A casa da Dominique em Paris
Localizado na rue de La Glacière, o apartamento da Dominique tornou-se, quando formamos a escola de samba, um ponto de encontro dos brasileiros. Era um apartamento grande, com um entra e sai sem fim. Ela é ótima cozinheira e fazia jantares maravilhosos. Juliette e Marguerite, suas filhas, que tinham, na época, 6 e 7 anos e eram muito dadas, foram “adotadas” por todo o mundo. Tiveram vários baby-sitters. O apartamento recebia hóspedes o tempo todo: recém-chegados, gente de passagem, ou alguém que tinha bebido muito e não conseguia voltar para casa depois de um jantar. Num final de mês, chegou uma conta de telefone enorme. Algumas pessoas sem escrúpulos que passaram por lá aproveitaram para fazer ligações para o Brasil, que, na época, eram caríssimas. Dominique teve que trancar o telefone com um cadeado. Num dos verões, ela viajou com as meninas para o sul da França por quinze dias. O apê ficou com o Carlos e o André, que estavam morando lá por um tempo. Elas chegaram de volta um dia à meia-noite. As meninas, tontas de sono. Quando a Dominique entrou, descobriu a casa lotada. Cinco pessoas dormiam na sala e todos os quartos estavam ocupados. Além disso, todas as roupas de cama e toalhas de banho estavam sujas. Finalmente, Dominique conseguiu desocupar uma cama e ela e as meninas dormiram juntas. No dia seguinte, chamou o André e perguntou para ele por que tinha deixado isso acontecer. Ele sabia que elas estavam por chegar naquele final de semana e as crianças precisavam do seu espaço. Ele respondeu, meio sem graça: Dominique, eu não sei dizer não, e as pessoas foram ficando sem dar nenhuma 91