LiteraLivre Vl. 5 - nº 29 – Set./Out. de 2021
Willian Fontana Rio de Janeiro/RJ
Memórias Póstumas de Um Mundo Morto Minha vida parecia um sonho, havia me casado com a bela filha de um visconde e minha plantação de café estava produzindo como nunca. Certamente havia sido um dos primeiros abolicionistas ao passar pagar meus exescravos que por terem se afeiçoado a minha pessoa ante os bons tratos não quiseram me abandonar com a lei áurea. Tivemos algumas dificuldades econômicas iniciais na transição do sistema escravocrata para o comércio de trabalhistas negros. Porém, minha solução fora assim torna-los sócios de meu engenho, algo ousado que levantou a fúria de alguns racistas da região. Todavia o modelo teve sucesso ainda que inicialmente todos tenhamos ficamos com os lucros escassos e dividendos, mas que ao invés de empregados a agora cooperativa tornava todos nós aos lucros mutuamente, ainda que a fazenda continuasse a ser minha. Tudo era próspero e tínhamos uma vida feliz e plenamente realizada, os negros se casavam e davam filhos que eram enviados a uma escola jesuíta da região afim de que estes alçassem voos mais distantes que seus pais, ainda que agora eles mesmos começassem a fazer aquisições de propriedades, de terrenos
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e outros bens. Todavia havia os filhos de um feudo do qual anos atrás o tomateiro de seus pais havia pego fogo após inúmeras denúncias de maus-tratos como torturas, estupros e até mortes de negros. Os petulantes sujeitos caucasianos haviam aberto um comércio ao arrendarem as terras para plantio de cana ainda que continuassem a morar numa casa grande lá estabelecida. O problema é que eles tinha amigos poderosos do qual sendo escravocratas pareciam nutrir ódio ao saberem de nosso sucesso em relação ao fracasso deles após o incêndio. E a inveja asseverou o ódio e ganância desses obtusos ao hostilizarem frequentemente meus sócios e filhos quando iam a cidade. Eles eram apedrejados e impedidos de entrar nos comércios e por vezes mesmo de caminhar nas calçadas. Fora assim que certo dia fui ao centro com meu sócio Joaquim Silva quando soubemos de um negro sendo hospitalizado pelos Martins, como eram conhecidos. O sujeito era escritor e tentava vender seus livros na cidade, se chamava Machado de Assis. Quando