Eu sou todas as criações já produzidas por mim
Eu, Filipe Lopes, através do meu olhar vejo quem sou, quem fui, mas não quem serei. Desta incerteza estou eu certo. Penso que sei o porquê. O papel começa a ser escrito a caneta, mas não posso saltar as páginas da frente. Vejo-me pequeno, nem cinco anos tinha. Saudades desse tempo aonde a imaginação via em tudo possibilidade. Saudades desse tempo onde tinha eu tempo. Tempo em que vinte e quatro horas eram mais que apenas vinte e quatro horas. Tempo em que criava os meus próprios brinquedos, normalmente feitos de papel. Não sei se o posso considerar, mas papel era o meu brinquedo favorito. Lembro que quando queria muito um brinquedo, mas não o recebia, simulava e replicava as mesmas funcionalidades num brinquedo imaginário. Criava coleções, revistas, caixas, jornais, eventos, museus e até mesmo jogos de cartas. Penso na vida da mesma forma. A vida é um papel. Eu crio o que quero nela. Eu sou todas as criações já produzidas por mim. Eu sou as minhas ideias, as minhas memórias e pensamentos. Mas é difícil criar aquilo que ainda não foi pensado. Quero continuar a criar até chegar ao meu limite, até ao dia em que não tenha mais ideias e a minha inspiração desapareça. Desta maneira, acho o futuro incerto, por não saber aquilo que virei a ser. Eu sei quem fui, quem sou..., mas amanhã continuarei igual? As várias páginas do papel são numeradas. PORTUGUÊS – 2020/2021
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