ANTÓNIO JOSÉ BARRADAS BARROSO
NASCIMENTO Surge o poema se a folha se agita na árvore, defronte da nossa janela. Surge o poema se a criança que grita, com fome e descalça, na rua gelada, olha p´ra tudo, com olhos de nada, e sente que o nada, o nada é só dela. Surge o poema se a luz do luar ilumina o par, no banco da praça. Surge o poema se o sol, a brilhar, doura a seara, ondulando ao vento. Surge o poema quando o pensamento se queda na ave que voa e que passa. Surge o poema quando, na alma, há paz e sossego, existe esperança. Surge o poema se o mar, com calma, se vai desfazer na areia da praia, ou quando a moça, de rodada saia, baila sozinha uma estranha dança.
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