8 O QUE EU POSSO FAZER COM QUE SOU AGORA? Por Bárbara Valões, Psicóloga. O Acidente Era para ser mais uma festa com amigos no dia 20 de março de 2004. Porém, instantes antes, sofri uma queda da altura de 2,50 metros, acompanhada de remoção incorreta e tornei-me paraplégica. Minhas vértebras T7-T8 foram achatadas e deslocadas e minha medula foi lesionada. Para que minhas vértebras fossem posicionadas novamente e que pedaços delas fossem retirados de locais mais acima da lesão fui submetida a uma cirurgia em que foram colocadas duas placas de titânio e oito parafusos de T6-T10 e as consequências disso foram a perda de sensibilidade e de movimento a partir da altura T4-T6, espasticidade, perda de controle dos esfíncteres e uma dor chamada de DOR NEUROPÁTICA, que me fez dependente de uma série de medicações. A importância da Reabilitação física e psíquica Após meu acidente fiquei quase 1 mês internada em um hospital de Fortaleza, sem conseguir sentar, sentir o meu corpo a partir da altura das vértebras T4-T6, comer sozinha, pentear os cabelos, escovar os dentes, tomar banho. Ficava inerte em uma cama e não tinha noção do que tinha ocorrido comigo, sequer sabia que havia uma sonda de demora acoplada em minha uretra. Até que 3 meses depois fui internada em um Hospital de Reabilitação e lá tive a notícia: lesão medular considerada ASIA (irreversível) e depois de enxugar as lágrimas de tantas perdas, eu aprendi a me vestir sozinha, tocar a cadeira, fazer meus alongamentos, tentar equilibrar-me, fazer meu próprio cateterismo e, principalmente, a voltar a sorrir. Foi nesse momento que comecei a RE-aprender a cuidar de mim, da minha autoestima, do meu corpo. Uma NOVA BÁRBARA estava em construção... Quando comecei a me socializar entendi, de fato, 77