Nasce uma escritora Liberato Vieira da Cunha
Pra começo de conversa, devo desdizer o título aí em cima. É que, embora este seja seu primeiro livro (fora teses, dissertações e conferências acadêmicas no Brasil e no exterior), Miriam Vieira da Cunha, minha irmã, respirou literatura desde que nasceu. Na casa da Rua Sete, em Cachoeira, nos apartamentos da Rua João Manoel, em Porto Alegre, jamais faltavam pessoas lendo, pessoas comentando o que tinham lido, volumes abertos sobre os móveis mais inesperados e até ocultos no fundo das prateleiras mais altas das estantes. Esses eram os livros proibidos, os muito avançados, para nossas idades infantis (eu os descobri logo, não sei se a Miriam também). Aqui está ela, em sua estreia definitiva no mundo das letrinhas. Aqui estão seus momentos, suas músicas, suas cores, suas muitas viagens, seus passos na calçada, seus distensos verões, como ela própria os descreve. Aqui estão seus amigos e seus amores, nos dois casos, me atrevo a dizer, incontáveis. Miriam é bem assim: não só uma mulher que sabe escrever excepcionalmente bem, mas que parece ter um ímã no coração: ela atrai e enfeitiça pessoas. Jamais deem bola para seu jeito, na aparência reservado. Ela é, ao contrário, uma sedutora, que gosta de conquistar pessoas, por vezes com olhares ou silêncios, mas muito mais vezes por sua sensibilidade. Minha irmã é também uma andeja. Não se assustem com esse adjetivo. Está em todos os dicionários. Traduz-se por pessoa que anda por muitas terras (no seu caso, também por muitos mares). Fico sempre impressionado com a quantidade 12