LiteraLivre Vl. 5 - nº 29 – Set./Out. de 2021
Tereza Du'Zai Itajaí/SC
Inferno dos Não Nascidos Se fosse possível, no começo da vida, a gente mudaria tudo. Quem sabe, se nos permitissem adentrar pelos vãos do terceiro céu, Saberíamos o quanto éramos absurdamente velhos e cheios de culpa ao nascer. Sentiríamos o olhar e o gracejo do tempo sobre nossos passados. Sempre um segundo, um minuto, uma hora, um dia... a menos, Uma subtração odiosa, viciosa... Sou incapaz de relaxar diante de minha imagem refletida em estilhaços mortais. Se conseguirmos nos posicionar no final da fila, ele chutará nossas cabeças. O mais importante é lembrar de contar as estrelas que se apagaram, sem olharmos para cima. [...] Criança sem tempo, existirá em seu futuro uma multidão de anjos dementes; Entre mortos, vivos e não nascidos, você verá um depósito de abnegados otimistas. Fujam! Fujam! Fujam! Fujam!... Eu vi um cego acertar o coração do mundo com uma bala perdida. Enquanto um pseudoDeus, muito acima de todas as constelações, caminhava sua inocência como um cão desorientado; Seria Ele um assassino psicótico, ou um salvador parcial? Quisera eu roer seus ossos, sem jamais lamber suas feridas. Ora! Por que esses sustos? Esses traumas? Essas ameaças?
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