Gente de Guerra, Fronteira e Sertão

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GENTE DE GUERRA, FRONTEIRA E SERTÃO: Índios e Soldados na Capitania do Pará (Primeira Metade do Século XVIII)

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Observa-se centralidade dos estudos de defesa para segunda metade do século XVIII, em razão de se atribuir ao Conde de Lippe as principais ações da reforma militar de Portugal. Essa questão é ponderada aqui. Partimos do pressuposto de que, anteriormente a esse período, há significativas mudanças que tinham por objetivo centralizar as questões defensivas no império. Portanto, destaca-se a importância do primeiro e segundo momento dessa transição e considera-se esses três momentos como parte de um mesmo processo – de afirmação geopolítica internacional de Portugal para o qual a militarização e defesa do império é parte fundamental.

2 A letra da Lei. Decretos, Regimentos e Alvarás Chamamos de reforma orgânica/institucional o conjunto de iniciativas para a formação e regulamentação da questão militar do reino a partir de 1640 até 1750. Essa reforma se caracteriza a partir de três elementos fundamentais: 1) Instituições (criação do Conselho de Guerra e da Secretaria dos Estados e dos Negócios Estrangeiros e de Guerra); 2) Jurisdição militar (criação de postos militares e regulamento de suas atribuições) e 3) Companhias militares (criação dos corpos regulares e auxiliares), os segundo e terceiro itens serão tratados no segundo capítulo. Centralizar as questões de defesa significava constituir juridicamente as bases para militarização. Tratava-se, para o rei bragantino, de uma emergência administrativa, a criação do que Dores Costa chamou de “superestrutura militar”.85 Essa superestrutura incluía a constituição de instituições estritamente vinculadas ao assunto de guerras, como por exemplo, o Conselho de Guerra (1641). Além disso, era necessário um corpo jurídico que pudesse subsidiar e regulamentar a formação de companhias militares, o recrutamento, os postos e, principalmente, a forma mais apropriada de defesa do reino e das conquistas.

85

NOGUEIRA, Shirley Maria Silva. Razões para desertar: institucionalização do exército no Estado do Grão-Pará no último quartel do século XVIII. Ver ainda: NOGUEIRA, Shirley Maria Silva. “O recrutamento militar no Grão-Pará”. In: POSSAMAI, Paulo (org.). Conquistar e defender: Portugal, Países baixos e Brasil. Estudos de história militar na Idade Moderna. São Leopoldo: Oikos, 2012. p. 283-297. GOMES, Flavio dos Santos, NOGUEIRA, Shirley, Maria Silva. “Outras Paisagens Coloniais: Notas sobre desertores militares na Amazônia Setecentista”. In: GOMES, Flavio dos Santos (org.). Nas Terras do Cabo Norte: Fronteiras Colonização e escravidão na Guiana Brasileira. Belém: Editora Universitária da UFPA, 2000. p. 196-224. COSTA, Fernando Dores. A Guerra da Restauração (1641-1668). p. 24.


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Referências bibliográficas

22min
pages 365-380

Fontes impressas

6min
pages 359-364

Fontes manuscritas

24min
pages 343-358

Considerações Finais

12min
pages 335-342

Conclusão

2min
pages 332-334

5. Além da guerra: prestação de serviços e mercês

28min
pages 316-331

4. Razão das alianças: algumas reflexões

9min
pages 311-315

Imagem 20. Mapa da Aldeia Majuri, 1728

4min
pages 308-310

3.2. A Guerra do Rio Negro

18min
pages 299-307

colonização

15min
pages 279-286

e alianças na capitania do Pará

3min
pages 267-268

Conclusão

1min
pages 265-266

1. A arte da guerra: algumas reflexões

19min
pages 269-278

3. Conexões e experiências de militares e índios

27min
pages 249-264

2. Redes de mobilização de soldados para defesa do Pará

22min
pages 238-248

Capítulo 4. Redes de mobilização militar na capitania do Pará

22min
pages 211-222

1. As redes de mobilização militar no sertão

30min
pages 223-237

Conclusão

3min
pages 206-210

Imagens 17 e 18. Mapa da Barra do Pará, 1793

8min
pages 197-201

Imagem 19. Planta da abertura de canal

6min
pages 202-205

Imagem 16. Mapa de defesa da Barra e Cidade do Grão-Pará

3min
pages 195-196

Imagem 15. Planta do Armazém da Pólvora

3min
pages 193-194

Imagem 14. Planta da Fortaleza da cidade do Pará

3min
pages 191-192

Imagem 13. Planta da fortaleza da barra do Pará

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Imagem 12. Fortaleza de Nossa Senhora das Mercês da Barra de Belém

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3.1. Das obras de fortificação e os desafios da construção na Amazônia

22min
pages 167-178

Imagem 11. Casa Forte do Rio Araguari

14min
pages 181-188

Mapa 1. Fortificações e rios

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3.2. O engenheiro e o desenho: as fortificações na capitania do Pará

1min
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capitania do Pará

1min
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Imagens 9 e 10. Estampas de Azevedo Fortes presente no Engenheiro Portuguez

1min
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Imagem 8. Baluarte segundo o Tratado Methodo Lusitanico

4min
pages 162-164

Imagem 7. Praça Forte de Mazagão (1541-1542

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Imagem 4. Traçado Vauban

2min
pages 154-155

Imagem 6. Fortificação de Praça Irregular

6min
pages 157-160

Imagem 5. Fortificação de Praça Regular

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Imagem 3. Traçado Vauban

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Imagem 2. Traçado abaluartado

1min
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Imagem 1. Traçado de Di Giorgi Martine

1min
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2. Fortificação à moderna: ciência, conhecimento e formação

5min
pages 148-150

1. Casa Fortes, Fortalezas e Presídios: o problema das terminologias

7min
pages 144-147

Capítulo 3. Povoar e defender: as fortalezas do Grão-Pará

5min
pages 141-143

3. As Companhias Auxiliares

22min
pages 126-136

Conclusão

5min
pages 137-140

Tabela 2. Número de gente nas ordenanças na capitania do Pará e capitania do Maranhão (1647-1747

8min
pages 122-125

2. As Companhias de Ordenança

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pages 112-121

Tabela 1. Gente de paga e de ordenança. Pará e Maranhão (1623-1747

46min
pages 87-111

1. As Companhias Regulares

5min
pages 84-86

Capítulo 2. “E, que gente é que temos?” Companhias militares e soldados pagos no norte da América portuguesa

5min
pages 81-83

Conclusão

3min
pages 77-80

2. A letra da Lei. Decretos, Regimentos, Alvarás

25min
pages 58-70

1. Portugal e a guerra moderna

33min
pages 41-57

Capítulo 1. Militarização e poder em Portugal

3min
pages 39-40

3. Inovações Institucionais

11min
pages 71-76

Introdução

28min
pages 23-38

O “laboratório” das práticas: as fortificações e os engenheiros militares na

12min
pages 5-18

Prefácio

6min
pages 19-22

Índios aliados nas tropas portuguesas e o avanço da fronteira da

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