LILA MAIA
(1955)
Poeta maranhense, pedagoga, vive no Rio há 32 anos Tem dois livros de poesia publicados: A idade das águas e Céu Despido. Em 1998, teve três poemas publicados na Revisa Poesia Sempre, da Biblioteca Nacional e conquistou, no ano passado, o prêmio Paraná de Poesia, com o livro As maçãs de antes.
O OLHAR MADURO DA ONÇA Não se escreve um poema de amor impunemente. No desvão da noite uma onça perpetua a sombra de fogo sobre teu caminhar espaçado. Há uma súplica com os devidos ais prudentes, a onça sabe onde derrama seus passos. Crava os dentes nesta carne que tem cheiro de batismo, o sangue suado da caça. Que rara luz expressa teu corpo. A onça é aos poucos domesticável. Não se escreve um poema de amor impunemente. QUASE LAMENTO Desses sonhos mais simples Deus não sabe Nunca sentirá o prazer de ter livros na estante e da falta que fazem uma mesa, quatro cadeiras, um colchão de casal Ele não compreende aquela janela inquieta, as paisagens que transbordam livres Deus é o que há de mais interminável em mim: a dor Mas eu bebo do cálice como do pão às vezes ofereço a outra face por amor O tempo segue com seu fogo milenar Eu passo o pente nos cabelos sobriamente Sobrevivo diante dos mistérios, e desta claridade que não salva
AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA
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