Mbabane, Suazilândia, anos 80
Chegamos a Mbabane, capital da Suazilândia, no final de uma tarde, vindos de Maputo, eu, Mariana, Marina, Cláudio e Alice. Fomos passear e fazer compras. Nessa época, em Moçam‑ bique, faltava tudo, desde as utilidades básicas do dia a dia, a roupas e frutas. Nós, estrangeiros que trabalhávamos lá, tínhamos acesso a uma loja especial, que vendia produtos a que os moçambicanos não tinham acesso. Mas os produtos eram caros e essa loja, muitas vezes, estava desfalcada. Sempre que possível, íamos a um dos países vizinhos comprar frutas, roupas, vinhos, entre outras coisas. A Suazilândia, desde 2018, é conhecida como o Reino de Swatini. É o menor país da África. Fica entre Moçambique e a África do Sul. Mbabane, a capital, é uma cidade pequena nas montanhas. Seu rei tinha, na época em que lá estivemos, 120 esposas. Todos os homens swazi podiam se casar com mais de uma mulher desde que tivessem dinheiro para o dote. Para as mulheres, era uma honra casar-se com o rei. As esposas eram escolhidas durante um festival. A rainha tinha que aprovar a nova consorte. Doce sol de inverno na montanha. As fantásticas cores ao entardecer. Um não acabar de horizontes verdes de mil tons. Cafés da manhã enormes. Grilos, mosquitos, hipopótamos, gansos, zebras, gazelas, pássaros amarelos e vermelhos. Patos selvagens, javalis, no meio da paisagem calma e do verde. Pretos de pés descalços, um inglês difícil de entender. Livros que pego e abandono um a um. Paz, cheiro de mato, cigarros. Nove da noite, um café abandonado, sono, cansaço. 120