SIMONE BRANTES (1963)
Poeta fluminense, nasceu em Nova Friburgo e vive no Rio de Janeiro desde 1980. É autora de três livros de poemas: Pastilhas brancas (1999), O caminho de Suam(2002) e Quase todas as noites (2016) premiado com o Jabuti em 2017. Publicou poemas e traduções de poesia em jornais e revistas como O Globo, O RelevO, Inimigo Rumor, Poesia sempre, Polichinello, Revista Piauí, Action Poétique e Lyrikvännen. Participou de algumas antologias como A poesia andando: treze poetas no Brasil(Lisboa) e Roteiro da poesia brasileira. Anos 90 (São Paulo).
Quem sabe a morte, no fim das contas, seja uma coisa muito natural, quem sabe rejeitá-la seja algo, quem sabe, bastante estúpido, algo assim como, quem sabe, fechar o livro predileto uma página antes do final POTE Você acha que sexo é isso: três ou quatro posições e executá-las? Você quer muito muito mesmo que eu goze? Então vamos por partes – não se vai com tanta sede ao pote – Primeiro: fabricar a sede Segundo: fabricar o pote Terceiro: deixar que a água jorre VINGANÇA Os poetas giram em torno das raparigas em flor. Mas eles são pesados e elas tão leves: já não há chão sob seus pés delicados. Lá em cima transfiguradas, elas gozam, gozam, gozam (deles ou esquecidas deles?) Eles estão rubros, estão roxos (de raiva, de vergonha?). Os poetas estão dando as costas, os poetas estão voltando para casa, estão arquitetando em silêncio o seu plano de vingança: querem gozar sem as moças, querem florir em seus versos como raparigas em flor. 106 AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA