MARIA ISLAIR DUARTE LAGES
ROTINA Meu lar, minúsculo espaço, Onde o silêncio me escuta. Na mesa quase vazia, Mastigo sonhos e cansaços, Frutos com sabor de luta Que colhi no fim do dia. No aconchego do leito, Mergulho em sono profundo Como quem fugiu da vida. Nunca encontrei quem quisesse Ou soubesse me responder, Nem sei onde buscar a resposta que mereço. Gostaria de saber Sempre que eu adormeço, Em que lugar deste mundo, Minha alma fica escondida? Quando o relógio desperta, A noite se vai embora, Pela janela entreaberta, Eu vejo surgir a aurora, Mostrando-me a clara face, A natureza inteirinha entoa um canto de esperança Pra embalar o sol criança Que no horizonte renasce.
77