têm de ser monitorizados, como, por exemplo, de eventuais falhas nos algoritmos.

Aausência de um modelo comercial comum faz com que seja difícil avançar uma definição de robot-advisor que englobe, com rigor, o fenómeno nas suas várias manifestações.
Numa tentativa, diremos que se tratam, em traços gerais, de plataformas digitais que, sem ou com mínima intervenção humana, prestam serviços de consultoria financeira e/ou de gestão de ativos. Isto é conseguido através da aplicação de algoritmos que analisam e assumem opções de investimento com base em informação previamente fornecida pelos clientes, relativa às respetivas circunstâncias pessoais e objetivos de investimento.
Curiosamente, os robot-advisors têm vindo a registar um crescimento tendencialmente lento e pouco uniforme em termos geográficos (se na Europa, por exemplo, o seu crescimento tem sido tendencialmente anémico, já nos EUA a tendência tem sido a oposta). Ainda assim, o seu sucesso, enquanto modelo de negócio, parece-nos ser hoje um dado adquirido. O facto de, ao longo da última década, alguns dos mais relevantes gestores de ativos à escala mundial terem revisto os seus modelos de negócio, de forma a neles incorporar a oferta desse tipo de serviços, é um bom indicador disso mesmo. Existe uma fórmula
simples por detrás do sucesso dos robot-advisors: praticam comissões mais baixas que o usual, para acesso ao serviço e não é imposto um valor mínimo de conta e/ ou de investimento ou, se existir, é fixado sempre abaixo do praticado pelos consultores tradicionais. Desta forma, alcançam um universo de investidores cujas necessidades de aconselhamento financeiro estavam, até à sua chegada, por servir. E é aqui que reside a sua maior vantagem competitiva.
VÁRIAS VANTAGENS...
Contudo, outras vantagens têm igualmente vindo a ser assinaladas, destacando-se (i) a disponibilidade, rapidez, comodidade e facilidade de acesso aos serviços, (ii) o fácil registo e monitorização da atividade e dos resultados dos serviços, e, bem assim, (iii) a consistência e qualidade do serviço prestado, caso os algoritmos sejam adequadamente programados, alimentados e monitorizados. A propósito desta última vantagem, vale a pena notar que os robot-advisors mais sofisticados já incorporam tecnologia capaz de processar de forma automática, rápida e numa base contínua, informação vasta e complexa, como sejam dados de mercado. Isso permite-lhes avaliar e reavaliar, com base em informação permanentemente atualizada, to-
UM DOS RISCOS DOS ROBOTADVISORS É A POSSÍVEL NÃO DETEÇÃO DE INCONSISTÊNCIAS OU INSUFICIÊNCIAS NA INFORMAÇÃO PRESTADA PELOS CLIENTES
UMA RENTABILIDADE ATRATIVA COM RISCO DE QUEDAS LIMITADO
Contudo, não são só vantagens. Como, desde cedo, num relatório dedicado ao tema, foi notado pelas três autoridades europeias de supervisão (ESMA, EBA e EIOPA), a automatização também acarreta riscos que podem comprometer a qualidade do serviço prestado pelo robot-advisors, os quais tendem a assumir maior preponderância em plataformas totalmente automatizadas.
De entre os riscos que têm vindo a ser assinalados parece-nos de destacar os relacionados com: (i) a ocorrência de falhas nos algoritmos que suportam o funcionamento das plataformas, ou a sua inadequada monitorização, situações que poderão, com relativa facilidade, redundar em situações generalizadas de aconselhamento inadequado ao perfil dos clientes e/ou que não vão ao encontro dos seus melhores interesses, (ii) a possível não deteção de inconsistências ou insuficiências na informação prestada pelos clientes, com
48 FUNDSPEOPLE I MARÇO E ABRIL TENDÊNCIAS ADVISORY

impacto na qualidade e adequação do aconselhamento prestado, importando, a este propósito, notar que os consultores automatizados dependem, em larga medida, da qualidade da informação disponibilizada, online (através de um questionário), pelos seus clientes, designadamente, sobre os respetivos níveis de conhecimentos e experiência em matéria de investimentos, situação financeira e objetivos de investimento, e (iii) a possível desconsideração de necessidades mais específicas de alguns investidores, fruto da maior estandardização quer do processo de recolha de informação sobre os clientes, quer das opções de investimento e/ou modelos de alocação que, tipicamente, são considerados pelos algoritmos.
Para lá das suas inegáveis vantagens, a automatização que caracteriza os robot-advisors comporta igualmente potenciais riscos e/ou limitações que reclamam uma adequada ponderação e monitorização, em especial por parte das entidades e/ou pessoas a quem caiba a responsabilidade do desenvolvimento das plataformas, mas também por parte dos operadores de mercado que as disponibilizem, a quem caberá (igualmente) zelar pelo seu correto funcionamento e desempenho.
Nota: As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente do autor e não refletem ou vinculam a posição da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
Após um ano de 2022 complicado, os investidores devem preparar-se para outro ano volátil. Neste contexto, a abordagem de investimento única seguida pelas estratégias Alpha MA da Nordea pode oferecer uma rentabilidade atrativa aos investidores limitando o risco de quedas1
Com as correlações entre os ativos tradicionais em máximos históricos, as estratégias Alpha MA permitem aceder a um conjunto diversificado de mais de 30 estratégias de prémios de risco que, nos dias de hoje, estão menos correlacionadas entre si do que as diferentes classes de ativos clássicas.
Além desta menor correlação, outra vantagem destas estratégias é que num contexto de aumento da preocupação em relação ao impacto das políticas monetárias nos mercados, as soluções Alpha MA oferecem um nível superior de liquidez, uma vez que mais de 90% das carteiras podem ser liquidadas num dia.
Por último, as soluções Alpha MA oferecem aos investidores a possibilidade de beneficiar dos atuais maiores retornos esperados das classes de ativos em que investem (divisas, obrigações e ações), limitando, ao mesmo tempo, a sensibilidade das suas carteiras ao mercado de ações.
1. Não há nenhuma garantia de que o objetivo de investimento, o retorno alvo e os resultados de um investimento sejam atingidos. O valor do seu investimento pode subir ou descer e poderá perder uma parte ou a totalidade do seu dinheiro investido.
EVOLUÇÃO DOS DIVIDENDOS E DA RECOMPRA DE AÇÕES ENTRE 1998 E 2020 NO S&P 500
RECOMPRA DE AÇÕES PRÓPRIAS UMA FACA DE DOIS GUMES
O processo de recompra de ações pode ser um sinal muito positivo ou uma red flag. É importante dissecar sempre o motivo que leva a este cada vez mais importante evento corporativo.

Arecompra de ações próprias é um evento corporativo que tem vindo a ganhar destaque ao longo dos últimos anos. A CFA Institute Research Foundation lançou recentemente um relatório, onde explica a evolução deste tipo de operação e as vantagens e desvantagens associadas ao mesmo, intitulado Stock Buyback Motivations and Consequences - A Literature Review que oferece alguns insights. Adicionalmente, a FundsPeople perguntou a três entidades do mercado de gestão nacional a opinião sobre o tema e como lidam com este tipo de movimento no seu processo de tomada de decisão.
A recompra de ações tornou-se um dos principais métodos utilizados para remunerar os acionistas durante o século XXI. Segundo dados do S&P Dow Jones Indices, só nas empresas que constituem o S&P 500, foram recompradas mais de 880 mil milhões de dólares em ações em 2021. Esta tendência, em crescimento claro desde o início do século, é parcialmente justificada no documento pela
“A DÉCADA DE JUROS BAIXOS, O CRESCIMENTO DOS RESULTADOS DAS EMPRESAS AMERICANAS E A EFICIÊNCIA
FISCAL FORAM OS PRINCIPAIS CATALISADORES PARA O AUMENTO DOS PROGRAMAS DE RECOMPRA DE AÇÕES”
CARLOS PINTO E PEDRO LINO, OPTIMIZE IP


“vantagem fiscal associada, uma vez que os impostos pagos sobre o capital tendem a ser superiores aos aplicados nos rendimentos” em algumas geografias. Carlos Pinto, gestor de portefólios da Optimize Investment Partners, e Pedro Lino, CEO da mesma entidade, acrescentam fatores de sucesso: “A década de juros baixos, o crescimento dos resultados das empresas americanas e a eficiência fiscal, foram os principais catalisadores para o aumento dos programas de recompra de ações”.
Para além do já mencionado, este evento corporativo traz outras vantagens importantes para a empresa. A
“SE OS GESTORES ESTÃO MAIS PREOCUPADOS COM A CRIAÇÃO DE RIQUEZA PESSOAL, PODERÃO SER INCENTIVADOS A RECOMPRAR AÇÕES APENAS PARA CUMPRIR OS SEUS OBJETIVOS DE BÓNUS” PAMELA MACEDO, CASA DE INVESTIMENTOS
CFA Institute Research Foundation destaca que um evento de recompra de ações pode transmitir ao mercado que o preço das ações de uma empresa está subavaliado. “A equipa de administração de uma empresa possui informação importante ainda não revelada ao mercado. Desta forma, a tomada de decisão de recompra de ações pode revelar-se um sinal de uma forte convicção, de um agente com mais informação, de que a empresa está abaixo do seu valor intrínseco”, pode ler-se no relatório. Também Pamela Macedo, analista sénior da Casa de Investimentos, tocou no mesmo ponto. Para a profissional “as recom-


EMBORA AS RECOMPRAS DE AÇÕES
“UM NÚMERO REDUZIDO DE AÇÕES DISPONÍVEIS PODE IMPOSSIBILITAR TRANSAÇÕES ELEVADAS E LEVAR A MAIORES OSCILAÇÕES NO PREÇO” RÚBEN GUERREIRO JOSÉ E RICARDO MELO FREITAS, SIXTY DEGREES
pras podem ser um sinal da confiança da equipa de gestão nas perspetivas de longo prazo da empresa, uma vez que assumem implicitamente que as ações da empresa estão subavaliadas”.
VANTAGENS
Simultaneamente, é também destacado na literatura o potencial de utilizar a recompra de ações para fins incorretos e que não beneficiam os investidores. Alguns dos exemplos apresentados prendem-se com a intenção de passar informação incorreta para o mercado ou manipular os resultados para aumentar a compensação dos diretores das empresas. Pamela Macedo alerta: “Ao reduzir o número de ações em circulação, as recompras aumentam os lucros por ação. Se os gestores estão mais preocupados com a criação de riqueza pessoal, poderão ser incentivados a recomprar ações apenas para cumprir os seus objetivos de bónus”. Rúben Guerreiro José e Ricardo Melo Freitas, analistas na Sixty Degrees, destacam ainda um outro problema que pode surgir quando uma empresa com menor dimensão toma esta decisão. Em mercados de
O QUE SÃO AS OBRIGAÇÕES MUNICIPAIS DE INFRAESTRUTURAS DOS EUA?
O EVENTO DE RECOMPRA DE AÇÕES
menor dimensão, a recompra de ações “pode ser um entrave ao investimento, pois um número reduzido de ações disponíveis pode impossibilitar transações elevadas e levar a maiores oscilações no preço”.
NA GESTÃO DE ATIVOS
Do ponto de vista da gestão de ativos, é consensual que este tipo de evento corporativo requer muita atenção. Os analistas da Sixty Degrees referem que “a métrica de recompra de ações é um fator considerado no momento de investimento, uma vez que esta se encontra ligada à gestão eficiente do capital líquido duma empresa”.
Pamela Macedo explica como, também na Casa de Investimentos, a avaliação da alocação de capital está intrinsecamente ligada à avaliação da qualidade da equipa de gestão da empresa. “Admiramos as equipas de gestão que mostram uma abordagem disciplinada à alocação de capital nas oportunidades com retornos mais elevados. Se não for possível identificar oportunidades, agrada-nos que os
cash flows em excesso sejam devolvidos aos acionistas via dividendos ou recompra oportunista de ações”, resumiu a analista.
Por fim, Carlos Pinto e Pedro Lino, comentam que, apesar de valorizarem na seleção de ativos esta política remunerativa, também destacam que “pode ter igual mérito uma empresa que canalize parte ou totalidade dos seus cash flows para o desenvolvimento de um novo segmento que acrescente valor e/ou permita aumentar a sua quota de mercado”.
Em suma, centenas de milhares de milhões de dólares passam das empresas públicas para os seus acionistas via recompras de ações. Embora as recompras de ações possam ser mal utilizadas em alguns casos, têm claras vantagens. O relatório do CFA Institute Research Foundation conclui que “o desafio consiste em proporcionar a combinação certa de supervisão que permita às empresas beneficiar dessas vantagens, minimizando, em simultâneo, os potenciais usos abusivos”.
A sua história remonta há mais de 200 anos, mas o mercado norte-americano de obrigações de infraestruturas municipais continua a ser uma classe de ativos relativamente nova fora do seu mercado nacional. Em contextos de subidas de taxas, oferece aos investidores em obrigações diversas vantagens de diversificação, como um comportamento defensivo e uma volatilidade de preços limitada. Embora o mercado exista desde 1812, só recentemente é que os investidores internacionais começaram a aprender sobre esta classe de ativos. Os investidores não precisavam dos rendimentos oferecidos por estas obrigações, uma vez que havia muitas alternativas. E por ser considerado um mercado nicho, em que operavam principalmente investidores de retalho norte-americanos, os investidores estrangeiros não se deram ao trabalho de o explorar. No passado, todas as obrigações municipais tinham um tratamento fiscal favorável para os contribuintes norte-americanos, que reduzia os seus rendimentos: agora, porém, existem títulos disponíveis para os investidores estrangeiros estruturados que não necessitam desse tratamento fiscal. Num mundo sedento de rendimentos, as obrigações municipais representam uma das melhores oportunidades disponíveis, e até um investimento potencialmente superior se tivermos em conta o seu risco relativamente baixo.

NOVO RGA O QUE MUDA NAS SOCIEDADES GESTORAS DE PEQUENA DIMENSÃO



No passado dia 15 de março de 2023 foi aprovado em conselho de ministros, o Regime de Gestão de Ativos (RGA), que procede a uma revisão transversal do regime jurídico dos organismos de investimento coletivo e que se encontra atualmente a aguardar promulgação e publicação. O RGA visa simplificar o quadro jurídico da atividade de gestão de ativos e regular de forma unitária e sistemática, num único diploma, os dois anteriores regimes até agora existentes, o Regime Geral dos Organismos de Investimento Coletivo e o Regime Jurídico do Capital de Risco, Empreendedorismo Social e Investimento Especializado, que serão revogados.
É neste contexto de revisão geral do regime jurídico em vigor, que já tem sido objeto de análise, que são introduzidas alterações na estruturação e atividade das sociedades gestoras. Neste artigo abordamos a nova categorização de sociedades gestoras, destacando alguns aspetos com interesse prático sobre as sociedades de pequena dimensão.
Passam a existir apenas dois tipos (e não quatro) de sociedades gestoras, as sociedades gestoras de organismos de investimento coletivo (SGOIC) e as sociedades de capital de risco (SCR), tendo por base o âmbito de atividade de cada um dos tipos.
Em ambos os tipos de sociedades gestoras passa a distinguir-se entre sociedades de grande e de pequena dimensão, consoante os ativos sob gestão se encontrem acima ou abaixo de determinado montante – em traços gerais: 100.000.000 de euros ou 500.000.000 de euros, respetivamente com ou sem ativos adquiridos através do recurso ao efeito de alavancagem, com algumas consequências relevantes.
As sociedades gestoras de pequena dimensão (SGPD) beneficiam de uma menor exigência ao nível do capital social inicial mínimo (75.000 euros, face aos 125.000 exigidos euros para as de grande dimensão) e, quanto às gestoras de organismos de investimento alternativo, de um regime de autorização prévia simplificada. Este processo simplificado caracteriza-se por uma menor exigência em termos de documentação e informação a submeter
AS SOCIEDADES GESTORAS DE PEQUENA
Aprovado recentemente, o Regime de Gestão de Ativos traz algumas novidades. Passam a existir dois tipos de sociedades gestoras – não quatro – e há vantagens a reter para as mais pequenas.
AS GESTORAS DE PEQUENA
inicialmente com o pedido de autorização, tendo a CMVM um prazo de 30 dias após a submissão para notificar o requerente da sua decisão.
O regime simplificado da atividade das SGPD que o RGA vem implementar prevê ainda que não serão aplicáveis a estas entidades as seguintes matérias: a) regime de gestão de risco de liquidez; b) exigência de informação anual sobre sociedades não cotadas controladas por fundos por si geridos; c) regras em matéria de remuneração de colaboradores ou de apreciação prévia da adequação de titulares de participações qualificadas; e c) sistema de gestão de riscos.
ALGUMAS DISTINÇÕES
Uma das distinções entre sociedades gestoras de grande e pequena dimensão é a possibilidade de estas últimas se dedicarem, acessoriamente, ao investimento para carteira própria, bem como a consultoria para investimento imobiliário e à gestão individual de património imobiliário. Apesar de a carteira própria já ter sido contemplada no RJCR para as SCR (investimento abaixo dos limiares relevantes), é uma novidade para as SGOIC.
Outra possível vantagem é o facto de as SGPD poderem dispensar a designação de depositário quanto a OIA,
desde que estes sejam dirigidos exclusivamente a investidores profissionais. As funções desta entidade podem ser desempenhadas, nestes casos, pela própria entidade gestora. Tal simplificação representa não só uma redução de custos para o OIA como uma simplificação de processos para os participantes.

Assinala-se, no entanto, que por força dos requisitos mais simplificados a que estão sujeitas, as SGPD não podem, designadamente, beneficiar do passaporte ao abrigo da Diretiva 2011/61/ EU (AIFMD) para desenvolver atividades noutros estados-membros ou comercializar os fundos por si geridos junto de investidores profissionais noutros estados-membros.
A nova categoria de SGPD pode ter especial interesse para as SGOIC, permitindo-lhes beneficiar de um regime mais flexível para entidades que iniciem a sua atividade ou se mantenham abaixo dos limiares relevantes.
De notar que, de acordo com a norma transitória projetada, as SGOIC que detenham ativos inferiores aos limiares relevantes e que se encontrem já autorizadas serão automaticamente qualificadas como SGPD, exceto se comunicarem à CMVM no prazo de 90 dias a intenção de ser qualificadas como sociedades gestoras de grande dimensão.
AS AÇÕES DE SAÚDE
PODEM AJUDAR A BAIXAR A FEBRE DA INFLAÇÃO
Penso que um dos benefícios de investir nos cuidados de saúde é que estas empresas têm uma procura inelástica. Se precisar de uma nova válvula cardíaca, a inflação não vai ter impacto nessa decisão. Pensamos que as empresas de cuidados de saúde são bastante resistentes durante os períodos de inflação porque os seus produtos não são substituíveis e proporcionam inovação.
Uma das coisas que muitas vezes é mal compreendida nos cuidados de saúde é esta noção de que se trata de um setor puramente defensivo. Do nosso ponto de vista, isso simplesmente não é verdade. É defensivo, mas é também ofensivo. E é ofensivo em termos da inovação que está a acontecer. Abrange tudo, desde a sequenciação genética que nos ajudará a prever o cancro através de um teste sanguíneo, até novos tipos de medicamentos como a terapia genética ou vacinas contra o mRNA que foram muito úteis durante a COVID.
Mas uma das formas que nos diferenciamos é não tentarmos prever o sucesso dos ensaios clínicos. É realmente difícil obter um fármaco até ao fim, através de ensaios em humanos e no mercado. As estatísticas são na verdade 8%, o que significa que 92% das vezes a empresa vai falhar. Assim, com essas probabilidades baixas, é realmente difícil descobrir quais serão bemsucedidos.
Aquilo em que estamos concentrados ao pensarmos a longo prazo, em termos de tecnologias interessantes, é a proliferação de tecnologias como a aprendizagem de máquinas e a inteligência artificial nos cuidados de saúde.
INVESTIMENTO PASSIVO VS. INVESTIMENTO ATIVO PENSAR O INVESTIMENTO ESG DE FORMA SISTÉMICA

Os ratings ESG não são uma ciência exata, pelo que quem a eles recorre deve ter a cautela de não reduzir o perfil ESG de uma empresa a apenas um valor ou um rating. Processos sistemáticos, internos e robustos de due dilligence são importantes para assegurar a materialidade das decisões de investimento.
Todos nós somos um produto do nosso ambiente e do nosso enquadramento de referência. Nas minhas funções, recorro a muitos dados do setor do imobiliário que os nossos clientes recolhem através das nossas plataformas, o que permite oferecer planos de ação estratégicos informados. Confio fortemente na exatidão e exaustividade desses dados ESG. Quando um cliente vem ter comigo para o ajudar na sua estratégia de descarbonização da sua
FLUXOS PARA ETF ESG EUROPEUS (% DO TOTAL DE ETP)
carteira de ativos, os dados que o nosso software lhes permite recolher têm de ser exatos, porque a descarbonização dos investimentos tem de refletir a descarbonização da economia real que prometeram aos seus investidores e partes interessadas.
O setor imobiliário como classe de ativos tem vindo a desenvolver a exatidão destes dados desde o início dos anos 90, quando as certificações de desempenho de construção chegaram ao mercado, pelo que tem havido muito tempo para melhorar a sua recolha, o processamento e o estabelecimento de metas para tornar os proprietários de ativos e os investidores confortáveis para construir estratégias de investimento sustentáveis.
Se mudarmos de engrenagem e olharmos para outras classes de ativos como ações e dívida, os dados dos ratings ESG também estão a desempenhar um papel cada vez mais importante, mas dado que as próprias classificações ESG são construídas com base em dados que existem há menos tempo do que, digamos, os dados ESG no imobiliário, podemos
confiar neles para investir de forma sustentável?
Os investidores que dependem unicamente dos ratings ESG tendem a seguir uma abordagem de investimento passivo, onde investem em fundos que seguem índices de empresas que cumprem determinados critérios ESG. Oferece uma forma de os investidores ganharem exposição a investimentos sustentáveis a um custo mais baixo e com menos esforço do que fundos sustentáveis geridos ativamente. Mas serão estas classificações ESG suficientemente estandardizadas ou fiáveis para serem utilizadas como a única base para as decisões de investimento?
DÍFICIL DE IGNORAR
O crescimento dos fundos passivos ESG é difícil de ignorar. No ano passado, os ETF alinhados com resultados ESG representaram 65% de todas as entradas líquidas em ETF europeus de acordo com a Morningstar. Mas só porque o rebanho se move dessa forma, não significa que seja a melhor escolha para investir de forma sustentável. O
REDUZIR O PERFIL ESG DE UMA EMPRESA A APENAS UM VALOR OU UM RATING É EXCESSIVAMENTE LIMITATIVO

principal desafio que está a surgir é que os fornecedores terceiros de ratings ESG nem sempre estão em concordância sobre o que é e não é material, o que cria disparidades nos dados.
A Autoridade de Conduta Financeira (FCA) revelou recentemente, na sequência de uma revisão dos parâmetros de referência ESG, que a qualidade global das divulgações relacionadas com ESG era fraca, sublinhando questões:
• Não há detalhes suficientes sobre os fatores ESG considerados nas metodologias de referência.
• Não asseguram que as metodologias subjacentes aos dados ESG e os ratings utilizados nos benchmarks sejam acessíveis, claramente apresentados e explicados aos utilizadores.
• Não implementam plenamente os requisitos de divulgação ESG.
• Administradores de benchmarks não implementam corretamente as suas metodologias de referência ESG - por exemplo, utilizando dados e classificações desatualizados ou não aplicando os critérios de exclusão ESG.
Acrescentaria ainda que para investir de forma sustentável é necessário um processo de investimento que tenha em conta a complexidade de investir com um resultado sustentável, uma vez que a sustentabilidade é, por natureza, complexa.
É aqui que volto ao investimento imobiliário para obter orientação, porque ao longo do tempo teve de reconhe-
cer os muitos intervenientes que fazem parte da sua cadeia de valor, compreendendo que para investir de forma sustentável, os gestores de fundos precisam de compreender a complexidade e adotar uma abordagem de pensamento sistémico. Fazê-lo permite-lhes compreender melhor os impactos materiais no desempenho de um edifício, tanto ambiental como socialmente. Melhorar a eficiência energética de um edifício é uma das formas de mitigar as alterações climáticas porque reduz o consumo de energia do edifício e, assim, reduz as emissões de carbono emitidas por esse edifício, o que é classificado como uma atividade de transição sustentável pela Taxonomia da UE.
DUE DILLIGENCE
Os ratings ESG não são uma ciência exata e continuam a ser uma indústria nascente. Os fundos de investimento sustentáveis só devem utilizar os ratings ESG para fins de triagem. Reduzir o perfil ESG de uma empresa a apenas um valor ou um rating é excessivamente limitativo. Os fundos de investimento sustentável ou ESG devem então aplicar rigorosamente um processo de due diligence ESG construído internamente, que analise:
• Medir o que é material
• Políticas ESG com substância, ou seja, apoiadas por dados
• Resiliência climática
• Utilizar a verificação dos seus objetivos de sustentabilidade por parte de terceiros.
O PORTEFÓLIO 60/40 É ADEQUADO À SUA FINALIDADE?
Muitos investidores mantêm-se fiéis a uma distribuição tradicional de 60% de ações e 40% de obrigações. Contudo, parece-nos que esta forma de construção expõe-nos a riscos significativos. O objetivo principal do portefólio 60/40 é a procura de diversificação: espera-se que, se as ações caírem, as obrigações, possam não seguir o mesmo caminho e contrabalançar fruto da descorrelação que possa existir. Tentar diversificar é sensato, mas consideramos que uma alocação em apenas duas categorias de ativos (ações longonly e obrigações long-only) não é diversificação suficiente. Entre 1928 e 2022, um portefólio 60% alocado ao índice S&P 500 e 40% às obrigações do Tesouro dos EUA a 10 anos teve uma performance global negativa em 21 anos. Um valor está entre um 1/4 e um 1/5 do número de anos. Se uma cadeira cai a cada quatro ou cinco vezes em que alguém se sentasse nela, podíamos concluir que estava mal construída. O mesmo com uma carteira 60/40 que falhe. Deve-se ponderar uma gama mais ampla de de ativos. Os fundos de ações Market Neutral são uma categoria de ativos distinta das ações longonly. Não pretendemos ser influenciados pelos movimentos das ações, mas extrair alfa através de um modelo que inclui cinco critérios de seleção de ações, que integram fatores de investimento intuitivos, como o valor, a qualidade, o crescimento e o momentum.
Após o mau desempenho registado pelas obrigações em 2022, esta classe de ativos recuperou parte do que historicamente foi a sua essência: uma fonte de geração de rendimentos que, além disso, contribui para diversificar uma carteira. São estes atributos que levam Jonathan Duensing a pensar que as obrigações irão recuperar a sua relevância, sem que isso signifique que o mercado é um espaço livre onde vale tudo. É preciso ser muito ativo e seletivo porque, apesar da forte correção, alguns segmentos continuam caros.
RESPONSÁVEL DE OBRIGAÇÕES AMERICANAS, AMUNDI


Analisar minuciosamente todos os recantos do mercado de obrigações e ir identificando, uma a uma, as oportunidades que oferece para as capturar e gerar, a longo prazo, um retorno ajustado ao risco atrativo. Esta é a filosofia que Jonathan Duensing, responsável de Obrigações Americanas na Amundi, incutiu na sua equipa e que é aplicada no Amundi Funds Pioneer US Bond, uma das principais estratégias da entidade para investir no mercado de obrigações dos EUA.
Jonathan Duensing atravessou o oceano para transmitir em primeira mão aos seus clientes uma mensagem que acredita que deve ser enfatizada: “As obrigações recuperaram o seu papel como fonte de rendimentos e rentabilidade nas carteiras dos investidores. Há uns anos tínhamos mais de 14 biliões de dólares em obrigações mundiais com retornos negativos e agora já não é assim. Os mercados de obrigações oferecem alguns dos retornos mais elevados dos últimos 10 anos. A dívida americana com investment grade proporciona um rendimento geral entre 4,5% e 5,5%. As obrigações estão de volta”.
Para ele, esta é uma ótima notícia porque faz com que as obrigações possam ser novamente consideradas uma fonte de geração de rendimentos. “O nosso objetivo no Amundi Funds Pioneer US Bond não é maximizar a rentabilidade. Não se trata de investir nas emissões que oferecem uma yield maior, mas em aplicar um processo de investimento que combine uma análise top-down e bottom-up para obter exposição às obrigações que nos compensem apropriadamente pelo risco que assumimos”, destaca.
A segunda boa notícia é que agora as obrigações não geram só income. Também oferecem valorizações atrativas, algo que, segundo Jonathan Duensing, vai contribuir notavelmente para a rentabilidade do mercado. “A Fed está cada vez mais próxima de atingir o pico da sua política de taxas de juro. No segundo semestre do ano, a Fed irá en-
PLATAFORMA AMUNDI US: UMA GESTÃO ATIVA BASEADA EM CONVICÇÕES
Com quase um século desde a fundação do Pioneer Fund em 1928 pelo lendário Philipp Carret, a plataforma norteamericana da Amundi, aquela a que Jonathan Duensing pertence, gere uma diversa gama de estratégias em obrigações, ações, multiativos e alternativos. A filosofia de investimento em obrigações está orientada para o value, diversificada numa ampla gama de classes de ativos para aumentar as potenciais oportunidades e com um foco de gestão do risco top down.
frentar um abrandamento da atividade económica norte-americana que pode chegar a recessão. O organismo terá de reverter a sua estratégia e reduzir taxas, o que, no geral, se irá traduzir em yields menores nos EUA. Isto é algo que já vimos acontecer outras vezes no passado”.
O responsável de Obrigações da Amundi US acrescenta, além disso, um terceiro argumento que deve levar muitos investidores a reconsiderar a realocação de ativos ao mercado de obrigações: o papel diversificador que recuperou numa carteira. “No ano passado, a correlação entre as obrigações e as ações foi fortemente positiva. No entanto, historicamente, isto nem sempre foi assim. A correlação negativa dos retornos tende a ser mais frequente, especialmente nos segmentos de maior qualidade de crédito. Os investidores devem ver a relevância disto na hora de alocar as suas carteiras”, indica.
A ESTRATÉGIA
O fundo tem um track record que remonta há mais de 15 anos. Desde o seu lançamento em 2006 que o seu objetivo tem sido o mesmo: superar o seu índice de referência através de um foco de total return com viés value. Essa orientação value é exemplificada pelas suas posições num setor financeiro recapitalizado e que hoje se encontra numa posição muito mais sólida do que no ano passado. “Os spreads oferecem uma oportunidade por valorização muito interessante”.
Embora estejam bastante positivos em crédito, em alguns segmentos considera que é necessário precaução. É o caso do high yield, que, na sua opinião, não corrigiu tudo o que devia. “Temos introduzido algumas coberturas na carteira para reduzir o risco na dívida de high yield. Historicamente, numa recessão, o rácio anual de default tende a estar entre os 10% e os 12%. Acreditamos que nesta ocasião estará abaixo desse nível e que poderá aproximar-se dos 8% em 2024. Do ponto de vista fundamental, é certo que a qualidade de crédito dos emitentes é melhor do que no pas-
O RENDIMENTO FIXO ESTÁ DE VOLTA: AS OBRIGAÇÕES VOLTAM A
A OFERECER RENDIMENTO, VALOR E DIVERSIFICAÇÃO
sado e as necessidades de refinanciamento são atualmente baixas. No entanto, o high yield deve continuar muito mais sensível ao abrandamento da economia e ao endurecimento das condições de liquidez. Além disso, está caro ponto de vista relativo”, explica.
Segundo Jonathan Duensing, a flexibilidade é essencial. Permite que a equipa de gestão da carteira se mova livremente pelo mercado, capturando uma ampla gama de oportunidades, particularmente em segmentos como o crédito titularizado, MBS de agências ou mesmo obrigações municipais. “São ativos que nos devem ajudar a gerar retornos a longo prazo superiores ao do benchmark do mercado”, afirma. O facto da plataforma nos EUA ser relativamente controlável (gerem um total de 45.000 milhões de euros) permite-lhes dispor dessa flexibilidade que considera tão necessária para se moverem com sucesso no mercado de
obrigações atual. Também é fundamental tomar decisões de investimento honestas. “Embora tenhamos um viés value a longo prazo, reconhecemos que, à medida que as valorizações, a macro e as oportunidades mudam, o mesmo também deveria acontecer com o nosso posicionamento. Temos tudo isto em mente e não nos agarramos a ideias fixas. Se algo não nos convence, avançamos para oportunidades que nos compensem melhor pelo risco”, explica.
Na análise dos fundamentais, os fluxos de caixa são um fator que têm muito em conta, embora também existam outros a quem atribuem uma especial relevância, como a qualidade da equipa de administração. Neste sentido, reconhece que o facto de pertencer a uma casa que gere dois biliões de dólares em ativos é uma vantagem. “Dá-nos a oportunidade de manter conversas diretas com eles, além de ter um grande acesso aos mercados de capitais”.

ECLÉTICO
David Afonso tem vários interesses no mundo do futebol, desde a arbitragem à fantasy league da principal liga inglesa de futebol. O gestor também se interessa por aviação, política e ainda gosta de ir ao ginásio.


David Afonso
GESTOR DE PORTEFÓLIOS, IM GESTÃO DE ATIVOS
O PSI NO TOPO DO MUNDO
As caraterísticas do PSI e os dois vetores que propulsionaram uma boa performance do IMGA Ações Portugal, num ano de queda nos principais índices acionistas.
Oano de 2022 foi complicado para a maioria dos fundos de ações, no entanto, há exceções. Se em absolutos não foi, de todo, o melhor ano, em termos relativos 2022 foi um ano muito positivo para as ações portuguesas e para o IMGA Ações Portugal. Sentámo-nos com David Afonso, gestor de portefólios da IM Gestão de Ativos, para perceber qual a dinâmica por trás da gestão do fundo e como este navegou o ano transato.
O IMGA Ações Portugal, como o nome indica, investe em ações portuguesas. São escassas as empresas que fazem parte do principal índice português - o PSI - o que requer alguma atenção. “O processo de seleção que utilizamos no IMGA Ações Portugal segue um processo de top picks. Para além da exposição às ações do índice, escolhemos quatro ou cinco ações que sobreponderamos”, começa por dizer o gestor, confirmando o método criterioso que utilizam. Naturalmente, estas escolhas preferidas visam ser as mais atrativas em termos de rentabilidade. Para as selecionar, a equipa de gestão faz-se valer de “análise fundamental, análise quantitativa e, também, análise técnica”. Aproveitando a proximidade que têm com as empresas onde investem, os contactos realizados corroboram, muitas vezes, os argumentos que levam a sobreponderar uma ação. Em termos de instrumentos utilizados, o gestor especificou “que o fundo não utiliza instrumentos de gestão passiva, utiliza, sim, derivados, para obter o excedente de exposição pretendida às principais ideias e manter o nível de exposição ao mercado pretendido”.
Como referido anteriormente, o índice português tem muitas vicissitudes. Entre estas caraterísticas, destaca-se o tipo de negócio e os setores onde as empresas operam. O gestor destaca que “a maioria das empresas conta com negócios maduros, já com expectativas de crescimento modestas”. A nível setorial, ao invés da prevalência do setor tecnológico, como nos Estados Unidos, o PSI “é dominado pelo setor das utilities, do retalho alimentar, da energia e da banca”. Estas caraterísticas resultam num índice “mais defensivo e com uma forte tendência value”.
OS DOIS VETORES DE 2022
O fundo começou o ano num movimento pró-cíclico. Com o pé no acelerador, a equipa de gestão estava confiante de que o fim do confinamento ia resultar num grande crescimento económico. No entanto, a guerra que se iniciou na Ucrânia veio alterar esta perspetiva. David Afonso destaca agora os dois principais vetores que levaram à boa performance do fundo.
De um lado, surge a aposta na Altri, identificada desde o início do ano. “Tínhamos a Altri identificada como um top pick desde o início do ano. A pasta de papel entrou no ano com uma dinâmica muito positiva e estávamos confiantes que a escassez de contentores para transporte na China ia manter os preços desta matéria-prima elevados. O início da guerra apenas reforçou o nosso outlook, mantivemos a confiança”, revela o gestor do fundo de ações nacionais. Destaque ainda, no universo Altri, a sua spin off, a Greenvolt, a qual o fundo sobreponderou. David Afonso acredita que o mercado premiou a decisão de levar esta empresa a público, com “uma boa equipa de gestão e um plano de negócio atrativo”.
O segundo vetor de rentabilidade foi a inclusão da EDP e da EDP Renováveis no restrito grupo de preferidas da equipa, após o início da guerra. As duas empresas sofreram no início do ano, no entanto, a tensão geopolítica que se fez sentir deu à equipa de gestão um argumento para introduzir esta componente mais defensiva no portefólio. “Entrámos nas duas posições a bons preços e acompanhámos o ano de bons resultados que estas viveram”.
Portugal realmente teve um ano de 2022 muito positivo, que mereceu destaque face a outros índices nacionais mais transacionados. Em jeito de conclusão, David Afonso destaca: “Portugal teve um papel muito importante no universo de investimentos mundial. Ofereceu descorrelação ao tradicional investidor exposto maioritariamente aos principais índices americanos, ou mesmo globais”.
Dmitry Solomakhin gosta de ser contracorrente para encontrar joias onde o mercado perdeu a fé no negócio. É uma técnica complexa, que já gere há quase 10 anos, quase como tentar apanhar uma faca enquanto esta cai. “O mercado tem razão 90% das vezes. Quando considera que um modelo de negócio está danificado, é porque está. A mim cabe-me encontrar esses 10% onde ele está errado”, afirma. Agora, o regresso à volatilidade nas bolsas cria um contexto no qual o gestor se sente inclusive mais cómodo. “Não estou a tentar prever se há mais subidas ou mais quedas, mas tem havido tantos excessos gerados pelos estímulos monetários que ainda não se limparam do sistema”, defende.


Não estamos perante um clássico fundo de ações. O FAST Global da Fidelity International é o value elevado ao nível seguinte. Se tivesse que definir o seu estilo, Dmitry Solomakhin coloca o ênfase no seu espírito contrarian. Muito contrarian. O gestor desta estratégia de ações global compõe a sua carteira com empresas castigadas pelo mercado, geralmente penalizadas durante vários anos, seja por razões financeiras, problemas de governance ou operações, etc. “O mercado tem razão 90% das vezes. Quando considera que um modelo de negócio está danificado é porque está. Eu tenho que encontrar esses 10% onde o mercado se engana”, afirma.
É uma filosofia que Solomakhin tem vindo a aplicar quase há 10 anos. Uma experiência nada cómoda, reconhece, tendo em conta os anos de dominância de outros estilos como o growth (crescimento) ou o income (geração de rendimentos). Felizmente para o gestor, o volátil contexto de mercado em que nos encontramos é o que mais o apaixona. Quando as emoções estão à flor de pele e há pouco estômago para os ativos de risco. “O meu fundo é uma estratégia de tempo de crise. A volatilidade é a minha melhor amiga”, afirma.
Ser value não implica necessariamente uma carteira mais cíclica. Solomakhin analisa empresas cujo valor tem problemas reais desde há muito tempo. A partir daí constrói um cenário no qual o negócio é capaz de dar a volta. O gestor, o que procura, é o potencial de que se produza uma mudança de verdade, não só que os ventos voltem a soprar a favor da economia ou do mercado. “É algo muito mais profundo do que cíclico”, insiste e, portanto, que requer uma análise mais complexa. “Porque não é algo que se possa cronometrar. Na verdade, nego-me a tentar fazer market timing. As reestruturações sempre demoram mais tempo do que aquilo que se pensa inicialmente”, explica.
Por isso, o processo de investimento deste fundo trabalha com um horizonte de cinco anos para que as teses de
VALUE, CONTRARIAN, CONSISTENTE
Pode ser-se contrarian e gerar retornos consistentes?
Embora não seja o foco principal do processo de investimento, o track record a longo prazo do FAST Global da Fidelity International não revela uma rentabilidade construída com base em altos e baixos. O fundo situa-se no primeiro quartil da sua categoria a cinco anos, e nos últimos sete anos apenas em dois fechou em negativo: 2018 e 2020.
investimento se cumpram. “Mas este é um número médio. Tive posições que numa questão de meses davam a volta e outras que nem passados 10 anos se cumpriam”, conta.
O facto de o gestor não fazer market timing implica que geralmente comece a construir uma posição quando as condições de negócio ainda se estão a desenvolver. É como tentar apanhar uma faca que está a cair, como define o próprio Solomakhin. “Idealmente a exposição completa coincide com o ponto de máxima dor no preço da ação, mas na realidade é que quando se pensa que a situação não pode ficar pior é quando fica”, reconhece. O gestor não pretende 100% de êxito das suas apostas. Na verdade, calcula que a percentagem de trades rentáveis (hit ratio) esteja próxima de 55%. Um número decente, na sua opinião. Por exemplo, como quando viu o potencial da Tesla há cinco anos, quando era uma das empresas com posições mais curtas no mercado, o que rapidamente se materializou. Claro que isto significa, então, que a percentagem de value traps é de 45%.
HUMILDADE
Dito o anterior, poderia esperar-se do FAST Global da Fidelity um track record muito volátil, com anos de forte rally e outros de descida aos infernos, como costuma acontecer com muitos fundos de filosofia contrarian. Mas nada mais longe da realidade. Dos últimos sete anos, o fundo fechou em negativo em apenas dois: 2018 e 2020. Em ambos os casos com quedas inferiores a 7% em euros. Na realidade, o veículo situa-se no primeiro quartil da sua categoria, tanto a três como a cinco anos, com rentabilidades anualizadas de duplo dígito.
O segredo desta consistência: a parte de posições curtas da carteira. A estratégia pode ter até 30% da carteira em posições curtas e o gestor usa plenamente essa flexibilidade. Mas com cabeça. “Assumir posições curtas é uma experiência que devolve a humildade. Se uma posição curta não funciona é fácil que o mercado te barre,
pelo que é crucial pensar na proteção de queda. Também aceitar os erros. Se uma ideia não está a funcionar, não continuar a insistir nela”, explica.
Fiel à sua recusa em fazer market timing, Solomakhin não saberia explicar em detalhe porque é que 2022 foi um bom exercício para o fundo (subiu em euros cerca de 23,78%). Se compararmos a carteira a princípio de ano com a que geria no final de 2019, antes de ter estalado o COVID, a sobreposição de ideias é de 90%. “Não é que entrasse em 2022 com uma ideia de estar mais ou menos avesso ao ris-

O MEU FUNDO É UMA ESTRATÉGIA DE TEMPOS DE CRISE. A VOLATILIDADE É A
co”, afirma. Tem mais que ver com o facto dos retornos gerados o ano passado serem fruto de uma mudança importante na tendência do mercado: o regresso do value. “Se pensarmos bem, 2022 não foi mais do que o regresso a um processo que começou no final de 2019”, insiste.
O estalar da pandemia foi uma pausa, mas ainda acredita que estamos nos inícios dessa reversão. “Não estou a tentar prever se haverá mais subidas ou quedas, mas têm existido tantos excessos gerados pelos estímulos monetários que ainda não se limparam do sistema”, defende.
ENTREVISTA EXECUTIVO

NOVO RESPONSÁVEL
Jorge Silveira Botelho é agora o responsável pela Gestão de Ativos, tendo estado à frente da área de investimentos durante os últimos 10 anos e acumulando mais de 30 anos de experiência em mercados financeiros. O foco do profissional e da área continua a ser a poupança.

RESPONSÁVEL PELA GESTÃO DE ATIVOS, BBVA ASSET MANAGEMENT PORTUGAL
NOSSO ADN É FOCARMO-NOS NA POUPANÇA DE LONGO PRAZO”
Após anos a assumir as rédeas da área de Investimentos da BBVA AM em Portugal, o profissional tem agora em mãos os comandos da gestão de ativos. Pouco muda no rumo da entidade, pois apresentar ao cliente as melhores soluções continua a ser o grande foco.
Com um caminho percorrido desde o final de 2013, a BBVA Asset Management Portugal nasceu com um enfoque muito específico: agregar todas as áreas de gestão, que vão desde a gestão discricionária, passando pelos fundos de investimento e de pensões, clientes particulares e clientes institucionais. Esse foi um caminho que Jorge Silveira Botelho acompanhou no papel de responsável de Investimentos até há bem pouco tempo. Recentemente assumiu funções de responsável pela Gestão de Ativos da entidade em Portugal, mas garante que em termos de visão e estratégia de negócio pouco ou nada mudou.
O universo de fundos de pensões abertos e PPR continua a ser o grande foco da entidade, tal como redefinido em 2014. Nessa altura, conta agora o responsável, “percebeu-se que existiam grandes sinergias entre as várias divisões da entidade”, e o universo dos fundos de pensões e dos PPR foi aquele que acabou por ser mais explorado, e de “uma forma completamente diferente do que faziam até então”. A verdade é que não se enganaram na mudança de rota efetuada na altura. “Temos crescido muito nos últimos anos”, afiança o profissional. Prova disso é a quota de mercado superior a 9% que registam nesse âmbito.
Atentos às dinâmicas de mercado, mas sobretudo às necessidades dos clientes, na entidade são muito reativos. Exemplo disso são os dois fundos PPR de vencimento definido que lançaram recentemente. Um movimento que o profissional justifica com o aproveitamento do “atual contexto de taxas de juro”, mas também tirando partido “da transferência
entre produtos que os PPR permitem”. A fórmula é simples: “O que fazemos é estruturar soluções de investimento para os nossos clientes de acordo com as alterações de mercado, mas fazendo também o necessário para os conservar”, atesta o responsável. Desse modo, tentam também encontrar soluções que atuem “de uma forma simples e eficiente, tanto em termos fiscais como de comissionamento”.
FOCO NA POUPANÇA
Um exemplo dessa procura de soluções teve que ver com o campo ESG e a necessidade de estarem presente nele. “Fomos os primeiros cá em Portugal a lançar fundos de pensões artigo 8º da SFDR”, recorda, lembrando assim o aparecimento do BBVA Sustentável Moderado ISR. Nessa senda de novas opções,recorda também o lançamento das carteiras BBVA Multi3estratégia, um serviço personalizado de comercialização conjunta de PPR. “É algo inovador dentro do domínio dos PPR”, enfatiza também, relembrando qual o caminho futuro da entidade. “O nosso ADN é focarmo-nos na poupança de longo prazo”, assegura.
A literacia financeira também continua a ser um dos bastiões da entidade, e uma área que quer continuar a preservar. Nesse âmbito, fala “de um espírito de serviço constante”, mas vai mais longe. “Queremos passar a ideia ao cliente de que deste lado pode sempre contar com um interlocutor com uma opinião formada e não formatada, que tenta explicar o que está acontecer de forma fundamentada. Tentamos até antecipar o diálogo”, atesta.
Apesar da consolidada quota de mercado que a BBVA AM tem em fundos de pensões e PPR, o agora responsável pela Gestão de Ativos não esconde que ambicionam continuar a crescer nesse mercado. Lembra, por exemplo, que “muita gente não sabe que e em Portugal a alienação de habitação própria permanente pode ser um importante complemento de reforma para pessoas reformadas ou com mais de 65 anos, na medida em que o imposto de mais-valia não terá de ser pago ao Estado se for investido num fundo de pensões”. Uma outra oportunidade vai ser o PEPP, o produto individual de reforma pan-europeu, que poderá ser uma excelente oportunidade para indústria em Portugal. No entanto, as ambições futuras da entidade não se ficam por aqui. “Vamos querer aumentar a quota de mercado que temos em PPR e fundos de pensões e, possivelmente, tentar entrar mais decididamente no mundo das adesões coletivas”, prevê o profissional. Mas nesse campo antecipa algumas dificuldades. “A legislação dos fundos de pensões para empresas é confusa e induz em erros. Existem demasiados vazios na lei, susceptiveis de diferentes interpretações”, concluiu.
“O
Em 2021, a pandemia da COVID-19 e as suas consequências eram o foco de todas as preocupações. Dois anos depois, o contexto altera-se e a inflação torna-se o problema central. Apesar da saúde não estar livre das dificuldades provocadas por este novo ambiente macroeconómico, Vinay Thapar considera que este setor está preparado para os desafios que se avizinham.


Da última vez que falámos com Vinay Thapar, gestor do AB International Health Care Portfolio, da AllianceBernstein, o mundo encontrava-se a lidar com a pandemia de COVID-19 e as suas consequências. Nesse período o setor da saúde encontrava-se em grande foco. O que mudou e o que se manteve desde então?
Há coisas que, independentemente dos contextos, não mudam e uma delas é a preferência que a equipa gestora deste fundo com Rating FundsPeople 2023 mantém pelo ROIC (Retorno sobre o Capital Investido) e pelas taxas de reinvestimento das empresas. “Focamo-nos em negócios fundamentalmente fortes, em vez de tentar prever eventos binários ou de curto prazo que terão pouca influência na rentabilidade a longo prazo”, afirma o gestor.
Vinay Thapar considera o setor da saúde único, uma vez que “oferece aos investidores uma mistura de características defensivas e dinâmicas”. O setor beneficia de um fluxo constante de procura, complementado por fortes tendências dinâmicas. Tudo isto tem impulsionado a inovação no setor a um ritmo crescente, e apresentado aos investidores oportunidades potencialmente atrativas. “Estamos a assistir, no século XXI, a um aumento da inovação”, acrescenta. A inovação tecnológica está a transformar por completo o setor, com inovações que vão desde tecnologias de cirurgia robótica à medicina preventiva.
Em 2021, a inovação tecnológica já era tema, com foco na digitalização do setor, como o crescimento da telemedicina. Avançando dois anos, este tema mantém-se nos holofotes, com o gestor a falar também das novas capacidades de diagnóstico que podem permitir, por exemplo, descobrir antecipadamente alguns cancros através de exames ao sangue.
A par desta área, há outras duas que se mantêm, desde a última entrevista ao gestor, as melhores oportunidades. São elas o diagnóstico e as terapias robóticas e minimamente invasivas.
INFLAÇÃO E SUBIDA DAS TAXAS
Se em 2021 a pandemia era um grande elemento de influência nos mercados, em 2022-2023 o contexto mudou drasticamente. Substituindo a COVID-19 como grande preocupação, a inflação entrou em cena. Poderá o contex-
TÓPICOS QUE FAVORECEM O SETOR
As alterações na utilização dos cuidados de saúde, como o crescente uso da telemedicina, podem ser benéficas para as empresas deste setor. Desta forma, a abordagem da equipa é, segundo o gestor, procurar “empresas com elevados retornos de capital e com capacidade para reinvestir no mercado”.
to de elevada inflação e consequente aumento das taxas de juro ter influenciado o setor da saúde?
Vinay Thapar afirma que “as ações globais encenaram um rally substancial durante o primeiro mês de 2023, uma vez que os recentes dados económicos aumentaram as expetativas de que a inflação pode ser travada sem causar uma recessão significativa”. Desta forma, com um sentimento cada vez mais positivo de uma aterragem suave e de um dólar norte-americano mais débil, as ações globais subiram, como lembra o profissional.
Apesar do contexto de agressivas subidas de taxas, o crescimento persistiu - embora a um ritmo mais lento. A atividade comercial da zona euro foi melhorando à medida que o PMI entrou em território de expansão e a confiança do consumidor cresceu em parte devido à diminuição da preocupação com os custos e escassez da energia. “No entanto”, afirma o gestor, “o sentimento positivo do investidor tornou-se cauteloso no final do mês de janeiro, antes das reuniões dos bancos centrais no início de fevereiro”.
Segundo os relatos, o novo ano está a ter um início surpreendente. O crescente interesse por empresas de maior risco surpreendeu muitos, incluindo o gestor. No entanto, Vinay Thapar confessa que continua cético “quanto à continuação deste rally, uma vez que o mercado parece estar a descontar tanto um melhor crescimento económico, como taxas baixas” - uma contradição, na sua opinião. Assim, a maioria das empresas de cuidados de saúde sensíveis à economia não indicaram um regresso definitivo ao crescimento e esperam, em vez disso, uma recuperação na segunda metade deste ano.
“Em última instância, continuamos confiantes na nossa filosofia e processo - com o objetivo de proporcionar uma exposição consistente à rentabilidade e ao crescimento, que provou ser um sucesso para os investidores no passado”, acrescenta. O gestor mantém, desta forma, a crença de que grande parte da normalização das taxas já ocorreu.
A contínua inovação tecnológica, os fortes níveis de rentabilidade e a menor dependência da força económica permitem que o setor da saúde continue bem posicionado e o gestor acredita que as empresas com modelos de negócio de elevada qualidade estarão bem equipadas para enfrentar os próximos desafios. “Continuamos a acreditar que o setor
ÚNICA E ATRATIVA ENTRE A INOVAÇÃO E A DEFESA PARA OS INVESTIDORES A LONGO PRAZO”
global dos cuidados de saúde representa uma intersecção única e atrativa entre a inovação e a defesa para os investidores a longo prazo”, acrescenta.
OS TÓPICOS QUE FAVORECEM O SETOR
A utilização dos cuidados de saúde nos Estados Unidos está a mudar, com a crescente utilização da telemedicina e de locais alternativos de prestação de cuidados de saúde. É possível que estas alterações levem a uma utilização mais discreta desses serviços, o que pode ser benéfico para as empresas de cuidados de saúde. “Como tal, equipamentos, prestadores e serviços de cuidados de saúde são os segmentos do nosso portefólio que se têm saído bem”, conta o gestor. Os fornecedores de equipamento de laboratório têm, em particular, beneficiado dessa mudança devido ao desenvolvimento de medicamentos mais complexos, incluindo biologia, terapia e edição genética. “Investimos em empresas que fornecem equipamento à indústria biotec-
nológica. Esta abordagem ajuda-nos a investir na inovação dessa indústria de uma forma rentável e de menor risco, enquanto proporcionam um elevado crescimento”, afirma.
Desta forma, a abordagem da equipa é procurar “empresas com elevados retornos de capital e com capacidade para reinvestir no mercado”. Assim, explica-nos, desde que as empresas tenham essa qualidade comprovada, o seu canal de desenvolvimento de medicamentos pode ser uma via útil para um maior crescimento - excedendo muitas vezes as expetativas do mercado.
Tal como em 2021, não estão preocupados em tentar prever o sucesso dos ensaios clínicos, uma vez que a literatura académica e as provas empíricas já mostraram que a grande maioria dos medicamentos não chega ao mercado. “Em vez disso, procuramos investir em negócios com fortes níveis de eficiência de capital e crescimento onde o pipeline de novos medicamentos pode ser adquirido como opção de compra”, conclui.

“CONTINUAMOS A ACREDITAR QUE O SETOR GLOBAL DOS CUIDADOS DE SAÚDE REPRESENTA UMA INTERSECÇÃO
EVOLUÇÃO
O processo da Casa de Investimentos reorientou-se para um foco em negócios excecionais a um preço sensato.


Emília Vieira
CEO, CASA DE INVESTIMENTOSCASA DE INVESTIMENTOS EVOLUI A FORMA COMO SELECIONA OS NEGÓCIOS EXCECIONAIS QUE QUER TER NA CARTEIRA
A equipa da Casa de Investimentos fez alguns ajustes à forma como seleciona investimentos. Na carteira continuam a ter lugar apenas negócios que apelidam de excecionais, mas a gestora reviu os critérios sobre o preço que está disposta a pagar para os adicionar à carteira.
ACasa de Investimentos é bem conhecida do mercado pela sua abordagem value, com muito do espírito de Warren Buffett a refletir-se no seu processo e filosofia. Mas tal como os grandes investidores do presente e do passado evoluíram a sua abordagem ao mercado, a entidade gestora de Braga fez evoluir a sua. Emília Vieira, a CEO, explica-nos o que mudou na estratégia de seleção da Casa. “Estamos hoje em dia ainda mais otimistas sobre o que podemos providenciar no futuro, depois de termos ajustado aquela que é a nossa filosofia de investimento”, introduz.
Como explica a profissional, desde os primeiros anos da Casa de Investimentos o foco era numa carteira muito concentrada de bons negócios mundiais, que procuravam adquirir com desconto significativo face ao valor intrínseco. Essa parte não mudou, mas mudou a máxima pela qual se regem, uma máxima que está subjacente ao fundo PPR já desde o seu lançamento: “Hoje em dia estamos muito mais preocupados
em investir em negócios excecionais a um preço razoável, do que em negócios razoáveis a preços excecionais”, conta.
A filosofia de investimento da Casa de Investimentos, que sempre se focou na compra de negócios altamente rentáveis, com grandes e duradouras vantagens competitivas, potencial significativo de crescimento e geridas por equipas “de grande nível”, considera agora de forma distinta o preço justo a pagar. Mais especificamente, como nos conta Emília Vieira, o “fator preço tem, agora, que ser ajustado às expectativas de retorno ao longo do tempo” “Quando temos dois negócios, um que conseguimos comprar com margem de 30% de desconto face à estimativa de valor, mas que tem rentabilidades anuais de 5 ou 6%, este investimento nunca será tão bom como um que tenhamos que pagar o preço justo e a empresa ganhe 15 ou 20% ao ano”, detalha. Procura, assim, um enfoque maior em títulos de empresas que possam compor rendimento a longo prazo.
CARTEIRA MENOS CÍCLICA
Em antecipação do movimento de normalização de taxas de juro, após anos de juros negativos, a equipa de investimentos ajustou a carteira preparando-se para um novo ciclo de subida de taxas, o que resultou na saída de títulos como o Bank of America. “A equipa já se estava a preparar para este cenário económico. Tivemos a preocupação de preparar a carteira com negócios com menos alavancagem e com mais independência do ciclo económico. Negócios que queremos na nossa carteira, faça chuva ou faça sol”, aponta. Já empresas como a LVMH, a Inditex, Adobe ou Ansys, conquistaram o seu lugar na carteira depois de um processo longo de due dilligence.
Já a sustentabilidade, ocupa hoje em dia o seu lugar no portefólio, mas de forma indireta. Por um lado, há anos que a equipa decidiu não investir em combustíveis fósseis, mas as razões vão além das ambientais. “Muitos dos ativos destas empresas encontram-se em geografias com sistemas políticos duvidosos. Estas empresas podem facilmente ver-se privadas dos ativos pelos quais pagaram. Por outro lado, os lucros que geram estão sempre dependentes de uma única matéria-prima e, consequentemente, são bastante cíclicos. E por último, falamos de negócios que terão, certamente, que limpar a sua pegada ecológica”, explica Emília Vieira.
Por outro lado, as empresas e marcas mundiais em que investem têm, segundo Emília Vieira, uma forte preocupação com as questões ambientais e sociais, algo que não passa ao lado do processo de investimento. “As empresas sabem bem que hoje em dia os investidores são sensíveis a estes temas. Qualquer proposta que vai a comité de investimentos é batalhada na vertente ESG”, aponta.
Como quando se faz escalada, na gestão do BGF ESG MultiAsset Fund, Conan McKenzie considera muito importante que tenham instalados os equipamentos e as medidas de segurança que protegem a carteira contra eventos extremos. Somando a proteção à flexibilidade e diversificação efetiva consegue-se uma carteira multiativos todo-o-terreno.


VISÃO HOLÍSTICA
O gestor e a sua equipa recorrem a toda a força e capacidades da BlackRock para a gestão de nichos especializados no portefólio. “Este mundo é muito vasto e é muito bom para nós, como gestores multiativos na BlackRock, poder contar com capacidades em todo e qualquer cantinho que existe no mundo dos investimentos”, exclama.
Por vezes, as lições mais importantes e das quais colhemos importantes frutos para a nossa vida profissional acontecem na nossa vida pessoal. Para Conan McKenzie, gestor do BlackRock Global Funds ESG
Multi-Asset essa importante lição aconteceu há três anos num acidente de escalada. “Estar deitado no hospital com ambos os braços incapacitados fez-me pensar muito acerca de risco. O conjunto de eventos improváveis, mas plausíveis é muito vasto, e a segurança é importante, mesmo que isso represente um custo”, conta. Meses depois do acidente de escalada, um outro acidente sucedeu - socioeconómico global e de nome pandemia -, e, para o gestor, os arnêses e amarras instalados em torno do portefólio fizeram toda a diferença. Passaram-se dois anos e já com a lição aprendida e consolidada, 2022 traz novas surpresas. “O ano passado foi muito assustador para muitos investidores, mas especialmente para os investidores multiativos. A descorrelação fundamental que aprendemos na teoria de portefólios não se verificou”, comenta Conan McKensie. Mas novamente, os ganchos, as amarras e os arnêses estavam instalados, o que, por outras palavras, é o mesmo que dizer diversificação efetiva, flexibilidade e seguros contra eventos extremos.
Começa pela flexibilidade. “Este é um fundo desenhado para ser todo-o-terreno. Nós, como equipa, movimentamos a alocação de forma significativa como resposta ao ambiente de mercado. No ano passado, tivemos a flexibilidade para movimentar a carteira durante alguns meses para liquidez, que atingiu os 19%. É algo que não faríamos a longo prazo, mas que foi importante para nos abrigarmos durante os períodos mais incertos”, expõe.
Já no que diz respeito aos seguros contra eventos extremos, Conan McKensie conta como a equipa tinha construído no portefólio alguns compartimentos e algumas classes de ativos que sabia que iriam ter uma boa performance num cenário de elevada inflação. As infraestruturas de produção energética são um bom exemplo. “É um investimento que faz dinheiro a produzir eletricidade e, evidentemente, teve uma muito boa performance quando os custos da energia subiram como no ano passado”, diz. Por outro lado, também se haviam precavido contra a subida de taxas por parte dos bancos centrais, nomeadamente, com uma posição curta numa carteira de ações de empresas
tecnológicas com prejuízos. “São empresas que certamente iriam sofrer num ambiente de taxas de juros altas e, para nós, foi uma cobertura muito oportuna”, explica.
EFETIVA DIVERSIFICAÇÃO
Por fim, a verdadeira e efetiva diversificação. “Temos uma opinião muito forte de que diversificar uma carteira multiativos não é só comprar ações e obrigações. Asseguramos que estamos diversificados através de um intervalo muito mais vasto de métricas e dimensões”, assevera o profissional. Às classes de ativos mais clássicas, a equipa soma matérias-primas, moedas, alternativos, liquidez, etc., em qualquer região e através de uma multiplicidade de setores. Mas não só. “Diversificamos também através de estilos de investimento. Em ações, temos compartimentos geridos de forma fundamental e outros de forma sistemática. Estes tendem a ter a sua melhor performance em períodos distintos, pelo que a sua conjugação permite usufruir de uma viagem mais tranquila”, explica.
Mas a tal diversificação efetiva é um objetivo no sentido do qual a equipa não está sozinha a trabalhar. Pelo contrário, tem toda a força e capacidades da BlackRock por detrás. “Apesar de estar convicto que a nossa equipa de investimento é muito boa, definitivamente não sabemos tudo acerca de tudo no mundo do investimento. Este mundo é muito vasto e é muito bom para nós, como gestores multiativos na BlackRock, poder contar com capacidades em todo e qualquer cantinho que existe no mundo dos investimentos”, exclama.
Como explica Conan McKensie, estas capacidades são, por vezes, usufruídas de forma informal, quando a equipa quer saber a opinião de algum gestor ou equipa sobre um determinado tema. Contudo, e importante na forma como abordam a carteira, a equipa aloca formalmente parcelas do fundo a outras equipas na empresa. “Não investimos em algum fundo que as equipas gerem, mas desenhamos, sim, uma estratégia em conjunto, que as equipas especialistas implementam diretamente através de seleção de títulos. Conseguimos assim construir exposições de nicho na carteira que são, frequentemente, interessantes geradoras de alfa. O investimento multiativos e a seleção de ativos individuais são duas abordagens que requerem um conjunto de talentos distintos. Nós temos a possibilidade de conjugar ambos na nossa carteira”, descreve.
E, segundo diz, há dois outputs importantes desta abordagem. Por um lado, não existem fees adicionais. Por outro, a gestão do risco. “Gerindo e detendo os ativos todos dentro da BlackRock, a informação flui de forma muito mais eficiente e as métricas a que temos acessos são mais imediatas e rigorosas”.
O PROCESSO ESG
Finalmente, os diferentes patamares do processo ESG. São três, como indica o gestor. Antes de mais, as exclusões que foram estabelecidas há quatro anos como resultado de “consultas aos clientes e parceiros. Chegámos a um conjunto de setores e empresas que de forma quase inequívoca não têm lugar num fundo ESG”, conta.

Em segundo lugar, a abordagem best in class, onde a equipa trabalha com a MSCI. O gestor considera importante recorrer a um provedor externo para não correr o risco de parecer que “estão a dar a nota ao seu próprio trabalho de casa”. “A não ser que nos encontremos em de-
CONSIDERO MAIS EXCITANTE”
sacordo, nas classes de ativos que a MSCI cobre, consideramos que o rating BBB é o equivalente investment grade dos ratings ESG e é também o nosso limite”, conta.
Por fim e não menos importante, a abordagem temática. “A parte de investimento temático em sustentabilidade na nossa carteira é aquela que considero mais excitante. Grande parte das abordagens ESG são focadas naquilo que não se tem, nas exclusões. Acho mais interessante focar naquilo que efetivamente temos e que contribui para um mundo mais sustentável”, introduz. Nesta componente temática, como diz o profissional, a equipa “usa o ESG como uma fonte de retornos mais do que como uma fonte de restrições. No longo prazo, acreditamos que vai acontecer um movimento a nível global. Vai acontecer na forma como produzimos comida, ou na forma como geramos energia, por exemplo. Queremos que este fundo esteja no centro desse movimento, e que os nossos clientes possam beneficiar disso investindo nas infraestruturas que vão possibilitar a transição”, conclui.
“A PARTE DE INVESTIMENTO TEMÁTICO EM SUSTENTABILIDADE É AQUELA QUE

OBRIGAÇÕES EMERGENTES DEPOIS DA TEMPESTADE, CHEGA A BONANÇA O
Depois das perdas registadas pelas obrigações emergentes em 2022, o mercado recuperou em força. Todos os fatores que penalizaram esta classe de ativos parecem agora soprar a favor de um segmento de mercado no qual alguns riscos não desapareceram.
ano passado foi historico para o rendimento fixo emergente. Negativamente. Medido pelo índice JP Morgan
GBIEM Global Diversified em moeda local, a rentabilidade em euros registada por esta classe de ativos foi de -13,8%. Em divisa estrangeira, o comportamento do índice JP Morgan EMBI Global Diversified em euros foi ainda pior: -17,7%. Para os gestores de fundos de investimento de rendimento fixo emergente foi um período muito difícil.


“Nas três décadas que percorri no mundo da gestão de ativos nunca tinha visto um ano tão complexo”,

reconhece Damien Buchet, gestor do Finisterre Unconstrained Emerging Markets Fixed Income.
Refere-o pelo complicado que foi para ele tentar antecipar a sucessão de eventos que se foram concatenando e que atingiram o mercado diretamente: guerra na Ucrânia, aumento do preço das matérias-primas, forte valorização do dólar, aumento inflacionário, subidas agressivas das taxas de juro pelos bancos centrais, confinamentos na China... Todo esse ruído assustou os investidores. “Saíram da categoria 80.000 milhões de dólares. O peso dos títulos de mercados emergentes nas carteiras de investidores institucionais
JUPITER GLOBAL EMERGING MARKETS SHORT DURATION BOND

globais está agora entre 1% e 2%, quando historicamente se moveu na faixa de 3% a 5%. É uma classe de ativos que ninguém tem”, diz. A boa notícia é que, depois da tempestade, vem a bonança. O mercado da dívida iniciou uma recuperação no final do ano passado que parece estar a consolidar-se. Tudo o que em 2022 explodiu contra a classe de ativos agora é um vento a favor. A margem para ver novas subidas do dólar e das taxas de juro nos EUA está a diminuir; e o contexto macro é mais positivo. “A inflação nos EUA está a moderar-se e existe a possibilidade de uma aterragem económica suave”, sublinha Mary-Therese Barton.
Segundo a diretora de Mercados Emergentes da Pictet AM, nos países emergentes o contexto também ajuda. “Na América Latina, Europa de Leste, Médio Oriente e África, o ciclo de subida de taxas de juro está em etapas tardias ou em máximos”, indica. Tudo isso sem esquecer o que representa a reabertura da China para a melhoria do turismo, o comércio e a exportação de metais, o que beneficia principalmente a Europa de Este, o Chile, Perú, assim como a Malásia e a Tailândia. “As perspetivas da dívida emergente melhoraram muito depois do fim da política de COVID zero na China e o seu renovado apoio ao se -
MFS MERIDIAN FUNDS EMERGING MARKETS DEBT FUND

NEUBERGER BERMAN SHORT DURATION EMERG. MARKET DEBT FUND

3 ANOS: RENTABILIDADE 5 ANOS:
RENTABILIDADE 1 ANO: RENTABILIDADE 3 ANOS: RENTABILIDADE 5 ANOS:
RENTABILIDADE 1 ANO:
3 ANOS:
5 ANOS:
PRODUTOS COMPARAÇÃO
ABERDEEN STANDARD SICAV I FRONTIER MARKETS BOND FUND



GESTOR KEVIN DALY
MERCADOS FRONTEIRA
Este fundo investe em obrigações emitidas por empresas, governos ou outros organismos de países de mercados fronteira. A sua abordagem de investimento unconstrained leva a uma carteira de yield mais elevada e menos correlacionada com outras classes de ativos. Utilizam uma abordagem de valor relativo, ponderando sistematicamente o risco e a rentabilidade, identificando investimentos com caraterísticas atrativas por retorno-risco. Fazem-no através da sua plataforma Quantum, que integra a gestão de risco no processo de investimento e construção da carteira, além da análise ESG. Gerem o portefólio com base no retorno total e não em relação a um índice de referência, mas procuram gerar um excesso de retorno de 200 pontos base anuais face ao índice geral dos mercados emergentes. Investem predominantemente em obrigações soberanas em divisa forte, embora também tenham margem para o fazer em dívida corporativa em divisa forte, juntamente com obrigações em divisa local, onde assumem diretamente o risco de divisas.
BL BOND EMERGING MARKETS SUSTAINABLE

GESTOR JEAN-PHILIPPE DONGE
ABORDAGEM SUSTENTÁVEL
Trata-se de uma estratégia do BLI que oferece uma exposição moderada ao risco da dívida de mercados emergentes, uma vez que prestam especial atenção à redução do risco de queda. A carteira foca-se em investimentos de emitentes com uma qualidade de crédito estável ou em vias de melhorar. Investem em obrigações denominadas em dólares, embora também façam investimentos oportunísticos em emissões de divisas locais. Uma das características idiossincráticas da estratégia é que combina várias abordagens de investimento sustentável e responsável através da otimização ESG da componente soberana, mediante uma classificação própria ou realizando investimentos em obrigações de impacto ligadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS). Em 2022, o fundo manteve um posicionamento mais qualitativo e defensivo do que o mercado, o que lhe permitiu resistir melhor. Por exemplo, enquanto o índice está cerca de 50% exposto a high yield, a ponderação do mercado de high yield do fundo representa apenas um quarto da carteira.
GOLDMAN SACHS EMERGING MARKETS DEBT PORTFOLIO
UM FUNDO COM CINCO PILARES
A carteira deste fundo está investida em títulos de obrigações de todo o tipo de emitentes de emergentes. O objetivo desta estratégia é superar o JP Morgan EMBI
Diversified Index em 1,5%-2% brutos anuais com um tracking error de 2%-3% por ano. A sua filosofia de investimento apoia-se em cinco pilares fundamentais: gestão ativa; abordagem de análise consistente para capturar oportunidades de forma disciplinada e consistente; horizonte de investimento a longo prazo; uso de tecnologia de ponta para controlar o risco de forma sistemática, e pontos de vista diversos de outras equipas de investimento internas para construir uma visão mais informada sobre temas macro. Atualmente, estão subponderados em crédito IG e sobreponderados em crédito BB. Estão cautelosamente otimistas em relação ao crédito soberano de mercados emergentes e construtivos quanto ao crédito, por considerarem que a solvência é sólida e que os custos do serviço da dívida externa são controláveis
JUPITER GLOBAL EMERGING MARKETS SHORT DURATION BOND
MFS MERIDIAN FUNDS EMERGING MARKETS DEBT FUND



NEUBERGER BERMAN SHORT DURATION EMER. MARKET DEBT FUND
GESTOR ALEJANDRO ARÉVALO
TENTANDO REDUZIR A VOLATILIDADE
O que a Jupiter AM tenta oferecer aos investidores com este produto é uma estratégia de investimento que proporcione o rendimento e o crescimento típics da dívida dos mercados emergentes, mas limitando o perfil de risco global com um nível de volatilidade mais moderado. Mantêm estruturalmente uma baixa exposição às taxas de juro, com uma duração global do fundo de cerca de 2,2 anos. Do ponto de vista do crédito geral, têm um modesto viés para o segmento de maior qualidade do mercado de dívida high yield, com uma classificação geral de BB. No entanto, nos últimos meses aumentaram gradualmente a qualidade na carteira, com um aumento da exposição a investment grade e uma diminuição progressiva da alocação a high yield. Focamse nos fundamentais, algo que consideram essencial para conseguir o retorno do capital investido e evitar incumprimentos. Por último, evitam realizar apostas concentradas.
GESTORES
SELEÇÃO E DIVERSIFICAÇÃO
O objetivo de investimento deste fundo é superar a rentabilidade do índice JPMorgan Emerging Markets Bond Global Diversified durante um ciclo de mercado completo. Consideram que a melhor maneira de conseguir um retorno ajustado ao risco consistentemente favorável é explorar as ineficiências do mercado através de uma análise fundamental superior, uma procura global de valor e uma ênfase na gestão do risco de queda. Foca-se principalmente em dívida soberana e quase soberana denominada em dólares, mas pode investir pontualmente em dívida corporativa e em instrumentos de taxas e divisas locais. O seu estilo de investimento está orientado para o value. Colocam uma forte ênfase na gestão do risco de queda. Para isso, tentam obter retornos superiores através de uma cuidadosa seleção de países e créditos (ou seja, decisões de alfa, não decisões de beta timing), mantendo uma boa diversificação e, por outro lado, focam-se em títulos líquidos para assegurar a flexibilidade na resposta a condições de mercado em mudança.
UMA FILOSOFIA DE BUY & HOLD

Este fundo investe numa carteira agregada emergente de curta duração, em divisa forte e investment grade. A estratégia é gerida por uma equipa de 41 profissionais com uma média de 25 anos de experiência em gestão de obrigações emergentes. A carteira é uma combinação de emitentes corporativos e soberanos, com uma duração média de aproximadamente dois anos e uma classificação média a nível estratégico investment grade. A equipa não utiliza derivados para cobrir a exposição (taxas de juro/CDS), uma vez que a filosofia do fundo consiste numa seleção bottom-up que se centra principalmente em cobrar os cupões que os seus investimentos oferecem e manter, geralmente, as obrigações até ao vencimento. Por isso, a carteira apresentou historicamente uma rotação relativamente baixa, pois o fundo é fundamentalmente uma estratégia buy & hold. Em linha com a sua exposição histórica, apresenta um posicionamento equilibrado entre crédito (47%) e dívida soberana ou quase soberana (47%).

tor imobiliário”, sublinha Alejandro Arévalo, gestor de dívida emergente na Jupiter AM.
Outra questão importante é o risco político, área em que os gestores veem uma mudança, que é especialmente percetível na América Latina. “Muitos governantes assumiram que criar crises da dívida soberana não é a melhor forma de implementar as suas agendas. Aprenderam as lições do passado”, interpreta Buchet.
Por outro lado, as classificações de crédito das empresas de mercados emergentes são efetivamente limitadas pela notação do país em que estão sediadas. Normalmente, há um limite de um ou dois escalões acima da classificação soberana. “Embora as ten-
dências das classificações de empresas de mercados emergentes tenham sido negativas em termos líquidos nos últimos anos, isso deveu-se mais a mudanças nas notações soberanas do que a alterações nas classificações independentes provenientes dos fundamentais da empresa”, diz Kathy Collins. De acordo com o responsável de investimentos de Dívida Corporativa de Mercados Emergentes da abrdn, cortes impulsionados pelos Estados podem levar a potenciais oportunidades de avaliação incorreta.
MAIOR APETITE
Todos estes fatores em conjunto aumentaram o apetite por esta classe de ativos. O ritmo de entrada de dinheiro
este ano em fundos de dívida de mercados emergentes não é visto desde 2021, com o consenso dos gestores que esperam que esse tipo de títulos ofereça retornos positivos em 2023. No entanto, há também quem alerte que há aspetos que travam o entusiasmo. “As avaliações soberanas e corporativas dos mercados de rendimento fixo de mercados emergentes não são tão baixas quanto parecem. As moedas locais e as taxas de juro dos mercados emergentes parecem potencialmente mais interessantes, mas com nuances”, diz Ward Brown, gestor do MFS Emerging Markets Debt.
Pela positiva, acredita que as divisas desses mercados podem continuar a beneficiar do sentimento de debilidade
4 5 6 4 5 6 4 5 6
do dólar, à medida que o ciclo de subidas da Fed desaparece e a possibilidade de uma aterragem suave permanece. Também destaca que as taxas dos mercados emergentes podem seguir a trajetória descendente das treasuries, bem como a recente melhoria ou flexibilização das condições financeiras nos mercados emergentes. “No entanto, sinais mais claros de recessão nos EUA
provavelmente afetariam todos os ativos, incluindo moedas de mercados emergentes e taxas locais nos países mais perigosos, com prémios de risco mais elevados”.
Todos estes são fatores que os investidores devem ponderar ao analisar uma classe de ativos para a qual os riscos diminuíram, mas não desapareceram.
Já ninguém duvida de que não há volta atrás no caminho da transição energética e da adoção de energias limpas. Cinco grandes tendências que apoiam este tema:
A informação sobre Organismos de Investimento Coletivo ou outros instrumentos financeiros incluída na FundsPeople é apresentada apenas com fim informativo e ilustrativo e não deve ser interpretada como uma oferta de venda ou recomendação de investimento. A informação não representa uma descrição completa dos OIC ou outros instrumentos financeiros e mercados a que faz referência.
climáticas. Os Estados Unidos, a China, o Japão ou o Brasil, entre outros, também lançaram ambiciosas iniciativas para apoiar esta transição;
CRISTINA CARVALHO
Diretora para o mercado Institucional Ibérico e responsável pelo Mercado Português, Amundi
CINCO TENDÊNCIAS QUE APOIAM A ENERGÉTICATRANSIÇÃO
1. Oferta insuficiente quando precisamos de reduzir drasticamente as emissões, reduzir a dependência de energias fósseis e expandir as renováveis; para não mencionar os problemas de abastecimento ligados ao contexto geopolítico e problemas de segurança;
2. Procura crescente com uma população em crescimento e maiores necessidades de urbanização;

3. Política e regulação não apenas na Europa, onde a UE tem uma longa trajetória na luta contra as alterações
4. Maior despesa em infraestruturas em setores como as energias renováveis, a gestão da água, a agricultura…
5. Melhores soluções tecnológicas, com importantes avanços em áreas como a agricultura de precisão, gestão de cultivos por satélite, redes inteligentes, veículos elétricos, armazenamento de energia, entre outros.
Na Amundi contamos com diferentes soluções para acompanhar esta transição impulsionada pela necessidade de abordar as alterações climáticas.
PONTO DE RUPTURA NO MERCADO DE PRIVATE EQUITY?

O mercado de private equity tem estado em boa forma nos últimos anos. No entanto, apesar dos resultados positivos, os fundos de private equity estão sujeitos a um paradoxo: as perspetivas de retorno são boas, mas os investimentos que protagonizam são, por vezes, desafiantes.

OPERAÇÕES DO MERCADO TRANSACIONAL DE PRIVATE EQUITY EM PORTUGAL - 2015 A 2022
Oinvestimento no mercado de private equity teve um crescimento muito significativo, não só em Portugal mas, em geral, em todo o mundo nos últimos dois anos. Dada a atual conjuntura macroeconómica, a elevada volatilidade e taxas de inflação nos mercados, somadas à possível crise sistémica que o setor bancário norte-americano enfrentaria com a falência do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, o capital privado tem sido extremamente atrativo para investidores que, além de diversificar as suas carteiras, procuram alocar os seus recursos em setores que demonstraram resiliência, estabilidade e rentabilidade nos últimos períodos.
RECORD DESDE 2015
Segundo dados do TTR Data, os investimentos de empresas de private equity em Portugal registaram um crescimento significativo nos últimos quatro anos. No ano de 2022, houve 49 transações e um capital mobilizado de 1,6 mil milhões de euros, esses números representam um aumento de 32% em relação ao volume de operações e de 60% no valor total.
Em 2022, o ano apresentou o maior volume de investimentos desde 2015, sendo o ano com maior registo de operações desde então. Em relação aos setores mais ativos nos últimos anos, tecnologia e serviços e distribuição, foram os que mais se destacaram contabilizando 14 e 18 transações cada. No entanto, quando se trata do capital mobilizado, o setor de tecnologia no ano de 2019 evidencia-se com um valor de 2,3 mil milhões de euros.
Referente às geografias nas quais ocorreram as transações, as cros -
s-border registam volume e valor superior às operações domésticas. Em 2022, 67% dos investimentos de private equity em Portugal apresentaram uma ou mais partes estrangeiras, sendo o total registado de 1,6 mil milhões de euros no ano, exclusivamente do âmbito cross-border.
Nos últimos cinco anos, no que diz respeito ao volume de transações, Espanha e os Estados Unidos foram os países que mais investiram no mercado português, registando 38 e 32 operações, respetivamente. Por outro lado, em valor, os Estados Unidos e a França, aportaram 7,2 mil milhões de euros e 5,6 mil milhões de euros, respetivamente, desde 2018. Os setores mais ativos em aquisições inbound em 2022, foram tecnologia com 12 operações, serviços e distribuição com 10, e o setor imobiliário com três transações.
Um dos maiores investimentos realizados em Portugal por uma entidade de private equity nos últimos quatro anos, foi a aquisição pela Morgan Stanley Infrastructure Partners de uma participação de 49% na Altice Portugal FTTH, anteriormente detida pela MEO, subsidiária da Altice por um valor de 2,3 mil milhões de euros.
No que diz respeito a firmas de private equity com maior volume de aquisições no mercado português nos últimos quatro anos, está a Explorer Investments com 10 transações, a Oakley Capital e a Oxy Capital com oito, cada. Quanto à maior operação realizada pela Explorer Investments no ano de 2022, foi o investimento de cinco milhões de euros na NextBitt, sediada em Lisboa. Em relação aos desinves -
AS MAIORES EMPRESAS DE
timentos feitos, encontra-se a Oxy Capital com sete operações, seguida da Explorer Investments com cinco, nos últimos quatro anos.
PONTO DE RUPTURA?
Apesar desses resultados positivos, hoje os fundos de private equity estão expostos a um paradoxo interessante: embora sejam produtos com boas perspetivas e retornos financeiros, os investimentos nesses veículos implicam desafios que podem despertar um clima de cautela e até grandes riscos entre os investidores mais experientes.
Apesar do evento mais recente da falência do Silicon Valley Bank (SVB), as empresas de private equity continuam muito interessadas em investir, mesmo neste banco.
Neste contexto, as maiores empresas de private equity do mundo, tais como a Apollo Global Management, a Ares Management, a Blackstone, a Carlyle Group e a KKR & Co. estariam interessadas em adquirir um livro de empréstimos detido pelo SVB, à medida que os investidores começam a circular os ativos deste banco cali-
forniano que, segundo a MOODY’S, “tem um historial há muito estabelecido no setor que apoia a sua perícia, subscrição conservadora e melhor desempenho do que os seus pares em termos de qualidade de ativos”.
Nesse sentido, as perspetivas para o mercado de private equity em Portugal parecem encorajadoras no meio do ambiente incerto. O apoio ao investimento em participações privadas em Portugal pelo Governo permanece constante e os seus resultados refletem-se no grande número de fundos que estão a aderir e nos níveis de angariação de fundos atualmente observados no mercado. Mais ainda, quando os regimes de incentivos fiscais são hoje em dia aplicáveis a empresas de private equity, tanto fundos de PE como empresas de PE.
A expansão deste mercado exigirá, portanto, que o mercado de private equity seja capaz de se concentrar no crescimento orgânico e na expansão das margens, a fim de investir capital no meio da incerteza global, do aumento da concorrência, das avaliações e das expetativas das partes interessadas.
AÇÕES PORQUÊDEFENSIVAS: AGORA?
Os sinais de inflação e a trajetória futura de aumento das taxas tornaram-se menos claros nas últimas semanas. Os dados de inflação chegaram significativamente acima do esperado, particularmente nos EUA, mas também na Europa. À medida que os medos inflacionários se adensam e a euforia do início do ano continua a diminuir devido ao recente fracasso do SVB e do CS, os mercados globais podem enfrentar uma jornada mais volátil. Apesar da relativa atratividade das yields das obrigações, os investidores também podem querer ter ações defensivas nas suas carteiras, uma vez que os ganhos e dividendos tendem a ultrapassar significativamente a inflação no longo prazo. O que comprar quando as coisas ficam feias?
(1) Value - Xtrackers MSCI World Value UCITS ETF: tende a superar o growth em cenários de aumento das taxas de juro e o desempenho relativo está fortemente correlacionado com a 10Y UST.
(2) Dividendos - Xtrackers Euro Stoxx Quality Dividend UCITS ETF: os índices de dividendos superam durante os períodos de volatilidade e recessão do mercado.

(3) Volatilidade Mínima - Xtrackers MSCI World Minimum Volatility UCITS ETF: historicamente, superou o MSCI World em bear markets em 80-90% do tempo em diferentes holding periods, portanto, pode oferecer uma exposição de ações mais defensiva.
(4) Europa - Xtrackers MSCI Europe UCITS ETF: a Europa pode oferecer avaliações atrativas e maior rendimento de dividendos devido à sua orientação mais defensiva do setor.
AÇÕES
ASSIMETRIA EMERGENTE N
De um lado a economia, do outro os mercados. Embora os países emergentes não estejam imunes à esperada desaceleração mundial, as perspetivas para as suas ações são mais favoráveis.

um mundo cada vez mais multipolar, várias áreas emergentes tiveram elevadas doses de protagonismo em 2022. A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e, entre as consequências da guerra, se a crise energética foi mais evidente na Europa, a escassez e a carestia dos alimentos afetaram mais seriamente outras áreas menos desenvolvidas e preparadas, como grande parte de África. A China passou do encerramento à abertura, e a bolsa turca foi considerada uma das mais rentáveis do ano, uma aposta
complicada à luz da errática política monetária promovida por Erdogan. E claro, a Argentina venceu o Mundial de futebol, embora a sua economia esteja longe dos primeiros lugares de outras tabelas. Ao considerar as expetativas para os países emergentes em 2023, temos de um lado a economia e, do outro, os mercados. Quanto à economia, parece que não são uma excessão à esperada desaceleração mundial.
David Rees, economista sénior de Mercados Emergentes da Schroders, considera que há pelo menos três razões para pensar que o crescimento
económico destes países irá abrandar este ano. Em primeiro lugar, assinala o economista, a sua previsão é que os EUA acompanhem a zona euro e o Reino Unido na recessão, o que “significa que é provável que a procura mundial de bens abrande. Isto irá representar uma ameaça especialmente para as economias pequenas e abertas da Ásia, Europa Central e Oriental e México, todas elas dependentes das exportações para impulsionar o crescimento”.
Em segundo lugar, “embora a reabertura da economia chinesa possa promover a procura de recursos
naturais, é provável que o abrandamento do crescimento mundial pese nos preços das matérias-primas e nos mercados produtores”, acrescenta.
Por último, David Rees considera que as políticas fiscais de muitos países irão continuar a endurecer à medida que os governos tentam reparar o dano causado às finanças públicas durante a pandemia, ao mesmo tempo que o impacto desfasado das subidas das taxas de juro também enfraquecerá a procura.
As perspetivas para os mercados de ações são, no entanto, um pouco mais positivas. Pierre-Henri Cloa -
“PELA PRIMEIRA VEZ EM MUITOS ANOS, ESTÃO REUNIDAS AS CONDIÇÕES PARA UM MELHOR COMPORTAMENTO DOS MERCADOS EMERGENTES” LUCA PAOLINI (PICTET AM)
HÁ UM CLARO
“OS MERCADOS EMERGENTES SÃO MENOS SUSCETÍVEIS DE SOFRER QUEDAS ADICIONAIS SE O CRESCIMENTO ECONÓMICO PIORAR E TÊM UM POTENCIAL ASCENDENTE ASSIMÉTRICO SE SE SUBSTIMAR A SUBIDA CÍCLICA” DIOGO GOMES (UBS AM IBERIA)
DO DÓLAR SERÃO
FUNDAMENTAIS
NA VALORIZAÇÃO
GERAL DAS BOLSAS EMERGENTES
rec, gestor na Nordea AM, mostra-se otimista no que diz respeito às ações dos mercados emergente e, em particular, em relação ao investimento em crescimento. “Os obstáculos de 2022 ficaram para trás ou estão a desaparecer gradualmente: o pico da inflação, o pico do dólar, o endurecimento da Fed e, por último, a política de COVID zero da China”.
CHINA: ESSENCIAL
Há um claro consenso de que a China e a evolução do dólar serão fundamentais na valorização geral das bolsas emergentes. Quando Luca Paolini, estratega principal da Pictet, aponta que “pela primeira vez em muitos anos, estão reunidas as condições para um melhor comportamento dos mercados emergentes”, tem em
conta que “a China é a segunda região com as ações mais baratas” e que a debilidade do dólar (sobrevalorizado entre 20% a 25%, na sua opinião) é uma boa notícia.
O elevado peso da China nos principais índices de ações dos mercados emergentes leva também a que a UBS AM acredite que o retorno das ações destes índices será superior à dos desenvolvidos. Na opinião de Diogo Gomes, CRM sénior da UBS AM Iberia, apesar de a reabertura da China ser, antes de tudo, uma questão de recuperação do consumo interno, continuará a produzir efeitos positivos, embora moderados, nos seus parceiros comerciais, bem como nas matérias-primas. “Acreditamos que isso significa que são menos suscetíveis de sofrer quedas adicionais, se o crescimento económi-


co piorar, e que têm um potencial ascendente assimétrico se se subestimar a subida cíclica”, explica.
Além da China, Pierre-Henri Cloarec, da Nordea AM, destaca outros dois mercados interessantes. “Embora as valorizações sejam elevadas em alguns setores, acreditamos que a Índia conta com algumas das empresas de maior qualidade, com uma ampla margem de crescimento dado o baixo PIB per capita (cerca de 2.000 dólares) e com um dividendo demográfico muito atrativo”, explica. Além disso, vê o Brasil como uma oportunidade de olhar além do ruído a curto prazo, focando-se nos fundamentais a longo prazo, que permanecem muito sólidos. Pierre-Henri Cloarec espera que a volatilidade desvaneça, “especialmente se o novo
governo mostrar sinais claros de responsabilidade fiscal”.
Por setores, a sua aposta mais clara é nos semicondutores, uma vez que considera que haverá “uma recuperação da procura no segundo semestre de 2023, depois de em 2022 se produzir uma correção em todo o setor com grandes reduções das expetativas dos lucros, especialmente no segundo semestre do ano”.
Esta perferência é partilhada por Tom Wilson, responsável de Ações de Mercados Emergentes da Schroders, que assinala que a gestora voltou a “investir em empresas tecnológicas da Coreia do Sul e Taiwan, uma vez que oferecem um bom crescimento estrutural”.
Assim, a atenção está no dólar, na Fed e na China.
RALLY DA DÍVIDA EUROPEIA INVESTMENT GRADE: PODE CONTINUAR?

2022 pode ser considerado um ano terrível para as obrigações investment grade em euros, tal como para a maioria dos ativos de risco mundiais. Isso deve-se ao facto de o mercado ter enfrentado uma tempestade quase perfeita de condições negativas. Em particular, a inflação que não se via há décadas voltou em força, levando os bancos a subir as taxas de juro de forma agressiva de níveis historicamente baixos. Um fator ainda mais inesperado foi o regresso da guerra à Europa em 2022. O conflito, por sua vez, agravou os problemas inflacionários e gerou grandes preocupações, como a segurança energética regional e os riscos de recessão.
A boa notícia é que as tendências dos principais fatores negativos do ano anterior estão a mudar.
Assistimos a uma combinação de fatores: a descida da inflação, a redução do risco de recessão e perspetivas de crescimento muito mais sólidas para a China. O panorama das valorizações também melhorou significativamente, com os rendimentos totais acima dos 4% neste momento.
Estas são as razões pelas quais, apesar da recuperação dos mínimos do ano passado, nos mantemos positivos nas perspetivas para 2023 relativamente ao crédito europeu de grau de investimento.
MOBILIZARÁ

MAIS CAPITAL EM DIREÇÃO A UM IMPACTO SIGNIFICATIVO?
Em 2019, a União Europeia publicava o primeiro rascunho do Regulamento de Divulgação de Sustentabilidade do Setor de Serviços Financeiros (Regulamento 2019/2088 ou SFDR, na sigla em inglês). Esta regulação acompanha muitas outras que se impulsionaram desde então, como a NFRD (Non Financial Reporting Directive), a taxonomia ambiental ou a recente modificação do Regulamento MIFID II em matéria de sustentabilidade.
De acordo com a normativa, os novos fundos criados depois de março de 2021 devem autoclassificar-se segundo os seus objetivos de sustentabilidade: aqueles que não têm em conta a sustentabilidade são artigo 6º; os que a têm em conta como parte do seu processo de investimento são artigo 8º; e as estratégias que têm em conta a sustentabilidade como parte do seu processo de investimento e têm como objetivo realizar investimentos sustentáveis são artigo 9º.
Cada uma destas classificações têm requisitos de informação e reporting distintos, sendo os mais relevantes para os fundos artigo 8º e 9º, que devem demonstrar que não causam danos significativos e que cumprem com as garantias mínimas sociais. Adicionalmente, os veículos artigo 9º têm que provar que contribuem para gerar soluções.
A iniciativa da UE de promover uma regulação para fomentar a transparência e mobilização de capital
A
A regulação europeia no âmbito da sustentabilidade é um passo importante no sentido da padronização e, portanto, no sentido do crescimento dos investimentos que procuram impulsionar soluções de impacto. Mas é pouco exigente e clara noutras definições.
foi aplaudida pelo setor de impacto em geral, por se considerar que é um passo importante para a padronização e, portanto, em direção ao crescimento dos investimentos que procuram impulsionar soluções de impacto.
BOA INICIATIVA, MAS...
No entanto, e partindo da perspetiva de um investidor de impacto, a regulação é pouco exigente e clara na definição do que é realizar investimentos sustentáveis como objetivo e, pelo contrário, é excessivamente rigorosa nos requisitos de reporting para demonstrar que os investimentos não geram danos significativos.
Relativamente à definição do que são investimentos sustentáveis, a regulação prevê três tipos: investimentos com um objetivo ambiental alinhado com a taxonomia; investimentos com um objetivo ambiental não alinhado com a taxonomia; ou investimentos com um objetivo social.
Os primeiros são aqueles que são realizados em setores já mapeados e que, além disso, cumprem com critérios técnicos de seleção definidos para considerar que uma atividade contribui substancialmente para alguns dos seis objetivos da União Europeia (mitigação e adaptação das mudanças climáticas, uso sustentável dos recursos, transição para uma economia circular, prevenção da contaminação e recuperação da biodiversidade).
Este primeiro ponto está claro e detalhado, no entanto, como ainda não se
mapearam todos os objetivos ambientais, nem se criou uma taxonomia social (e talvez nunca se possa chegar a mapear todas as casuísticas), a regulação permite os outros dois tipos de investimento adicionais mencionados, dos quais, surpreendentemente, não existe quase nenhum detalhe.
Existe muito pouca descrição sobre como se analisará a contribuição para soluções de investimento não alinhadas. Não há uma definição clara de que tipo de metodologia de medição de impacto deverá utilizar-se ou uma categorização de como se define que uma empresa realmente contribui para soluções.
Isto é particularmente surpreendente havendo já projetos internacionais que descrevem isto em detalhe e proporcionam marcos de referência de grande valor, como é o caso do Impact Management Project1. Esta falta de rigor na definição do que é criar um impacto positivo substancial representa um risco para os fundos de impacto que procuramos apoiar e para as empresas realmente transformadoras, com um impacto profundo e com escala.
Quanto à definição do que significa não causar um dano significativo, a regulação, sim, está muito detalhada. Propõem-se indicadores muito concretos que todo o investidor (e, portanto, toda a empresa investida) deverá reportar. Estes conhecem-se como as Principais Incidências Adversas (PIA) e consistem em 14 indicadores obrigatórios (e até 33 voluntários adicionais). Entre as PIA encontram-se
indicadores como os gases de efeito de estufa de scope 1 e 2 (e no futuro 3 também) ou a pegada de carbono.
PME EM DESVANTAGEM
Certo é que seria ideal que todas as empresas pudessem medir estes dados e ter planos para reduzir a sua pegada ambiental, ano após ano. Mas a realidade é que o cálculo destes indicadores é ainda incompleto e requer o apoio de consultores especialistas ou de tecnologia para se poder ter os dados. Não restam dúvidas de que aqueles fundos ou empresas com mais meios económicos, humanos e tecnológicos e mais experiência (normativa NFRD), têm uma vantagem indiscutível face a gestoras e fundos pequenos, sobretudo enfocados em pequenas PME e startups.
A maioria das PME ibéricas não estão obrigadas por regulação, nem contam com os meios humanos e económicos para calcular a sua pegada de carbono. Como gestores de fundos artigo 8º e 9º, ao exigir-lhes reporting de muitos destes indicadores estaríamos a impor uma carga burocrática excessiva a estas empresas, sobretudo a todas aquelas que perseguem um impacto social e para aquelas que, portanto, o dano ambiental não é mate-
rial. Embora a regulação preveja uma proporcionalidade na aplicação da normativa, não fica claro ainda como se entenderá esta materialidade e o que terão que reportar os investidores de capital privado que investem em empresas de menor tamanho.

Depois do começo da aplicação da regulação em 2021 e 2022, temos visto a quantidade de fundos que se classificavam como artigo 8º e 9º. No entanto, nos últimos meses, estamos a ver como alguns investidores se encontram com numerosos desafios na hora de cumprir com os padrões regulatórios. Prova disso é que algumas das estratégias que inicialmente se categorizaram como fundos artigo 9º, recentemente optaram por se reclassificar como artigo 8º, como foi o caso de fundos de gestoras como a Amundi, DWS ou MSIM.
Ainda fica por ver se a regulação realmente conseguirá mobilizar mais capital para as empresas que estão a inovar e a realizar as transformações profundas que necessitamos para travar a curva da mudança climática e reduzir a crescente desigualdade social. Esperemos que em alguns anos se possam ver esses frutos.
A IA GENERATIVA E OS INVESTIDORES
A Microsoft está a planear fazer um grande investimento na OpenAI, a startup por detrás do ChatGPT, avaliada em cerca de 29 mil milhões de dólares. Mas há outras aplicações generativas de Inteligência Artificial (IA) que têm dado nas vistas. O que é diferente agora são as inúmeras utilizações imediatas da tecnologia e as vastas implicações para os investidores.
A maioria dos modelos iniciais de machine learning envolvia uma aprendizagem supervisionada, na qual eram necessários humanos para classificar os dados – por exemplo, para identificar uma imagem como um cão. Agora, a máquina não só é capaz de identificar o cão na imagem, como também cria a imagem do cão. Com uma nova tecnologia, as aplicações e os usos são introduzidos primeiro e a regulamentação vai atrás. Ao abrir o ChatGPT a um uso público mais amplo, a OpenAI espera poder ajudar a melhorar o modelo com o feedback dos utilizadores. Nos primeiros dias após o lançamento em novembro, mais de um milhão de utilizadores inscreveram-se para usar o ChatGPT. Estamos otimistas de que o futuro será uma peça-chave da transformação e inovação guiadas pela IA e esperamos ver melhorias na qualidade e diversidade do conteúdo gerado, novos tipos de modelos generativos e uma aplicação mais ampla. Assim, a estratégia Allianz Global Artificial Intelligence procura uma exposição ampla e diversificada à IA generativa em infraestrutura, aplicações e indústrias adaptadas à IA.
UM ECOSSISTEMA ABERTO E FLEXÍVEL EM WEALTH MANAGEMENT
VERTENTES EM QUE SE FOCARÃO OS ESFORÇOS EM TECNOLOGIA PARA SUPORTAR O DESENVOLVIMENTO DO NEGÓCIO DE WEALTH MANAGEMENT, NOS PRÓXIMOS TRÊS ANOS
• EXPERIÊNCIA/SERVIÇO AO CLIENTE E SUPORTE AO CLIENT FACING
• RELATIONSHIP MANAGEMENT, PERFORMANCE E CONSISTÊNCIA COMERCIAL/ADVISORY

• BACKEND OPERATIONS (EX.: CLOUD, SECURITY, BLOCKCHAIN, WORKFLOWS / INTEGRAÇÃO DE FERRAMENTAS)
• ACONSELHAMENTO DINÂMICO E ALOCAÇÃO DA POUPANÇA (ROBOT-ADVISORY)
• GESTÃO DE INVESTIMENTOS, MODELAÇÃO/OTIMIZAÇÃO DE PORTEFÓLIOS E ESTRUTURAÇÃO DE PRODUTOS (EX.: TAX WRAPPERS, COBERTURA DE RISCO)
• SUPORTE À GESTÃO DE CARTEIRAS E DISTRIBUIÇÃO PERSONALIZADA
• GESTÃO DE ORDENS E OTIMIZAÇÃO NA DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS
• INOVAÇÃO AVANÇADA DA OFERTA DE SERVIÇOS (EX.: IA, QUANTUM COMPUTING, MACHINE LEARNING)
Num contexto de elevada incerteza estratégica, mas com quotas de mercado relativamente estáveis e protegidas pela capilaridade da distribuição, é natural que os principais players nacionais tenham, nos últimos anos, abordado o desenvolvimento do negócio de gestão de patrimónios numa perspetiva incremental.
No entanto, existe uma oportunidade de negócio não explorada, junto de uma base de clientes concentrada nos segmentos mass market e low affluent, com produtos que (i.) não respondem totalmente às suas expectativas e (ii.) também não servem as necessidades de rentabilização de negócio.
Estas são conclusões evidenciadas no recente estudo Gestão da Poupança, Património e Investimentos em Portugal: desafios e oportunidades, baseado nas perceções dos principais atores presentes no mercado português.
Quando questionados relativamente ao mix expectável de receitas em produtos e serviços de poupança, património e investimentos, a maioria antecipa que, nos próximos três anos, mais de 80% das suas receitas continuem a resultar da tradicional venda direta de produtos de investimento, materializada na retrocessão de comissões pela venda. Serviços como o advisory, a gestão discricionária, o brokerage, entre outros,
manterão expressão muito residual no mix de receitas.
Quando questionados sobre o risco de surgirem novos e maiores players no mercado, com propostas de valor disruptivas, o sentimento generalizado é que “Portugal é um mercado demasiado pequeno para que um tech disruptor se interesse em começar por aqui”.
Mas começam a avolumar-se os sinais sobre a obsolescência da proposta de valor e a alteração do status quo.
TECNOLOGIA: INEVITÁVEL
Após praticamente uma década de programas para a melhoria da experiência de cliente nas instituições financeiras, este continua a ser o tema
O investimento prioritário da gestão de patrimónios em tecnologia será direcionado para o serviço e experiência do cliente. Mas será suficiente para uma nova proposta de valor?
A MAIORIA DOS QUESTIONADOS ACREDITA QUE NOS PRÓXIMOS TRÊS
ANOS MAIS DE 80% DAS RECEITAS
CONTINUEM A VIR DA TRADICIONAL
VENDA DIRETA DE PRODUTOS
destacado para os esforços tecnológicos previstos nos próximos três anos, que suportem o desenvolvimento do negócio da poupança e investimento (ver gráfico das páginas anteriores).
Os investimentos prioritários serão direcionados para ferramentas de serviçoexperiência do cliente, sobretudo numa perspetiva de self servicing, incrementando as questões de usabilidade, em contextos de mobilidade e considerando tendências como a gamificação das experiências. Relevância ainda para a melhoria do reporting analytics, fator base para um aconselhamento de investimento mais dinâmico - não necessariamente através de robot advisory - que permita a qualidade e consistência na interação, suportando equipas internas ou intermediários em temas comerciais e de advisory, como a análise de cenários customizados à realidade de cada cliente.
Mas se esta realidade posiciona a indústria de gestão de patrimónios como um laggard no investimento em tecnologia, a boa notícia é que o esforço de inovação pode ser hoje realizado através de parcerias mais completas e financeiramente mais racionais para as organizações.
TRANSFORMAÇÃO
Numa perspetiva global, e de acordo com o feedback recebido pelas nossas equipas presentes junto de players em várias geografias e fases da cadeia de valor de gestão de patrimónios, nos
próximos 12 meses os principais desafios e oportunidades concentram-se:
1. Na continuidade do processo de digitalização das entidades financeiras, incluindo o foco na monetização de experiências dos clientes;
2. Na resposta a um quadro regulatório cada vez mais exigente para as entidades bancárias e seguradoras (MIFID, DORA,…);

3. Na inevitabilidade do desenvolvimento e implementação de estratégias ESG;
4. Na necessidade de pensar diferente sobre as oportunidades como Banking as a Service (BaaS) e Platform as a Service (PaaS).
Relativamente a este último driver transformacional, o entendimento do potencial destas abordagens e de modelos de parceria subjacentes refletir-se-á em guidelines estratégicas, como sejam o foco nos ativos diferenciadores da marca, e não em elementos mandatórios que constituem cost of doing business. Se metade dos inquiridos no estudo considera os atuais processos e tecnologias como sérios obstáculos ao crescimento, será natural que sejam equacionados aceleradores externos, por exemplo no sourcing da gestão operacional de investimentos (asset servicing).
Um ecossistema aberto e flexível constitui um catalisador de mudança com implicações sobre a forma como a proposta de valor vai evoluir. Chegou o momento de abrir o wealth management a uma nova ambição de serviço aos investidores.
A DÉCADA DOS DIVIDENDOS
O investimento em dividendos parece ter sido aborrecido na última década, uma vez que os titãs tecnológicos dominavam o mercado, mas atualmente o que é aborrecido é bonito. Com o crescimento a abrandar e o custo de capital a aumentar, espero que os dividendos sejam um contribuidor mais significativo e estável para o retorno total.
Os dividendos representavam apenas 16% do retorno total na década de 2010, mas, historicamente, a média oscilou em torno dos 38%, atingindo um pico de 72% durante os inflacionários anos 70. À medida que o destaque dos dividendos aumenta, aumenta também a importância de avaliar a capacidade de cada empresa de os pagar. Passo muito tempo a verificar os números e a falar com a administração das empresas para ter uma noção da saúde do negócio. Procuro empresas com poder de fixação de preços e com capacidade de aumentar os lucros e dividendos a um nível sustentável. Essas empresas podem ser investimentos atrativos, especialmente quando os mercados são voláteis. Encontro muitas oportunidades em vários setores, incluindo o industrial, o das utilities e o da saúde.
Empresas farmacêuticas podem ser atrativas num ambiente inflacionário, uma vez que muitas têm normalmente balanços e fluxos de caixa sólidos e são frequentemente capazes de subir preços mesmo num mercado altamente competitivo. Várias empresas líderes também têm um dividend yield acima dos 3%, incluindo a AbbVie (yield de 3,7%, a 31 de dezembro de 2022) e a Gilead Sciences (3,4%).
RÉPLICA SINTÉTICA EM ETF TER OU NÃO TER (OS ATIVOS), EIS A QUESTÃO!
A forma como os ETF proporcionam ao investidor o acesso ao mercado subjacente é um pilar importante na seleção dos produtos. Se para alguns investidores ser o dono final dos ativos é importante, para outros, o central é ter acesso à réplica mais eficiente possível.
Os Exchange Traded Funds ou ETF têm-se tornado cada vez mais populares pela sua flexibilidade, baixo custo e capacidade de fornecer aos investidores exposição diversificada a uma variedade de classes de ativos. No entanto, os ETF não são uma categoria uniforme de produto e a diversidade de estruturas em que se materializam é vasta. Um ponto em particular, o tipo de réplica, é muito relevante para muitos dos profissionais de investimento. Se muitos fazem finca-pé na réplica física, outros mostram-se mais abertos a recorrer a produtos de cariz sintético. De acordo com dados do relatório da ETFGI com o nome Global ETF
and ETP industry insights December 2022, citados por Nina Petrini, Responsável de ETF e Fundos Indexados na Península Ibérica e América Latina na UBS AM, nos ativos sob gestão globais em ETF, os “produtos sintéticos representam apenas 3,5% do total. Por outro lado, na Europa, os produtos sintéticos são mais populares, representando cerca de 13% da quota de ativos sob gestão”, destaca a profissional da UBS AM.

Como referência, com base em dados de carteiras dos fundos de domicílio português ou internacionais de gestão nacional disponibilizados pela Morningstar, vemos que os gestores portugueses veem este tipo de instrumentos passivos como uma importante
ferramenta de construção de carteiras, considerando que do total de 1,97 mil milhões de euros em ETF europeus nas carteiras dos fundos, 17% estão em produtos de réplica sintética, acima da média do mercado em geral. Destes, uma categoria de ETF é evidentemente relevante: as ações norte-americanas de elevada capitalização. Estas representam 247 milhões de euros ou 75% dos ativos líquidos neste tipo de instrumentos. Os mercados emergentes, a segunda categoria mais relevante, agrega pouco mais de 30 milhões de euros em ativos. Olhando para outras realidades no sul da Europa, o panorama muda significativamente no que à vizinhança geográfica diz respeito. Em Itália, fica ligeiramente aquém
DISTRIBUIÇÃO DOS ATIVOS
"OS AVANÇOS TRANSPARÊNCIANA E ESTRUTURAÇÃO DE ETF DE RÉPLICA SINTÉTICA FIZERAM COM QUE ALGUNS INVESTIDORES SE SENTISSEM MAIS CONFORTÁVEIS EM UTILIZAR ETF SINTÉTICOS PARA CERTAS EXPOSIÇÕES"
SILVIA SENRA BLACKROCK
"EM GEOGRAFIAS ESPECÍFICAS PODE SER EFICIENTE EM TERMOS FISCAIS UTILIZAR A RÉPLICA SINTÉTICA, UMA VEZ QUE CONDUZ A UM INCREMENTO NO DESEMPENHO”
NINA PETRINI UBS AM


dos 10% o peso dos ETF sintéticos no total de ETF nas carteiras dos fundos italianos, enquanto que em Espanha, a percentagem supera marcadamente a média indicada por Nina Petrini, cifrando-se nos 28,5%.
ECOSSISTEMA
O mercado tem-se desenvolvido e a regulação tem dado resposta aos desafios da indústria. Para Silvia Senra, membro da equipa de Distribuição da BlackRock em Espanha, Portugal e Andorra, “os avanços na transparência e estruturação de ETF de réplica sintética também fizeram com que alguns investidores se sentissem mais confortáveis em utilizar ETF sintéticos para certas exposições. As melhorias na resiliência do ecossistema de swaps para exposição a ações americanas, por exemplo, permitiu que a entidade se sentisse confortável em lançar uma solução sintética para investimento neste universo. Nina Petrini vai mais além e destaca o potencial fiscal. "Em geografias específicas (EUA) pode ser eficiente em termos fiscais utilizar a réplica sintética, uma vez que conduz a um incremento no desempenho”, diz. Segundo indica Cesar Muro, responsável de Distribuição Passiva na
“A RÉPLICA SINTÉTICA É PARTICULARMENTE ÚTIL PARA ÍNDICES VASTOS COM UM ELEVADO NÚMERO DE COMPONENTES OU QUANDO O MERCADO SUBJACENTE É MAIS DESAFIANTE EM TERMOS DE ACESSO OU LIQUIDEZ"
JUAN SAN PÍO AMUNDI ETF

DENTRO DOS PAÍSES DO SUL DA EUROPA, DESTAQUE PARA ESPANHA QUE SUPERA MARCADAMENTE A MÉDIA EUROPEIA NA
DWS (Xtrackers), o principal argumento a favor deste tipo de réplica "é a possibilidade de melhorar a rentabilidade em mercados específicos, dando acesso eficiente a mercados complexos e oferecendo um tracking error muito inferior”. Por outro lado, vê na complexidade da estrutura - dado o recurso a swaps - a principal desvantagem. “O mecanismo de criação e resgate, sendo monopolizado por uma contraparte, leva a spreads bid-ask que são normalmente um pouco mais amplos do que na réplica física”, indica, apontando o recurso a contrapartes múltiplas para mitigar este risco.
VANTAGENS
A opinião comum é que tanto a réplica física como a sintética têm as suas
vantagens e os seus espaços naturais. Silvia Senra destaca “os mercados de mais difícil acesso, tais como as matérias primas”, e Juan San Pío, diretor Comercial da Amundi ETF, Indexing & Smart Beta para a Península Ibérica e América Latina, salienta que são particularmente úteis para “índices vastos com um elevado número de componentes ou quando o mercado subjacente é mais desafiante em termos de acesso ou liquidez, como é o caso dos índices de mercados emergentes”.

Já em índices mais comuns, como o S&P 500 ou o MSCI Europe, o profissional da Amundi salienta a preferência dos investidores pela réplica sintética, quando a tracking difference e a performance são de maior relevância e, nesta linha, Cesar Muro comenta que a réplica sintética "tem vantagens de desempenho distintas quando inclui ações norte-americanas ou ações A chinesas”. E, claro, existem índices onde não há opção de réplica, que o profissional da DWS enumera, nomeadamente, “índices de matérias-primas diversificados, índices curtos ou alavancados e índices do mercado monetário que oferecem a taxa overnight do banco central”.

As mulheres europeias são cautelosas ao ponto de limitarem maioritariamente a gestão das suas finanças a fazer poupanças periódicas e não entram no mundo dos investimentos.
A análise dos dados mostra também que existe um fosso significativo entre a vontade de investir e a adoção de ações concretas, como se pode ver no caso sueco, em que 93% das mulheres reconhecem que estão determinadas a investir, mas apenas 25% investem.
As razões que condicionam este comportamento são várias. Dois dos obstáculos são a perceção de que não têm dinheiro suficiente para investir e de que já estão financeiramente confortáveis com os seus padrões de poupança. No entanto, as perspetivas a curto e médio prazo são encorajadoras, uma vez que dois terços das mulheres europeias que ainda não investem estão a considerar fazê-lo no futuro.
TERMOS
CESAR MURO
DWS (XTRACKERS)
Contudo, entre os quatro gigantes provedores europeus que consultámos a realidade é só uma: o cliente é rei, na seleção da estrutura de réplica. A grande maioria dos clientes procura fundos de réplica física, mas a verdade é que a réplica sintética tem o seu lugar, não só em segmentos mais de nicho, como também nas classes de ativos mais representativas a nível global.
A entrada deste dinheiro seria em grande parte acompanhada pelo trabalho de consultores financeiros que têm mais confiança entre as mulheres do que entre os homens (64% vs. 46%). O catalisador destes especialistas responde à confiança que as mulheres depositam neles, e à autoperceção da falta de conhecimento financeiro. Outro catalisador importante é a poupança para a reforma. 39% das mulheres europeias reconhecem que este é o principal gatilho para se tornarem investidoras.
“A RÉPLICA SINTÉTICA É PARTICULARMENTE ÚTIL PARA ÍNDICES VASTOS COM UM ELEVADO NÚMERO DE COMPONENTES OU QUANDO O MERCADO SUBJACENTE É MAIS DESAFIANTE EM
DE ACESSO OU LIQUIDEZ"

DUAS INESQUECÍVEIS OBRAS DE SALMAN RUSHDIE

O escritor indiano Salman Rushdie é dos que consegue colocar por palavras as idiossincrasias de um povo ou de uma nação. A obra filhos da meia-noite é um dos exemplos disso, enquanto Shalimar, o Palhaço se asume como uma narrativa dramática.

Na linha do desafio lançado e como ler, indubitavelmente, além de ser uma das minhas paixões é também uma forma de viajar, não gostaria de deixar de destacar a obra de um escritor genial que não há muito tempo foi alvo de um ataque bárbaro. Estou a falar do escritor de origem indiana Salman Rushdie.
Sempre me impressionaram os escritores que conseguem colocar em papel as idiossincrasias de um povo ou de uma nação, salientando caraterísticas e peculiaridades que estão muito para além de qualquer narrativa histórica.
Deste modo, a obra Os filhos da meia-noite é um exemplo magistral de honrar toda a história contemporânea de um
país tão complexo como é a Índia, e que nos poderá, inclusivamente, dar ensinamentos para projetar a evolução futura de uma nação que vai ser estruturante no século onde nos encontramos.
O livro centra a sua ação no personagem de Saleem Sinai, que nasce ao bater da meia-noite, no dia em que a Índia formalmente se tornou um país independente (15/08/47). Naturalmente, a ideia do escritor é contar a evolução deste novo país através do conjunto de acontecimentos que vão ocorrendo ao longo da vida do personagem principal. Para tal, e dada a vastidão e complexidade da tarefa em causa, Salman Rushdie dotou a sua figura central com poderes especiais, que o vai ligar telepaticamente a 1.000 outros filhos da meia-noite, também estes com
poderes específicos que são mais ou menos poderosos consoante a proximidade do seu nascimento com a meia-noite e que, nas suas interações com o personagem vão detalhando os períodos mais marcantes da Índia moderna.
Saleem Sinai tem um poderoso contraponto na personagem de Shiva que, nascendo no mesmo dia e local, tiveram a fatalidade de serem trocados à nascença. Saleem, hindu, acabou por ser recebido no seio de uma abastada família muçulmana, e Shiva, muçulmano, acabou no seio de uma família hindu de poucos recursos. A partir daqui estão lançadas as bases para explicar, por exemplo, a sempre difícil relação entre a Índia e o Paquistão, atravessando períodos conturbados como a partição deste último em 1971, que levou à independência do Bangladesh. Aliás, a obra de Rushdie é bastante vasta e vai muitas vezes além-fronteiras da sua Índia natal.
NARRATIVA DRAMÁTICA
Outro livro que também me impressionou foi Shalimar, o palhaço. Curiosamente, esta obra que tem como ponto de partida um brutal assassinato e que na génese que conduz a este fatídico desfecho mais não é do que a busca do sonho americano, tem como ponto de partida a conturbada região de Caxemira.
Aqui vamos mais uma vez encontrar os ingredientes propícios para uma narrativa dramática. Shalimar abandonado pelo seu o amor de infância Boonyi, que o troca por um diplomata americano (Maximilian Ophulus) em busca de uma vida melhor nos Estados Unidos, dedica o resto da sua vida a preparar a sua vingança que vai sendo perpetrada ao longo da narrativa. Pelo meio, encontramos outras personagens fascinantes que nos ajudam e entender quer a história de Caxemira, quer as manobras políticas de uma superpotência como os EUA em influenciar o curso da história.
Destaquei Salman Rushdie, porque é realmente um escritor que consegue de um modo acutilante tocar em pontos sensíveis da sociedade e provocar, por vezes, algumas reações extremas da qual a obra Versículos Satânicos será porventura a mais controversa.

O SONHO DE VISITAR A
ISLÂNDIA
Apesar do contratempo causado pela perda das malas e, consequentemente, a roupa mais quente, o frio da Islândia é apenas um detalhe. O espetáculo mágico proporcionado pelas cascatas, pelo gelo, e pelas auroras boreais, aquece a alma de quem visita o país.

Visitar a Islândia sempre foi um sonho. Convidei mais três amigos para se juntarem, que também são apaixonados por viagens. Sabendo que se trata do terceiro país mais caro do mundo para viver, foi importante um bom planeamento para garantir que o orçamento não era muito ultrapassado. Ainda assim, ninguém consegue planear que uma sopa composta, uma cerveja local e um pãozinho, para duas pessoas, custasse 5.900 coroas islandesas, ou seja, cerca de 38 euros.
A aventura começou com a perda das bagagens na escala em Frankfurt, onde a ligação do voo Lisboa-Reykjavik se fazia com apenas uma hora, fazendo com que ficássemos apenas com a roupa do corpo e algumas coisas que tínhamos na mochila que levámos para a cabine do avião. Este foi um dos desafios da viagem: lidar com o frio de calças de ganga e um blusão que se usa no clima tem-
perado de Lisboa. Para agravar a situação, o planeamento da visita à ilha implicava fazer o círculo dourado, um circuito com cerca de 300 km de extensão, a partir da capital Reykjavík, que passa por três das mais emblemáticas atrações da Islândia, o Parque Nacional Thingvellir, a queda de água de Gullfoss e o vale Haukadalur, onde se localiza a área geotermal de Geysir. Quer isto dizer que as nossas bagagens só chegaram passados três dias, quando já estávamos no norte da ilha.
As primeiras paragens deste circuito foram em Seljalandsfoss e Skógafoss, umas impressionantes cascatas com 60 metros de queda de água com muita estalactite de gelo a adorná-las. Aqui deu para passear pelo percurso de água e observar o percurso do rio, parcialmente congelado. Ainda neste dia, seguimos caminho e parámos no desfiladeiro Fjaðrárgljúfur que possui 100 metros de altura e cerca de dois quilómetros de comprimento, localizado no su-
deste da Islândia. Diz-se que este desfiladeiro foi formado há cerca de 9.000 anos, no final da era do gelo e que surgiu a partir da erosão progressiva dos glaciares.
No dia seguinte acordámos com a informação de uma tempestade de neve que fez bloquear as estradas durante toda a manhã, e só pela tarde pudemos seguir o nosso círculo dourado. Felizmente chegámos a um dos pontos que mais gostei da Islândia, a Diamond Beach. Imagine uma praia de areia preta onde existem pedaços de gelo que brilham como diamantes. O derreter lento do glaciar faz com que grandes pedras de gelo flutuem sobre a lagoa glaciar Jökulsárlón, deslizando até à praia, para depois serem puxadas para o mar. O cenário é indescritível e não há foto que faça jus.
Depois de dormir num Airbnb espaçoso, com muita qualidade e até um jacuzzi no exterior, rumámos no nosso círculo dourado por umas centenas de quilómetros pelo norte da ilha. Finalmente

chegámos à área geotérmica de Mývat, no norte, onde as placas tectónicas da América do Norte e da Eurásia se encontram. Nesta zona encontram-se vulcões, lama borbulhante, terra fumegante, paisagens sobrenaturais, lagos azuis brilhantes e um cheiro muito intenso, inesquecível.
ESPETÁCULO MÁGICO

A paragem no lago Mývatn foi simplesmente incrível, um verdadeiro postal de Natal. É concerteza visita obrigatória para qualquer turista.
Seguiu-se a cascata de Godafoss, conhecida por cascata dos deuses, com uma altura de 12 metros e 60 de largura. Parte dela estava congelada, mas também é um ponto obrigatório de visitar. A dormida neste dia foi em Akureyri, uma cidade no norte da ilha, considerada a 5ª maior da Islândia, localizada num dos vários fiordes que existem no país e que possui cerca de 18.000 habitantes. Foi aqui que vimos a nossa aurora bo-
real (northern lights), uma incrível dança de luzes no céu escuro desta ilha gelada. Ficámos umas duas hora num bosque escuro a tentar apreciar, absorver e registar todo aquele espectáculo mágico.
No dia seguinte chegámos a Reykjavík, a capital e a maior cidade da Islândia, onde tentámos absorver um pouco da cultura local. Conhecemos a igreja luterana Hallgrímskirkja, ícone da cidade, construída entre 1945 e 1986 em homenagem ao poeta religioso Hallgrímur Pétursson. O desenho da sua fachada foi inspirado nas colunas de basalto abundantes no país, como as da cascata Svartifoss de Skaftafell.

Nessa mesma noite, um grande nevão deixou o nosso SUV alugado com uma camada de neve. Nesse dia fomos visitar o famoso Geysir, que entra em erupção em cada vários minutos e lança água até 70 metros de altura, e ainda a Gulfoss, outra cascata muito famosa, com duas camadas, a primeira com uma queda de água



de 11 metros e a segunda com 20 metros, totalizando assim uma queda de água de 31 metros.
Neste dia tivemos tempo de ir relaxar a umas piscinas naturais geotérmicas, um dos pontos obrigatórios na visita. O mais popular é a Blue Lagoon, mas como não tínhamos reservado estava lotado e acabámos por ir à Laugarvatn Fontana. Para além das piscinas, tem banheiras de hidromassagem, saunas a vapor orgânicas, sauna finlandesa e acesso ao frio e refrescante lago Laugarvatn. Algumas das piscinas estavam a 38º e a experiência do quente e frio é simplesmente incrível.
Para terminar esta viagem em beleza, fomos contemplados com mais uma aurora boreal. Foram mais 45 minutos de uma beleza absolutamente incrível e que toda a gente deveria ter a oportunidade de assistir. Ficámos com vontade de poder voltar numa época do ano em que o verde domina a paisagem, substituindo o manto branco por onde navegámos.











