MARIZE DE CASTRO (1962)
Poeta potiguar, é formada em Comunicação Social e exerce a profissão de jornalista. Autora dos livros A mesma fome (2016), Esperado Ouro(2005), Poço, Festim, Mosaico (1996) e Marrons crepons marfins (1984). Tem textos publicados em revistas nacionais e internacionais e já publicou poemas no Jornal do Brasil, Estadão e revista Poesia Sempre. O festejado poeta Haroldo de Campos afirmou: ” Em seus versos há algo de fundamental, algo entre o belo e o verum, a verdade em beleza, um cuidado especial com a síntese, um encontro com a poesia.”
NÉCTAR A verdade aproxima-se. Olha-me com os olhos abismados da beleza. Não sou a mulher que corta os pulsos e se joga da janela nem aquela que abre o gás nem mesmo a loba que entra no rio com os bolsos cheios de pedra. Sou todas elas. Escrever me fez suportar todo incêndio – toda quimera. ERMA Recolho-me tão profundamente que tudo me alcança: mísseis, desastres, lanças. Recostada ao rosto de Deus pedi-lhe a fé perdida a palavra antiga – invencível. Ele me deu o mar no nome e uma fome borgeana, dizendo-me: Eis sua herança, jovem senhora de velhíssima alma e furiosas lembranças. SOLAR Cadáveres despertam depois do amor. Lágrimas choram e se estrangulam. Não sou a mulher que você vê. Não sei o que é o inverno - nunca vi a neve. O meu ofício é reinventar asas para o sol.
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AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA