HELENA ARRUDA (1965)
Poeta fluminense, é contista, ensaísta, pesquisadora e revisora. Mestra e doutora em Literatura Brasileira (UFRJ) é autora dos livros Interditos (2014) e Mulheres na ficção brasileira ( 2016). Publicou também nas antologias: Elas escrevem; Moedas para um barqueiro (2011); Por detrás da cortina; Amor sem fim (2012); A literatura das mulheres da floresta (2013); Hoje é dia de hoje em dia (2013); Rio dos bons sinais (2014); O protagonismo feminino (2016); Escritor profissional (2016); Mulherio das Letras (2017); Tabu (2017); Casa do Desejo (2018); Mulherio das Letras (2018); Ficção e travessias (2019); Ato Poético (2020); Ruínas (Patuá, 2020).
ATEÍSMO poesia é reza interseção entre o divino e a imundície dos porões do pensamento, impregnados de fezes e de sangue coalhado [de dores] palavras amareladas pelos raios de sol [do fim do dia] que entram pelas pequenas frestas da imaginação [e te fazem delirar] sobre as montanhas atlânticas e os pampas argentinos cobertos de pendões [dourados-solitários] balançando com as horas intermináveis da espera [do mar] poesia é labirinto de Creta, construído por Dédalo, para guardar as misérias do mundo é o fio de ouro de Ariadne que protege do caos seu homem, que não a poderá salvar jamais [tragédia anunciada] DESEJOS de novo me encharco [de mim] sigo [desejos] para a boca aberta do vulcão [voçorocas sem dentes] penso em me atirar em suas goelas abertas e me queimar inteira naquela terra vermelha [quenturas] os deuses decidem me salvar e me dão seus dedos e sua língua [sobrevivo] meu corpo ensandecido gargalha comigo 120
AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA