Diálogo
50 EOI Ferrol Número 18 ANO 2020
Carlos Cuadrado
Vidas íntimas e o Teatro Nacional São João
N
o fim de semana de vinte e três e vinte e quatro de novembro fomos de viagem ao Porto numa excursão organizada pelo Departamento de português da EOI de Ferrol. Após outras atividades, e já com ânimo de relaxarmo-nos, fomos passeando até à Praça da Batalha, em que está localizado o teatro Nacional São João, para assistirmos a uma peça de teatro, Vidas íntimas.
O teatro
O
teatro é um edifício esplêndido de estilo neoclássico, julgo eu, cuja sala principal – há outras menores – está decorada com motivos principalmente vegetais em relevo, dourados, sobre pintura grená. Há quatro andares de camarotes. Tem um teto muito alto em que se podem ver umas pinturas murais a fresco que não se enxergavam muito bem, mas pareciam representar pessoas com as mãos levantadas, é possível que a chorar ou pedirem auxílio. As da parte central já não as consegui ver com nenhuma clareza.
B2
A peça de teatro
A
obra, Vidas íntimas, pareceu-me muito divertida, no que diz respeito às muitas piadas que os atores diziam, mas no fundo era bastante azeda.
Apresenta duas personagens, homem e mulher, que uns anos atrás – acho que cinco − foram casal, mas já estão divorciados. Estão em luade-mel, hospedados em quartos vizinhos num hotel com os seus novos parceiros, com quem acabaram de se casar. Reparam um no outro, mais uma vez surge a paixão entre eles e fogem juntos para Paris, deixando atrás os seus atuais e recentes esposos. Os seus novos casais seguem-nos e tentam que voltem com eles, porém não conseguem convencê-los e mais uma vez vão-se juntos. Os novos parceiros são pessoas muito convencionais, cinzentas, sem brilho, mas que podem oferecer uma relação sólida e sem sobressaltos, embora provavelmente aborrecida. A ligação afetiva entre os antigos cônjuges, novamente apaixonados, é um relacionamento em que se sucedem os momentos brilhantes, e que lhes produz emoções de contínuo. Contudo, também é como uma montanha-russa, agora felizes, e a detestarem-se daqui a um bocado. E esta é a parte azeda, que conceituo de relação tóxica, em que mesmo há violência de género, embora seja este um conceito da nossa época, inexistente quando a peça foi escrita. No entanto, segundo julgo, violência é violência em qualquer época.
Viagem da EOI Ferrol ao Porto e Vila do Conde. Nesta cidade, no domingo 24 de novembro (2019), visitámos a Alfândega Régia e a Nau Quinhentista, fundeada no cais do Rio Ave
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