Deixando Paris, abril, 1984
O relógio não despertou. Acordei às seis e vinte, com os passarinhos de Gentilly, e chamei o Iuli correndo. Em dez minutos, escovar os dentes, tomar uns goles de leite e levar as malas até à rua. O táxi estava esperando. Achar um carrinho de bagagens na gare St. Lazare, um café com croissant, sono e a sensação de deixar coisas para trás. Os filmes, a cidade, vocês, o Sena, a Île St. Louis, as castanheiras em flor, a música, os charos, uma certa paz e a expectativa da viagem. Alguém estará à minha espera em Santos? Deixo Paris com sol. Iuli passeia pelas ruas na manhã na cidade vazia. Eu inicio uma nova aventura de quinze dias. Dura, alegre, estranha aventura da volta para casa. Atravessar o Atlântico à antiga. Paris passa ao meu lado. O trem atravessa o Sena. Tenho a cara assustada de quem acordou depressa demais. Um cartaz anuncia que estamos a 7 km de Paris.
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