JOSELY VIANNA BAPTISTA (1957)
Poeta curitibana formada em letras hispânicas, com especialização em semiótica. Publicou os livros de poesia Ar (1991), Corpografia (1992), Outro (poema experimental em co-autoria com Arnaldo Antunes) e Roça barroca (2011), prêmio Jabuti. Traduziu Cortázar, Carpentier, Cabrera Infante e Lezama Lima, entre outros. Participou de antologias editadas no México, Peru, Argentina, Estados Unidos, Cuba, França, Paraguai, Colômbia, Espanha e Austrália.
EXERCÍCIO ESPIRITUAL Aqui poucas letras bastam, pois tudo é como papel em branco. Manuel da Nóbrega. Carta 8 (1549)
risco no portulano da areia o roteiro do error (do latim errore): viagem sem rumo e sem fim, como a dos ascetas e dos apaixonados, fadados ao êxtase e ao naufrágio RESTIS Um vento anima os panos e as cortinas oscilam, fronhas de linho (sono) áspero quebradiço; o sol passeia a casa (o rosto adormecido), e em velatura a luz vai desenhando as coisas: tranças brancas no espelho, relógios deslustrados, cascas apodrecendo em seus volteios curvos, vidros ao rés do chão reverberando, réstias. Filamentos dourados unem o alto e o baixo - horizonte invisível, abraço em leito alvo: velame de outros corpos na memória amorosa.
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AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA