Gente de Guerra, Fronteira e Sertão

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GENTE DE GUERRA, FRONTEIRA E SERTÃO: Índios e Soldados na Capitania do Pará (Primeira Metade do Século XVIII)

ocupado. Uma nova dinâmica que implica diretamente nas relações sociais, e nos contatos entre militares e grupos indígenas. Esses espaços tornavam-se pontos de conexão entre diversos lugares do sertão. Em muitos casos, cumpre o papel de fortificação dissuasória, isto é, está lá com sua estrutura, grandiosa ou não, para desestimular a ação ofensiva do inimigo e reafirmar a presença lusa em pontos-chave da colonização.

Conclusão Nesta altura já é possível afirmar que as fortificações na capitania do Pará inserem-se em um amplo contexto de disputas pelo domínio do território. Por outro lado, a presença de engenheiros formados em uma concepção moderna de defesa coloca a capitania em um circuito de conhecimento sobre arquitetura e engenharia que está em diversas partes do império português. Os tratados de fortificação, a formação e a vinda desses engenheiros para o ultramar não engessaram as práticas, antes adaptaram-se aos desafios locais, de ordem geográfica, natural ou política. Um exemplo de que as fortificações na Amazônia seguiram uma lógica que obedeceu aos traços antes definidos pelas relações sociais estabelecidas entre indígenas, colonos, colonizadores. Ora, as plantas foram desenvolvidas, no continente, ou em ilhas, nas enseadas e embocaduras de rios. Um exemplo claro de que essas construções eram erguidas a partir dessas relações sociais. Os vetores de ocupação que desenharam os espaços fortificados foram, no século XVII, os próprios negócios mantidos pelos ingleses, franceses, holandeses na região. Na primeira metade do século XVIII, a expansão do domínio luso na região também definiu os fortes do interior, os fortes do sertão. No processo de ocupação da Amazônia, as fortalezas militares configuravam-se como espaços da ação colonizadora, símbolo da presença e empreendimento colonial. Inserem-se em uma nova concepção de defesa na região. Neste trabalho, as fortalezas e casas-fortes são espaços cuja finalidade não está atrelada somente à defesa. Pela própria presença, em muitos casos, de famílias indígenas e da agricultura, o critério de defesa não dá conta de explicar o significado e a dinâmica desses espaços. De fato, políticas de militarização e ocupação na experiência colonial estavam estreitamente relacionadas.


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Referências bibliográficas

22min
pages 365-380

Fontes impressas

6min
pages 359-364

Fontes manuscritas

24min
pages 343-358

Considerações Finais

12min
pages 335-342

Conclusão

2min
pages 332-334

5. Além da guerra: prestação de serviços e mercês

28min
pages 316-331

4. Razão das alianças: algumas reflexões

9min
pages 311-315

Imagem 20. Mapa da Aldeia Majuri, 1728

4min
pages 308-310

3.2. A Guerra do Rio Negro

18min
pages 299-307

colonização

15min
pages 279-286

e alianças na capitania do Pará

3min
pages 267-268

Conclusão

1min
pages 265-266

1. A arte da guerra: algumas reflexões

19min
pages 269-278

3. Conexões e experiências de militares e índios

27min
pages 249-264

2. Redes de mobilização de soldados para defesa do Pará

22min
pages 238-248

Capítulo 4. Redes de mobilização militar na capitania do Pará

22min
pages 211-222

1. As redes de mobilização militar no sertão

30min
pages 223-237

Conclusão

3min
pages 206-210

Imagens 17 e 18. Mapa da Barra do Pará, 1793

8min
pages 197-201

Imagem 19. Planta da abertura de canal

6min
pages 202-205

Imagem 16. Mapa de defesa da Barra e Cidade do Grão-Pará

3min
pages 195-196

Imagem 15. Planta do Armazém da Pólvora

3min
pages 193-194

Imagem 14. Planta da Fortaleza da cidade do Pará

3min
pages 191-192

Imagem 13. Planta da fortaleza da barra do Pará

0
page 190

Imagem 12. Fortaleza de Nossa Senhora das Mercês da Barra de Belém

0
page 189

3.1. Das obras de fortificação e os desafios da construção na Amazônia

22min
pages 167-178

Imagem 11. Casa Forte do Rio Araguari

14min
pages 181-188

Mapa 1. Fortificações e rios

0
page 179

3.2. O engenheiro e o desenho: as fortificações na capitania do Pará

1min
page 180

capitania do Pará

1min
page 166

Imagens 9 e 10. Estampas de Azevedo Fortes presente no Engenheiro Portuguez

1min
page 165

Imagem 8. Baluarte segundo o Tratado Methodo Lusitanico

4min
pages 162-164

Imagem 7. Praça Forte de Mazagão (1541-1542

0
page 161

Imagem 4. Traçado Vauban

2min
pages 154-155

Imagem 6. Fortificação de Praça Irregular

6min
pages 157-160

Imagem 5. Fortificação de Praça Regular

0
page 156

Imagem 3. Traçado Vauban

0
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Imagem 2. Traçado abaluartado

1min
page 152

Imagem 1. Traçado de Di Giorgi Martine

1min
page 151

2. Fortificação à moderna: ciência, conhecimento e formação

5min
pages 148-150

1. Casa Fortes, Fortalezas e Presídios: o problema das terminologias

7min
pages 144-147

Capítulo 3. Povoar e defender: as fortalezas do Grão-Pará

5min
pages 141-143

3. As Companhias Auxiliares

22min
pages 126-136

Conclusão

5min
pages 137-140

Tabela 2. Número de gente nas ordenanças na capitania do Pará e capitania do Maranhão (1647-1747

8min
pages 122-125

2. As Companhias de Ordenança

20min
pages 112-121

Tabela 1. Gente de paga e de ordenança. Pará e Maranhão (1623-1747

46min
pages 87-111

1. As Companhias Regulares

5min
pages 84-86

Capítulo 2. “E, que gente é que temos?” Companhias militares e soldados pagos no norte da América portuguesa

5min
pages 81-83

Conclusão

3min
pages 77-80

2. A letra da Lei. Decretos, Regimentos, Alvarás

25min
pages 58-70

1. Portugal e a guerra moderna

33min
pages 41-57

Capítulo 1. Militarização e poder em Portugal

3min
pages 39-40

3. Inovações Institucionais

11min
pages 71-76

Introdução

28min
pages 23-38

O “laboratório” das práticas: as fortificações e os engenheiros militares na

12min
pages 5-18

Prefácio

6min
pages 19-22

Índios aliados nas tropas portuguesas e o avanço da fronteira da

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