M A RC OS C OSTA F IL HO (ORG.)
DESABAFO Na sexta-feira já estava triste com a situação que certas pessoas passam. Sentindo-me apática por não poder ajudar. Decepcionada e desiludida com o universo! O final de semana chegou e permanecia pensativa, meditabunda e com raiva de mim e do mundo: – Que ódio! Porque enquanto uns são milionários outros são tão paupérrimos? Porque enquanto uns se esbaldam em jantares exóticos com comidas que nem sei pronunciar o nome correto, outros têm de ficar em filas de bandejão aguardando comida doada por irmãos solidários? Porque enquanto uns se embriagam em festas com excesso de uísque importado, outros nem água têm para beber? Porque enquanto uns se vestem com roupas de grifes famosas e caríssimas, outros se utilizam de farrapos? Porque essas diferenças tão grandes e tão cruéis? Quanto mais pensava, mais me martirizava, me atormentava e me padecia. E consequentemente, mais ficava indignada e triste ficava: – Isso não está certo! Desde pequena aprendi que os extremos e o excesso não fazem bem. Tem que ser meio termo. Assim vivi; assim me criei e concordo com esse tipo de pensamento e de vivência! Nem oito e nem oitenta! Na média. No equilíbrio das coisas! Nem tão quente e nem tão frio: morno. Nem tão baixo e nem tão alto: médio. E assim por diante. Aprendi que devemos manter em equilíbrio: o físico (corpo), o emocional e a mente (alma). Ah se esse equilíbrio e igualdade acontecesse na sociedade! É essa diferença social que me incomoda, me perturba e me faz sofrer! Fico com essa dor por dois motivos: primeiro por saber da existência desse desequilíbrio desumano e o segundo motivo (o mais forte deles) é por não poder ajudar; sinto-me impotente e fraca perante essas desigualdades! Estou decepcionada e desapontada com a humanidade. A tristeza e a angústia foram minimizadas ouvindo as sábias palavras do mestre padre Afonso de Castro: perseverança e gratidão. CLARO! É ISSO MESMO! Não devo deixar me abater se estou desapontada com o pouco retorno obtido! Devo ser grata por ter condições de puxar à frente 128