LiteraLivre Vl. 5 - nº 29 – Set./Out. de 2021
Teresa Azevedo Campinas/SP
Um sonho de amor Inspirado na poesia Respingos Respingam os pingos de chuva a molhar sua face. Respingam os respingos de sonhos a me dar vida. Respingam seus lamentos em mim e choro. Respingam suas gotas de seu sangue no chão. Respingam a dor da ausência e do não saber. Respinga o fluxo do seu refluxo e o levam pra longe. Respingam as boas lembranças de nós dois. Respingam os pingos de sonhos a lhe dar vida. Respingos de toda uma vida e de nós dois, para você – a amiga, para mim o amor. Respingos de sonho: Esperança!
Era o mais frio dos invernos da vida de Priscila, uma jovem de 23 anos muito vivaz e feliz, sempre antenada a todas as novidades, sempre com uma resposta para tudo e um ombro para quem nele precisasse chorar. Mas após o choro, ela, sem dúvida, levaria a pessoa a sorrir porque irradiava alegria e amor, existindo nela algo de tão lindo e especial que sua deficiência visual não a tornou amarga, pelo contrário, a tornou forte, determinada, capaz e resoluta. Não havia ninguém que não tivesse prazer em estar ao seu lado. Entretanto, naquele inverno, o mais frio das últimas décadas, ela se entristecera sobremaneira por conta do que aconteceu com Saulo, seu grande amor...
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Tudo foi tão repentino, pois eles haviam estado juntos na última semana de julho. Ele a deixou em casa por volta das 20h após saírem da Faculdade. Saulo costumava levar a amiga para casa todos os dias, pois se preocupava em não deixar que ela tomasse ônibus à noite, visto que a Faculdade ficava em um campus afastado da cidade e ela precisava tomar duas conduções para chegar em casa. Eles se conheciam desde criança, seus pais eram amigos e os dois sempre se deram muito bem. Havia uma ligação entre eles, apesar de que para Saulo era uma ligação de amizade apenas, um amor fraternal, mas para Priscila era diferente. Ela o amava e mal conseguia esconder de ninguém, ainda que nunca tivessem