Lisboa, 1986
Reencontrei Manuel. Foi bonito. Um encontro com muito vinho e jazz. Ruas de Lisboa na madrugada chuvosa. Pingos de chuva na calçada. Tuas mãos. A cidade branca. O castelo. Os comícios na rua. Andamos um pouco de carro pelas redondezas na primavera que se anunciava. Mostravas para mim, com teu olhar de poeta, os cantinhos, os detalhes de luz e sombra, uma janela colorida, uma porta, a cor do céu, um passarinho. Paisagens, castelos, janelas. Fomos até Évora, onde conheci Teresa, atriz de teatro, e seu sorriso doce de menina. Caras ingênuas, gentis, simpáticas. Doces maravilhosos. Depois, teu olhar azul. Um charo num hotel em Lisboa. Vinho, azeitonas, fados. Cafés e sanduíches. Uma grande mesa na cozinha. Calor e frio, chuva e sol. Sobrevoo Lisboa sem saber de onde parto e para onde vou. Os contornos se confundem. A Torre de Belém e a ponte me asseguram. Converso no avião com uma espanhola que viveu em Moçambique. Vim de Paris ontem. Falávamos de Florença e de ti. Ouvíamos jazz e pessoas bonitas circulavam na madrugada. De novo, partidas e chegadas. A viagem para o Cabo Verde começa cheia de promessas.
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