Sou a "miúda das causas", sempre o fui.
“Tinhas três anos e já folheavas
as
páginas
do
jornal” - dizia-me o meu tio. E que saudades tenho dele... O meu nome já sabem, a idade também. O resto gostava
de
calmamente café ou
vos
contar
durante
um almoço.
um Na
impossibilidade de tal, estas palavras terão de servir. Provavelmente, alguns de vocês sabem que venho de uma pequena terra, Crestuma. Uma vila encantadora perdida no sul de Gaia, por onde passa o Douro, esse belo rio. Foi precisamente aí que passei toda a minha infância. Foi aí que comecei a estudar, que fiz os meus primeiros amigos, foi aí que tive os meus primeiros contactos com a sociedade. Tarefa essa muito facilitada pelo convívio que sempre fui tendo com os clientes do café da minha mãe. Era eu bebé e a senhora Fátima e o senhor Henrique já me pegavam ao colo e brincavam comigo, quando vinham tomar o seu café diário. Posso dizer que fui uma criança feliz, seria ingrata se não o dissesse. Cresci numa família que me deu tudo, às vezes várias dores de cabeça, mas gosto deles e eles de mim. Tinha cinco anos e já cantava e dançava ao som de Pink Floyd, sempre que o meu pai punha o concerto deles na televisão. É a cultura, a arte e o saber que despertam em mim uma paixão que não consigo explicar. Não há qualquer dúvida, portanto, que o momento em que mais me senti eu mesma, foi no concerto que PORTUGUÊS – 2020/2021
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