Natal no Sul da França
Dina, eu, Bernard e Marcius fomos passar o Natal em Bagnolssur-Cèze, no sul da França, com o Iuli e a Pitou, sua mulher. Bernard nos levou na sua Deux Chevaux, um carro popular e muito econômico, que começou a ser fabricado depois da Segunda Guerra. O do Bernard tinha cerca de 40 anos, uma peça de museu. Não tinha calefação. As portas e janelas não fechavam direito. O frio era uma constante. A cada 100 km, tínhamos que procurar uma oficina para reparar algum problema do carro. Mas ele conseguiu fazer bravamente 700 km, apesar dos percalços. Aquela foi sua última viagem, para nossa tristeza. Apesar de tudo, tínhamos nos afeiçoado àquela charanga pequena e barulhenta com seu ar retrô. Passamos a noite de Natal na casa da Huguette, mãe da Pitou e do Antoine, seu marido. Eles eram pessoas muito religiosas e, antes da ceia, fizeram várias orações e cantos. Nós, como convidados, tínhamos que respeitar a cerimônia. Mas a Dina não aguentou, teve um ataque de riso e não conseguia parar. Foram momentos de muito constrangimento. A família tentando disfarçar o mal-estar e nós tentando fazer a Dina parar de rir. A sua risada nos contagiou e foi difícil manter um ar sério. Finalmente, Marcius conseguiu levar a Dina para a rua, depois de longos instantes de desconforto. As rezas continuaram. Ela voltou e pediu desculpas. A ceia foi servida, tentamos recomeçar a conversa normalmente, mas o ambiente ficou estranho. Um pouco mais tarde, naquela mesma noite, descobrimos, na estrada, uma cabine telefônica que permitia fazer 100