7 PINGUE-PONGUE: ENTREVISTA COM DRA. ANA EMÍLIA Ó DE ALMEIDA. Nome, idade e profissão: Ana Emília, prefiro não comentar e sou médica de família. Desde quando você resolveu estudar Medicina? A partir do momento que vi pessoas morrendo de hanseníase e tuberculose por negligência humana, vi crianças morrerem de diarréia ou tétano neo-natal sem terem a mínima chance de crescer, vi homossexuais morrerem do chamado “câncer gay” no início da AIDS. Percebi que poderia fazer alguma coisa, por pequena que fosse. E você acha que valeu a pena? Não sei. Não respondi ainda a essa pergunta. Ainda tenho muito trabalho a fazer. Faço a minha parte. Você acha que está desenvolvendo seu trabalho bem? Ah sim! A todo instante! A partir do momento que paro para escutar alguém, que respondo uma mensagem de um paciente ou tiro uma dúvida pelo celular de um colega, estou desenvolvendo bem meu trabalho.
Trabalhar não é somente quando você está consultando. É toda a sua vida. É o que você faz nos intervalos! Você se sente só? Não. Por que me sentiria? Não sei. O Trabalho de médica não é solitário? Claro que é e claro que não é. Depende de como você está aí dentro. Conheço médicas pesquisadoras famosas que se sentem inúteis apesar do 152