CAPÍTULO 4
REDES DE MOBILIZAÇÃO MILITAR NA CAPITANIA DO PARÁ
[...] em Lisboa não está o provimento e prevenção, que todos julgam conveniente a precisa defesa, […] se não podemos assistir a Alentejo, senão podemos assistir a Lisboa, corte de V.M., com o que é necessário, como há de haver, quem imagine, que podemos assistir e defender tantas conquistas, que a mais vizinha está distante mil léguas, e a mais perto trezentas (VIEIRA, 1648).
A
primeira metade do século XVIII foi um período marcado por um processo de adequação da organização militar na capitania do Pará. A Coroa portuguesa articulava as possibilidades de defesa na capitania e contava com um aparato que apresentava bastantes dificuldades, seja pela precariedade das instalações permanentes (fortalezas, casas fortes, fortins), seja pela inoperância e insuficiência das tropas oficiais, como vimos na Parte I deste livro. As dificuldades apontadas pelos governadores e militares na configuração de forças defensivas no Estado foram um dos principais problemas da administração nesta parte da conquista. Por essa razão, temos um longo processo em que se verificam ajustes no que diz respeito à configuração de modelos mais apropriados de defesa. Talvez isso explique a queixa frequente da falta de gente para defesa nos diversos documentos que os governadores passaram à Coroa durante toda primeira metade do século XVIII.474 Todavia, o caráter difuso dos pontos de pre474 Dados presentes em diversos documentos apontam para insuficiência de soldados pagos durante toda primeira metade do século XVIII. Essa insuficiência está atrelada a diversas atividades para que eram destacados, mas sobretudo devido à vasta região a ser defendida. Além disso, a falta de