Fernando de Noronha, anos 80
Depois de esperar uma semana por uma vaga num dos voos da FAB para o arquipélago, chegamos, eu e Márcia, na Vila dos Remédios, a capital de Fernando de Noronha. Fomos muito bem recebidas pelo Carlos, amigo do Saulo, numa casa serena, de gente simples. Uma luz maravilhosa, silêncio, poucos carros, poucos turistas. Percorremos a ilha toda caminhando. Um dos lugares que mais me encantou foi a praia do Sancho. O acesso àquele lugar era feito através de uma passagem entre duas pedras, por meio de uma corda. A descida tinha que ser devagar, escorregando aos poucos. Quando chegamos, tive a impressão de que éramos as primeiras pessoas que caminhavam naquela praia numa enseada no meio das rochas. Silêncio e uma sensação de paz. Parecia ser o último paraíso na Terra, intocado. Muitas caminhadas, mergulhos no meio das cores da fauna marinha na praia de Atalaia. O morro Dois Irmãos onipresente na paisagem da ilha. As invasões de mosquitos à noite. A longa espera do avião da volta. Pingos de chuva. Vontade de ficar nesse paraíso verde azulado. Enquanto o mar se espraia num verde transparente e o silêncio é quebrado pelos poucos carros, vou me despedindo da ilha. Do verde, da calma dos dias, do silêncio das águas. Depois, Recife. Dija, teu riso bonito, tua força. Se encontrar nas esquinas, no sol de Olinda. Tiago, Recife e Olinda.
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