Redes de mobilização militar na capitania do Pará
presença indígena, nas tropas militares. Portanto, os grupos indígenas fizeram parte desse universo defensivo, construindo suas próprias dinâmicas, seja pela aliança, pelas guerras ou pelos conflitos, o que fazia com que estes sujeitos estivessem estreitamente relacionados ao processo de colonização e defesa da capitania do Grão-Pará.
Conclusão A capitania do Pará estava inserida em uma política de recrutamento e defesa cuja perspectiva espacial é o império. Aqui percebemos a circulação de sujeitos proporcionada pelo serviço militar que integrava diversas partes do império e o espaço do sertão. Por esse motivo, encontramos tropas formadas por sujeitos que vêm de Pernambuco, Ceará, Rio Grande, Ilha da Madeira, Angola, reino e do imenso sertão, espaços que se conectavam numa percepção global das partes do império pela coroa Portuguesa. Verifica-se a presença de redes muito complexas de mobilização de militares e índios para a defesa. Elementos que aproximam cada vez mais o sertão dos centros de gerência reinol nas capitanias e, sobretudo, aproximam aspectos que têm sido percebidos de forma desconectada, como a atuação indígena na conformação da defesa desses territórios, e a relação entre aldeias missionárias, das fortificações e ações militares, e que parecem constituir novas dinâmicas de contato. Isso decorre do esforço da Coroa portuguesa em operacionalizar a defesa da capitania e resolver os problemas internos, articulando redes de mobilização sistemática de homens. Esses sujeitos inseridos numa perspectiva global do império transitavam, construíram experiências e trajetórias a partir do serviço militar. De fato, para usar a expressão de padre Antônio Vieira que introduz este capítulo, o provimento e prevenção conveniente a precisa defesa do império, não está em Lisboa. Como vimos até aqui, estava em várias partes desse vasto império e se compunha de diversas gentes. A defesa da capitania do Pará e a qualificação da tropa militar encontravam-se, sobretudo, na participação dos aliados indígenas e de um grupo de militares que integravam um experiente oficialato. Mas essa é uma questão para o próximo capítulo. Avulsos do Pará, Cx. 5, D. 436.
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