QUANDO AS NOITES TINHAM UM DONO
S
e Rio Preto tivesse que escolher um fundo musical, votaríamos em Skokiaan, o mambo que, durante mais de 40 anos, avisou as pessoas de que elas estavam prestes a entregarse a longas e agradáveis sequências de belas e inesquecíveis páginas musicais. Ele as avisava de que estavam mergulhando na “maior sequência musical do rádio interiorano”. Skokiaan, em clássica interpretação de Bert Kaempfert e Orquestra, servia de prefixo principal para o Programa Roberto Souza – o Dono da Noite, que consagrou entre os rio-pretenses o hábito de telefonar para a emissora de rádio, pedir músicas e oferecê-las para outros ouvintes, além de retribuir oferecimentos anteriores. A cada bloco de quatro ou cinco músicas, essa mistura de interesses musicais era capaz de compor uma colcha de retalhos deliciosamente multicolorida e disforme. A um Orlando Silva, por exemplo, seguia-se Bill Halley e Seus Cometas, Chitãozinho e Xororó e, não raro, a Orquestra Tabajara, Ray Conniff ou a Filarmônica de Berlim.