LiteraLivre Vl. 6 - nº 31 –Jan./Fev. de 2022
Marco Antonio Rodrigues Niterói/RJ
Vício de viver Compulsão é como o tempo, depois de iniciada desconhece breque, recesso, semáforo escarlate... Respeita apenas o limite ortodoxo, o game over. Quando ameaçado, o vício joga sujo: angústia, aflige, amedronta... Provoca overdose de insegurança em seus tutelados. Ele não mede esforços para mostrar o tamanho de sua baixeza e o controle de suas rédeas. Há momentos em que desejo invadir o DP da empresa “vida”, atirar sobre a mesa minha carteira funcional e ordenar olhando fixamente nos olhos de quem estiver do outro lado. “Tô fora! Pode dar baixa!”. Mas o vício de viver não permite, ele me chama a ordem sussurrando baixinho em meu ouvido. “Seu maluco! Você tem medo até de injeção, porque cometeria o ato audaz de se atirar de arranha-céu, de pressionar gatilho contra os próprios miolos, de sorver cianureto...?”
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