LiteraLivre Vl. 5 - nº 29 – Set./Out. de 2021
Sonia Re. Rocha Rodrigues Santos/SP
O amigo Ela estava retida em sua casa. O
O filho falava com ela todos os
filho dizia que era melhor que todos se
dias,
afastassem dela, por causa das crianças.
muitas horas ligado no Skype, afinal
Elas não pegam a doença mas carregam
ele também tinha o que fazer.
os vírus e ninguém queria que a velha senhora adoecesse. “Não
se
mas
possível
ficar
distrair-se
com
alguns
entanto,
joguinhos interessantes, e de ouvir as
mãe,” explicou ele, “vou providenciar
notícias, que aliás eram as mesmas
para
no
que
compras
a em
senhora casa,
no
era
Depois de assistir muitos filmes bons,
preocupe,
não
receba toda
suas
semana.
Lembre-se de me contar o que deseja comer.”
mundo
inteiro
-
em
resumo,
pessoas estão morrendo e a coisa vai de mal a pior - a velhinha cansou-se. Parou de jogar. Parou de ouvir as
Assim,
toda sexta feira, alguém
tocava a campainha da porta. Quando
notícias. Parou de assistir filmes. Sentou-se na cadeira de balanço,
ela abria, já não havia ninguém. O
apreciando
entregador às vezes acenava para ela de
cuidado, pois o jardineiro não vinha
longe,
mais.
de
dentro
de
sua
van.
Ela
acenava de volta, e depois passava a limpar e desinfetar tudo. seus
multidão
de
Tão
mal
passarinhos
limpando
até picapaus apareciam. Ela pediu ao
e
filho que lhe comprasse comida para
arrumando os armários, até que se
os pássaros. Depois disso, eles se
cansou
minutos
aproximavam fazendo uma algazarra
alguém leva para limpar uma casa que
para se alimentar. Ela ficava sentada
já está limpa?
na cadeira de balanço observando.
daquilo.
dias
jardim.
felizes fazia a festa nos arbustos e
Sorte que ela era organizada e preenchia
Uma
o
Quantos
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