INTRODUÇÃO
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m 1747, Francisco Pedro Mendonça Gurjão, ao assumir o posto de governador e capitão-general do Estado Maranhão e Pará, descrevia como “lastimável” o estado dos aparatos defensivos que se encontrava a região. O governador julgava impossível defender tão dilatado território com tão parcos recursos de gente e dinheiro.1 Entre os problemas descritos, a partir de um parecer do engenheiro Carlos Varjão Rolim, estavam, por exemplo, as péssimas condições das fortalezas da Barra, Gurupá, Tapajós, Pauxis e Rio Negro; a ausência de “quartéis ou casas em que se recolham o cabo e soldados que ali assistem de guarnição”; problemas com as chuvas frequentes que demoliam com facilidade o reboco das suas muralhas e as estruturas defensivas. Além disso, a significativa falta de soldados “para o serviço ordinário de escoltas, e outras operações precisas”, sobretudo para diligências nas fronteiras e de guerra.2 A partir dessa descrição observam-se a precariedade da infraestrutura de defesa como fortalezas e fortes, a insuficiência de soldados para guarnecê-los e, ainda, as especificidades da região que, ao que parece, contribuíam para a deterioração mais rápida de fortalezas e fortins, além da disparidade existente entre uma vasta área e poucos aparatos de defesa. Todavia, Mendonça Gurjão não foi o único a queixar-se dos problemas relativos à defesa. Avolumam-se, nas páginas da documentação colonial, correspondências levadas até o conhecimento da Coroa portuguesa, cujo teor eram os enormes obstáculos para operacionalizar a defesa da capitania do Pará. A incapacidade da gente disponível nas tropas para o atendimento defensivo de vasta área é um aspecto recorrente. Além disso, observa-se nessas missivas a relação entre defesa e “boa administração do governo”. Ora, proteger, vigiar e administrar os assuntos relacionados à defesa era atribuição dos governadores. 1 2
Carta do governador Francisco Pedro de Mendonça Gurjão para o rei. Pará 29 de outubro de 1747. AHU, Avulsos Pará, caixa 29, doc. 2804. Carta do governador Francisco Pedro de Mendonça Gurjão para o rei. Pará 29 de outubro de 1747. AHU, Avulsos Pará, caixa 29, doc. 2804.