– O Novo Presidente e Ministros Em cumprimento à regra institucional, assumiu a Presidência da República o Vice-Presidente João Café Filho, para completar o mandato de Getúlio, até a posse de novo Presidente, a ser eleito em fins de 1955. Por razões compreensíveis, devido à delicada situação emocional do país, em particular na área sindical, atenção especial foi dispensada ao aspecto da segurança pública. Após algumas tentativas de perturbação da ordem pública serem absorvidas e neutralizadas pela prudência de Café Filho, reequilibraram-se as instituições democráticas do país. Para tanto não faltaram ao novo Presidente o civismo e o espírito legalista das Forças Armadas, em apoio aos atos sucessórios e ao controle de um início de subversão da ordem por ativistas profissionais do clandestino Partido Comunista, infiltrados na massa trabalhadora compreensivelmente emocionada. O fator ordem pública passou a exigir um ativo acompanhamento por parte das Forças Armadas, cabendo ao Exército maior parcela de responsabilidade. Por isso o novo Presidente, ao organizar seu Ministério, manteve o Ministro da Guerra de Vargas, General Zenóbio da Costa, por algumas semanas, substituindo-o, em seguida, pelo General Henrique Lott, indicado que fora pelo Chefe do Gabinete Militar, General Juarez Távora, que o considerava um Chefe disciplinado e disciplinador, com invejável fé de ofício profissional. Na Marinha assumiu o Almirante Amorim do Vale, com o aplauso de sua classe. Na Aeronáutica, por razões histórico-políticas, impôs-se o nome do Ten.-Brig. Eduardo Gomes (agosto 1954 – novembro 1955). Em seu livro de memórias Do Sindicato ao Catete, Café Filho declara: “Uma vez no Palácio das Laranjeiras, em 24 de agosto de 1954, iniciei contatos para a formação do Governo. Já havia encaminhado, por intermédio de Prado Kelly, um apelo ao Brigadeiro Eduardo Gomes para que aceitasse a Pasta da Aeronáutica. Na composição do Governo, minha preocupação inicial voltara-se para a Aeronáutica. Eu já havia, entretanto, antes da conversa com Prado Kelly, tomado a deliberação de convidar Eduardo Gomes. Tudo aconselhava a sua escolha: a posição de líder na Aeronáutica, as qualidades morais, o prestígio militar e civil. Era, dentro das condições do momento, o Ministro natural e indispensável. Dirigi-lhe, por isso, um apelo veemente, por intermédio de Prado Kelly, para que aceitasse a Pasta. Era um convite que eu colocava em termos de patriotismo e endereçava não ao político, porém ao soldado eminente, que não poderia ficar insensível à gravidade da situação nacional. Prado Kelly saiu, e fiquei confiante em que Eduardo Gomes não deixaria de atender ao meu chamado, muito menos meu que dos interesses do país e dos anseios de paz dos brasileiros. Ao tomar conhecimento de sua aquiescência ao meu convite, declarei-lhe que adotaria o sistema de prestigiar os 46
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