LiteraLivre Vl. 5 - nº 29 – Set./Out. de 2021
Maria Carolina Fernandes Oliveira Pouso Alegre/MG
Nossas estrias As estradas que percorri
Meu corpo se risca
desenhadas em meu corpo.
minha pele se arrisca
nos quadris,
pintando e destacando
sutis,
rios
hostis à pele crua.
e afluentes.
Traços afiados
Não é tinta, não é sangue
bordados em meus peitos.
são minhas próprias cicatrizes.
filigranas que enfeitam
carrego em mim minhas estradas
tatuam
cada risco bem traçado
memórias.
compõe meu ser sagrado.
Nas coxas, nas costas
É experiência em forma de rio
caminhos secretos.
é arte em forma de estrada
riscos concretos
dedicado acabamento.
pele
estriados
que se adorna.
segmentos.
Minhas curvas tomadas
É corpo, é dor, é luta.
por linhas profundas
é resistência tatuada no ser.
um mapa estriado.
É, enfim, perfeita construção de mim:
um corpo selado
o incansável ser
pelo tempo.
mulher.
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