QUEBRANDO O PRECONCEITO Osmar Gomes dos Santos O mês de outubro é período de vestir-se de rosa. Fita no punho, broche no peito, camisa a rigor. Além da vestimenta e adereços, o importante mesmo é deixar-se incorporar o rosa de forma plena e despir-se de preconceitos e tabus. A despeito de qualquer retórica, estamos aqui a falar de vida, mas também de morte. É preciso maturidade e consciência para um debate maduro e para a adoção de práticas e comportamento preventivo. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, cerca de 66 mil mulheres em 2020 tiveram pelo menos uma das mamas acometidas pela doença. No ano de 2019, a título de comparação, foram aproximadamente 19 mil mortes pelo tipo de câncer. Para minimizar os impactos negativos na vida de milhões de pessoas e reduzir os riscos de morte por esse mal, o Brasil aderiu, desde 2002, à campanha Outubro Rosa. Várias organizações e, notadamente, a área médica, dedica tempo e força de trabalho para ações informativas e realização de exames de diagnósticos. Uma campanha que, somente no Brasil, desde sua implantação, certamente já salvou milhões de pessoas. Com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, já disponível nas redes pública e privada de saúde, pessoas estão tendo a oportunidade de continuar sonhando, seguir vivendo. Chamo atenção para o emprego, em alguns momentos, da palavra “pessoas”, de gênero indefinido. Isso porque, diferentemente do que muitos pensam, o câncer de mama também atinge homens. Naturalmente em proporção menor, mas estão tão vulneráveis quanto às mulheres. A doença que surge silenciosamente, não escolhe paciente, gênero, cor, etnia. No máximo diferencia pela idade, mas também não se pode cravar que pessoas mais jovens não terão a doença. Isso vai depender de uma série de questões, que somente o mapeamento é capaz de identificar. Há casos em que surge repentinamente, sem fazer qualquer alarde. Quando se descobre, já não há tanto o que fazer. Por outro lado, a descoberta em tempo, que só é possível com a rotina anual de exames, aumenta significativamente as chances de cura e do prolongamento da vida. Existem situações em que o mal impõe ao doente uma verdadeira batalha. A doença avança sem se preocupar com a dor e o sofrimento. Sofre quem tem o câncer, sofre a família, sofrem os amigos. A medicina avança em diversas frentes. Tratamentos e novas drogas são descobertos ano após ano para combater com mais eficiência os vários tipos de câncer. Pesquisas relacionadas à cura começam a mostrar resultados animadores e promissores, mas que ainda não passam de experimentos. Não se pode olvidar que a coragem, a determinação e a fé são companheiras daqueles que carregam consigo algum tumor maligno. São elementos que trazem perseverança e força para vencer etapas difíceis. A fé é a fortaleza da alma, que transborda boas vibrações para que a estrutura física esteja de pé. Conselho aos mais próximos, ou mesmo aqueles mais distantes, é jamais mirar com olhos de pena para aqueles que estão doentes, seja em que fase for. Eles precisam de olhar encorajador, de esperança e otimismo. Em tempo, ainda que outubro se vá, a vida continua e a rotina de cuidados deve iniciar, ou continuar, para aqueles que já começaram. O novembro azul bate às portas, visando à prevenção de outro tipo de câncer agressivo: o de próstata. Perante preconceitos e tabus, a vida deve falar mais alto, a vontade de viver deve prevalecer ao leve e necessário exame do toque. O contato é rápido, indolor e de extrema eficiência.