Primeira visita ao Rio, 1964
Quando fiz 18 anos, fui conhecer o Rio de Janeiro com minha tia Edna. Ficamos na casa da Tia Ledy, na Tijuca, uma tia muito liberal e avançada para a época. Ela tinha uma filha da minha idade, a Elisa, que me ciceroneou pela cidade. Fiquei fascinada pelo Rio. Fizemos o roteiro clássico: Corcovado, Pão de Açúcar, Copacabana e Floresta da Tijuca. Copacabana era, na época, o must da cidade. Íamos à praia lá e voltávamos à noite para um show, uma peça de teatro ou para um dos bares da moda. Saíamos, quase sempre, eu, Elisa e Gustavo, um grande amigo dela. Aquela viagem foi, de certa forma, minha entrada no mundo adulto. Um dia, saí sozinha com o Gustavo. Fomos jantar, depois a um show da Elis, que estava no auge nessa época, e dançamos de “rosto colado” numa boate em Copacabana. Lembro que ele pagou todas as despesas, como faziam os cavalheiros à época. Claro que, em Porto Alegre, aquela saída nunca teria acontecido. Para os meus avós, uma moça precisava sempre de um “chá de pera” (uma companhia) para sair com o namorado. O show da Elis foi maravilhoso. Era a primeira vez que eu via a “baixinha” no palco. Nunca esqueci daquela presença, daquele carisma, da sua voz perfeita e daquele sorriso. Até hoje, foi a única vez que vi uma intérprete que ria cantando. Íamos muito ao Barril 1500, um bar e restaurante no Arpoador. Ipanema começava a ser conhecida. Fui, algumas vezes, ao centro da cidade caminhar pela Rio Branco e pelo centro histórico. Almoçamos no Lamas e comemos doces na Confeitaria Colombo. Não lembro se fomos a Santa Teresa. 40