M A RC OS C OSTA F IL HO (ORG.)
DEU BRANCO Hoje amanheci em branco; mente vazia. E agora? O escritor Pedro Mattar sugeriu-me: escreva sobre atualidade, crônicas com cerca de quatro mil caracteres. Tá. E daí? Como farei já que sumiu tudo da minha cachola? Não posso entrar em desespero. Política? Corrupção? Saúde? Futebol? Segurança Pública? Meu Deus! Não sei! Não consigo pensar! Isso me faz lembrar um texto que escrevi aos dezessete anos de idade, intitulado Futuro Poeta, que transcrevo a seguir: “Não sei sobre o QUE escrevo. Talvez fale das matas e dos rios. Também não sei se devo Falar do verde e do ar puro. Será que todo mundo viu? Não sei PORQUE escrevo. Talvez para desabafar, Talvez um pouco de medo Que tudo irá acabar. Não sei ONDE escrevo. Será em casa, na rua, No quintal, no arvoredo? Minha cabeça não é a mesma. Será melhor a tua? Não sei QUANDO escrevo. Ao clarear ou entardecer? Será tarde ou será cedo? Será antes do padecer? Não sei COMO escrevo. Será em verso ou em prosa? Não quero parecer um peso, Nem quero ficar famosa. Não sei o QUANTO escrevo. Verso muito ou verso pouco? Demais não sei se devo; 130