LiteraLivre Vl. 5 - nº 29 – Set./Out. de 2021
Clélia Jane Dutra Contagem/MG
O melhor mingau Esta
história
tia
uma oportunidade, retornava e queria
Noemi, irmã do meu pai e meu irmão
aproveitar tudo. Pegava o ônibus na
Clério.
estarem
rodoviária de BH, descia na rodoviária
envolvidos na narrativa, a estrela da
de Pará de Minas e fazia o percurso
história é o mingau de milho verde.
de
Apesar
envolve dos
dois
minha
doze
quilômetros,
a
pé,
Tia Noemi é ativa desde novinha,
atravessando a serra verde escura,
esperta, como todos dizem. De bem
que separava a cidade da fazenda,
com a vida, ainda hoje, com seus 78
em Floresta. Levava sacolas vazias e
anos, participa do grupo de orações da
voltava com uma carga difícil de ser
igreja, faz hidroginástica e yoga, todos
carregada.
os dias, costura e aluga vestidos de
Na ocasião do acontecido, Clério
festas e cuida da sua irmã caçula, a
estava com 13 anos. Estudava na
Preta, adoentada há alguns anos. Vive
escola
cercada de netos, amigos e é adorada
Escola de Educação Física, pois o
pelos sobrinhos. Para ela não tem tempo
prédio
ruim e tudo que ela acha que dá para
UFMG. Magro, de olhos azuis, tinha
aproveitar, espreme até o caroço.
um pequeno topete no cabelo e um
estadual, pertencera
conhecida à
como
faculdade
da
Na época em que a história se
grande topete no modo de agir. Não
passou, a tia era ainda mais agitada,
levava desaforos para casa, por isto,
pois
anos.
volta e meia, brigava após a aula. Mal
Adorava viajar para Floresta, município
ouvia a sirene final, jogava a pasta no
de Pará de Minas. Quando se casou, ela
chão
deixou Floresta, onde havia nascido e foi
esparramados, socos e chutes eram
morar em BH. Saiu da fazenda, mas a
distribuídos em todas as direções.
ela
deveria
ter
uns
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fazenda não saiu dela. Assim que surgia
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e
sobre
os
cadernos