M A RC OS C OSTA F IL HO (ORG.)
SOBRE O ENCURTAMENTO DO TEMPO Já ouvi diversos comentários acerca do encurtamento do tempo. São sempre as mesmas frases, carregadas de um pouco de stress: “Não dá tempo para nada !” “Estou sempre na correria” “ Nossa, a manhã passou voando !”. “Já estamos em abril, daqui a pouco já será Natal de novo !”. Será que esta impressão da rapidez da passagem das horas, dos dias, do tempo, é algo real, tangível? Ou será que é porque temos sempre muitas coisas a fazer, muitas coisas para ler, muitas coisas para ver, muitos lugares para ir? Verdade é que atualmente vivemos soterrados sob um excesso de informações, seja das redes sociais, dos programas de rádio, televisão, jornais, revistas, filmes...Tem sempre uma festa, um show, um shopping, um evento público ao qual não podemos faltar, uma viagem imperdível, seja no inverno ou no verão. Muitas vezes, frente a esta enorme oferta de fontes de diversões e entretenimentos, deixamos de lado as coisas mais simples, como visitar amigos, parentes, abraçar de verdade e pessoalmente, alguém pelo seu aniversário. Hoje se manda um like, um bj., um coraçãozinho vermelho, um parabéns com emoticons de palminhas, bolinhos, e ok! Considera-se a pessoa cumprimentada, acarinhada e amada. E por aí vamos rolando a vida. Ou será que a vida é que está nos rolando, nos atropelando muito rápido? Rápido demais? E aí voltamos ao tempo, nosso virtual inimigo. Invisível, impalpável, nos mantém como seus prisioneiros, rindo de nosso cansaço, do nosso sono, de nossas rugas, de nossos cabelos brancos. Nos faz respirar superficialmente, nos faz sempre estar divididos entre o aqui, o agora e o daqui a pouco. Pré ocupados. Ocupados antes. Nos fica a impressão que estamos presentes, mas também já estamos um pouco lá na frente, no futuro. Ou será que estamos trabalhando mais, estudando mais? Com certeza, uma das coisas que mais nos faz ter a noção de que o mês passa rápido demais são a inexoráveis contas a pagar. Tem a conta da luz, da água, do colégio, da faculdade, da prestação da casa ou do aluguel, do carro ou da moto, do cartão de crédito...E aí sim, nos confunde mesmo este “Senhor Tempo”. Como ele passa rápido quando temos tantas contas a pagar!
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