Impressões da volta ao Brasil
Passaram-se apenas dois dias da chegada, mas parece que foi uma semana, tantas foram as emoções. Eu tenho que olhar para tudo devagar, embora o ritmo seja a dois mil por hora. Em São Paulo, calças justas, cores, nordestinos, gritos, poluição. Edu, ternura, criança, nervoso, igual. Talvez mais maduro, não sei. A chegada confusa no Rio. Aqui-agora, o medo. Assaltos, violência. Acho que ficarei pouco tempo por aqui. Um banho de família e uma passagem por Florianópolis me farão bem. Preciso de um mapa da cidade para saber onde estou. A cabeça dói. Emoções demais, viagens demais, mudanças demais, barulhos demais. Estou flanando num continente desconhecido, me irrito com o barulho, não entendo nada. Tenho vontade de fechar os olhos e acordar em Paris, território conhecido. Mas decidi vir. Naveguei por quinze dias num barco fantástico, tomando sol. Trouxe comigo 250 quilos, oito anos de vida: som, discos, livros, coisinhas, cartazes, bugigangas, fotos, slides e mil histórias. No meio do mar, senti que aqueles quinze dias eram uma virada para a próxima etapa. O fim de um capítulo. Procurar trabalho, onde? Como? Mil perguntas ao mesmo tempo. Olho o Rio e não me emociono muito. Acho bonito tudo isso, mas estou longe, chegando de outro planeta. Nessa chegada interplanetária, queria desembarcar um pouco contigo aqui. Fui à Ipanema ver uma exposição e 149