M A RC OS C OSTA F IL HO (ORG.)
LENDA ALENTEJANA Conta o povo, diz a lenda, que uma moura encantada, quando se foi, libertada do feitiço que a prendia, quis deixar, como prenda, uma discreta oferenda às gentes com quem vivia. – Semearás o teu pão nesses campos sem tamanho, guardarás o teu rebanho pelo vale ou pela serra, e em preito de gratidão, amarás cada torrão, como um poeta da terra. – Saberás que teu labor teve só por recompensa a paz honrada e a crença que essas rugas de desgosto, por muito sentida a dor, foram lágrimas de amor que te sulcaram o rosto. – Quando velho, saberás, mirando o azul do céu, sob as abas do chapéu que te cobre todo o ano, que, na lápide, terás o epitáfio: – Aqui jaz um HOMEM alentejano.
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